Capítulo 29

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Apenas um pensamento passava na mente de Percy naquele momento:

Eu estou completamente louco.

Pensamento confirmado imediatamente por Nico, que caminhava ao seu lado.

- Você está completamente louco! - Ele esbravejou após ouvir todo o plano.

- E você tem uma ideia melhor? - Era o pensamento que o convencia a ir em frente com toda essa insanidade.

O silêncio era toda resposta que Percy precisava e eles continuaram andando.

- Você ao menos sabe o que vai fazer? - Nico perguntou.

Se fosse honesto consigo mesmo, Percy saberia que não tinha pensado tão longe assim. Mas o garoto estava numa missão suicida e preferia evitar considerar as milhares de formas possíveis de tudo dar errado. A negação era mais reconfortante. E assim, com passos firmes e decididos, Percy Jackson foi em direção a entrada do Tártaro.

Ele ainda se lembrava de como tinha sido a primeira vez que avistou aquela caverna, correndo desesperado atrás de um Grover preso aos tênis de Hermes que supostamente deveriam arrastá-lo para o seu fim.

Pelos deuses... Parecia ter sido em outra vida. Percy pensou.

Aquela tinha sido sua primeira missão. Ele não passava de uma criança e não tinha a menor ideia do quanto iria amar a garota que enchia tanto o seu saco durante todas as loucuras que estava vivendo.

O cheiro da caverna ainda era tão horrível quanto ele se lembrava ou até pior, trazendo a memória pensamentos sombrios, evocando sensações que ele sequer entendia como podia estar experimentando. A escuridão era densa, mas mesmo assim ele conseguia avistar o buraco enorme do tamanho de um quarteirão que se abria no fundo da caverna.

E, como da primeira vez, ele podia sentir a presença maligna que dali surgia.

- Percy... - Nico sussurrou, tentando evitar atrair atenção para os dois.

Percy sabia o que ele queria. Era uma última tentativa de fazê-lo mudar de ideia e dar as costas àquele plano maluco.

Mas o filho de Poseidon estava decidido e novamente não deu ouvidos ao amigo, avançando para dentro da caverna com Contracorrente desembainhada.

O brilho fraco do bronze celestial parecia uma tocha tamanha a escuridão. Ele sabia que a qualquer momento sua presença seria detectada e ele precisava estar pronto para as possíveis reações. Da primeira vez, uma ventania tentou sugá-los para dentro do buraco, como se o próprio Tártaro estivesse inspirando eles. Algo o dizia que dessa vez não seria algo tão simples.

Subitamente, um rugido de ódio reverberou por toda a caverna. Detritos caíram do teto e Percy olhou ao redor, pronto para correr em caso de desmoronamento, mas a caverna se manteve firme apesar dos tremores e o garoto firmou as pernas, fincando a espada no chão usando-a para recuperar o equilíbrio.

- Acho que alguém está meio ranzinza hoje... - Percy comentou ironicamente. - Não acho que essa seja a melhor forma de receber suas visitas...

- Está procurando a morte semideus? - Aquela voz... Percy jamais esqueceria aquela voz...

A voz que ainda assombrava seus pesadelos. A voz que produzia sons como o partir das montanhas, de alguma forma se tornando inteligível no meio do processo. A voz carregada de maldade e escuridão, sugando vida onde reverberava. A voz do deus das profundezas.

De alguma forma, o garoto conseguiu se manter firme e esconder das expressões todas as emoções que sentia, deixando apenas um leve sorriso, como se tudo aquilo fosse exatamente o que ele queria. Não que isso fosse mentira.

Percy Jackson e Annabeth Chase - A Vingança de TártaroOnde histórias criam vida. Descubra agora