Capítulo 4

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Nós temos que destruir esse bastardo! - Clarisse vociferou pela quarta vez.

A reunião improvisada na Casa Grande com os conselheiros dos chalés não era nada animadora. Já passavam de meia noite, apesar de ninguém no acampamento ter conseguido dormir, e a maioria dos representantes eram ainda crianças e poucos tinham experiência em batalha. Os únicos campistas a participarem das Grandes Profecias presentes eram, além de Percy e Annabeth, a própria Clarisse, conselheira do chalé de Ares, e Will Solace, conselheiro do chalé de Apolo.

- As mensagens de Íris não funcionam. - Quíron falou, ignorando a filha do deus da guerra. - Não podemos pedir reforços ou pelo menos avisar os campistas do perigo que vão enfrentar.

- Annabeth ainda tem o celular dela. - Percy falou.

- Seria inútil. Eles conseguiram cortar o contato por mensagens de Íris, é muito provável que cortaram o sinal telefônico também. Além do mais, não teríamos para quem ligar. - Quíron disse e era verdade. A maioria dos semideuses não usava celulares para não atraírem monstros, Annabeth era a exceção a regra e mesmo ela só o usava em situações de emergência.

- Então vamos lutar! - Clarisse exigiu.

Will revirou os olhos e não conteve mais sua indignação.

- Pelo amor dos deuses Clarisse! Você não pode estar realmente pensando em enviar crianças sem experiência para um massacre! Os números deles são muito superiores aos nossos e uma boa parte dos campistas daqui sequer lutou contra um monstro de verdade!

- Você é um maldito covarde, Will Solace. Sempre se escondendo atrás de um arco, atirando a distância e se mantendo longe do perigo de verdade. - Ela bradou. - Eu era muito mais nova que esses moleques quando comecei a lutar para sobreviver. Isso aqui é o mundo real! Não viemos aqui para brincar de joguinhos de guerra. Prefere ficar parado e ver os seus irmãos morrendo um a um na sua frente!?

- Basta! - Quíron ordenou e os ataques cessaram imediatamente. - Primeiro, Will já provou sua bravura em combate mais de uma vez Clarisse e você está ciente disso. Segundo, apesar de concordar com Will que um ataque é muito arriscado, talvez essa seja mesmo a nossa única opção.

- Não é nossa única opção. - Annabeth falou calmamente, atraindo a atenção de todos na mesa. A filha de Atena estava estranhamente calada, apenas analisando a situação.

- E qual seria nossa outra opção? - Quíron perguntou.

- Nós podemos cumprir as exigências dele. - Ela falou. A frase demorou alguns segundos para fazer sentido, mas, quando fez, teve o impacto de uma granada. Uma explosão de gritos indignados e orgulhos feridos disparou de todos os lados. Ela apenas esperou que todos se acalmassem para continuar. - Analisem os fatos. Nós não temos forças para enfrentá-los sem um número substancial de perdas, a maioria crianças novas, e assim que o sol nascer mais e mais campistas vão chegar e serão prontamente capturados por Zutor e seu exército. A escolha que nos traz menos perdas é fazer o que ele quer. Além disso, eu não acredito que Zutor tenha planos de nos matar por agora, isso dá tempo para que Percy e eu possamos escapar, isso dá tempo para reunir reforços e organizar uma missão de resgate.

O silêncio pairou na reunião.

- Você não tem nada a dizer sobre esse plano Percy? - Quíron perguntou. - É a sua vida na balança também.

Ele olhou para a namorada e uma conversa silenciosa se passou. Ele entendia.

- Eu estou com Annabeth. Desde que nós fiquemos juntos, eu me prontifico a fazer o que ela decidir.

Clarisse revirou os olhos.

- Sinto muito, mas eu não posso permitir isso. - Quíron decidiu.

- Com todo o respeito Quíron, a escolha não é sua. - Annabeth anunciou.

Percy Jackson e Annabeth Chase - A Vingança de TártaroOnde histórias criam vida. Descubra agora