Capítulo 30 - Ainda bem

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Acordei ouvindo gritos vindos da sala.

Coloquei minha calça rapidamente e corri para a sala. Minha mãe estava gritando com Ana e chamando-a de Beatriz. Ana por sua vez estava lívida e sem saber o que fazer.

Corri e levei Ana para longe da minha mãe. Coloquei minha mãe para dentro e fechei a porta, pois ela estava gritando muito e apesar de só ter meu apartamento no meu andar que era a cobertura, achei que os gritos dela poderiam ser ouvidos no andar de baixo.

Peguei nos ombros da minha mãe e a sacudi, dizendo:

- Mãe, para com isso. Essa é a Ana e não a Beatriz!

Mas nada a fazia mudar de ideia e ela continuou gritando:

- Você não pode ficar com ela, Eduardo. Ela não é ninguém. Eu te dei tudo e você vai ficar com essa mulherzinha desclassificada.

Ela estava descontrolada, chorando desesperadamente e Ana olhava assustada sem entender nada. Aliás, nem eu estava entendendo o que estava se passando e o porquê de minha mãe achar que Ana era Beatriz mãe de Gabriel.

Com um aceno de cabeça pedi para Ana ir para o quarto, pois eu precisava acalmar minha mãe que estava totalmente desequilibrada.

Abracei-a com força e tentei acalmá-la. Ela me abraçou com força e pareceu voltar a razão, mas eu fiquei preocupado, pois meu ave começou a assim e isso resultou em Alzheimer.

Assim que recobrou o sentido, ela se desvencilhou de meus braços, arrumou os cabelos e as roupas e disse num fio de voz:

- Eu sei que é a Ana, Eduardo. Apenas não consigo entender o que esta mulher está fazendo aqui depois de tudo o que fez pra você.

- Eu amo a Ana, mãe e ela não fez nada pra mim.

Ela pegou a bolsa e se dirigiu para a porta, abriu-a e se voltou pra mim dizendo:

- Rezo para que você não tenha o mesmo fim que seu pai.

Fechou a porta e saiu altiva e senhora de si como sempre, nem parecendo a mulher desequilibrada que vi a poucos minutos atrás.

Voltei para o quarto e Ana estava sentada na cama com cara de assustada. Então fui para junto dela e abracei-a com força com medo dela querer ir embora.

- O que foi aquilo, Edu? – Perguntou num fio de voz – quem é Beatriz?

- É uma longa história, Ana – falei tentando deixar pra lá.

- Eu tenho todo o tempo do mundo para ouvir, Edu – ela respondeu olhando nos meus olhos.

Achei melhor contar tudo logo, então contei desde o namoro do meu pai com minha mãe, do meu nascimento, da separação dos meus pais, de Beatriz, da tragédia que foi o suicídio do meu pai, dos problemas que isso resultou para minha mãe e agora do meu reencontro com Beatriz e Gabriel.

À medida que eu contava, podia ver os olhos de Ana se encherem de lágrimas, mas se manteve quieta ouvindo cada relato meu e me afagando quando sentia que aquilo era penoso para mim.

Ficou muito contente pelo fato de eu ter encontrado meu irmão Gabriel e disse que queria conhecê-lo. Isso me deixou muito feliz e esperançoso, pois podia significar que ela havia voltado para minha vida definitivamente e não apenas por uma noite.

Passamos a tarde conversando, contudo não falamos sobre nós e nem sobre nosso futuro. Achei melhor assim, pois eu tinha uma plano para conseguir amarrar essa mulher junto a mim para sempre e mesmo ela estando aqui comigo, ainda tinha muito para superar tudo o que passamos ou pelo menos o que eu a fiz passar. Eu precisava mostrar a ela que eu havia mudado.

Desejos e Mentiras (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora