Capítulo 21

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Por mais que Annabeth gostasse do mar, ficar dias sem pisar em terra firme já começava a afetar o humor da garota.

Eles tinham deixado o palácio de Poseidon na manhã anterior e viajavam desde então. Pararam para descansar durante a noite e também fizeram pequenas pausas para comer. O segundo dia de viagem já estava quase chegando ao fim e eles deveriam começar a procurar um local para pernoitar.

Dois dias de uma viagem tão tranquila quanto monótona. A filha de Atena não estava acostumada a passar dias em completa inércia, sendo carregada durante todo o trajeto. Não que ela achasse ruim passar todo esse tempo abraçada com Percy, conversando, brincando e às vezes até namorando.

Mas depois de dois dias, ela já estava ficando entediada. Não estava acostumada com isso.

- Quanto ainda falta? - A garota perguntou pelo que deveria ser a quinta vez em menos de uma hora.

Percy sorriu antes de responder. Ao contrário da namorada, quanto mais tempo passava no mar, mais tranquilo ele ficava. O fato de ainda não terem encontrado nenhum monstro no percurso apenas contribuía para o seu bom humor.

- Como já respondi alguns minutos atrás... - Percy provocou. - Não deve demorar mais de uma hora para chegarmos ao Panamá. Após cruzarmos o canal, mais um dia até o ponto que meu pai indicou.

- Argh. - Ela deixou um resmungo involuntário escapar.

- Nós podemos parar, se você quiser. - O namorado ofereceu solícito.

- Não é isso. Na verdade, é o contrário disso. - Ela respondeu e Percy apenas a fitou com um olhar confuso. - Eu quero que a gente chegue mais rápido. - Ela explicou. - Odeio essa inércia, faz com que eu me sinta inútil.

- Você não é uma inútil. - Ele respondeu, como se essa simples frase resolvesse todos os problemas.

- Eu sei que não Cabeça de Alga. - Ela respondeu, revirando os olhos. - Só me sinto assim.

- Como você consegue se sentir inútil mesmo sabendo que não é inútil? - O garoto perguntou, ainda mais confuso. A cabeça das mulheres, em especial a de Annabeth, conseguia ser mais complicada que as profecias do oráculo.

- Percy, não tenta entender. - Ela disse por fim. - Eu só me sinto inútil sem fazer nada. Simples assim.

- Ok... - Ele disse, percebendo que era melhor não discutir com ela de mau humor.

Eles continuaram o percurso em silêncio, parte do clima leve e descontraído sumindo a cada segundo. O filho de Poseidon se sentiu na obrigação de fazer algo para melhorar a situação.

Sem avisar, Percy disparou em direção a superfície com a namorada a tiracolo. Ela nem teve tempo de perguntar o que ele estava fazendo antes de emergirem.

Pela primeira vez em três dias, Annabeth sorveu a brisa marítima e sentiu o vento em seu rosto, completamente diferente do ar parado imerso no oceano. A luz do sol, que começava sua lenta descida, incidiu diretamente em seu rosto, aquecendo sua pele de uma forma gostosa que a fez suspirar de prazer.

- Obrigada. - Ela disse, quase envergonhada ao pensar na forma que o tratou apenas alguns minutos atrás.

- Não precisa agradecer. - Percy respondeu com um sorriso. - Que tal cruzarmos o Panamá por terra? - Ele sugeriu.

- Isso vai nos atrasar em um dia. - Ela advertiu, calculista como sempre.

- Eu sei. - Ele respondeu. - Mas acho que uma caminhada poderia fazer bem para gente. Podemos passar essa noite num hotel, ao invés de dormir mais uma vez numa caverna.

Percy Jackson e Annabeth Chase - A Vingança de TártaroOnde histórias criam vida. Descubra agora