Capítulo 25

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Naquele dia, o mundo conheceu a primeira tempestadade causada por um semideus.

Sozinho, naquela pequena ilha, Percy chorava sobre o corpo de Annabeth.

Lágrimas se transformavam em soluços. Soluços se transformavam em gritos. Gritos que pareciam espadas rasgando suas entranhas e perfurando sua garganta.

E a cada grito, o mar respondia.

Não existe uma palavra única para descrever tudo que ele estava sentido. A dor da perda era mais forte do que qualquer coisa que ele já havia sentido na vida. Mas, novamente, não era apenas a dor que ele sentia. A dor se misturou com o ódio. O ódio por Oceano, por ter feito o que ele fez, ódio por Tártaro por ter provocado essa estúpida missão, ódio por todos os imortais que não conseguiam deixar dois jovens simplesmente viverem sua vida em paz. Mas acima de tudo, ódio de si mesmo, por ter levado Annabeth a uma missão suicída e não ter conseguido protegê-la.

Tudo isso junto gerou a maior tempestade do ano, se não da década, na costa leste dos EUA. Era um dia calmo e tranquilo, com boas previsões para quem quisesse curtir a praia, mas inexplicavelmente todos os alertas estavam disparando. A guarda costeira foi avisada e uma evacuação de emergência foi iniciada num raio de 50 kilômetros da praia. Os jornais noticiavam informações conflitantes, uns diziam que era um tsunami, outros um furacão, outros ainda afirmavam que não se passava de um mal funcionamento eletrônico dos equipamentos. Ninguém sabia o que estava acontecendo, mas muitos já esperavam pelo pior.

O garoto não percebia que o mundo ao seu redor se destruía. Tudo que ele sabia era que o mundo dele tinha sido destruído quando Annabeth partiu.

Ele não sabe por quanto tempo ficou ali. Poderiam ter sido cinco minutos ou cinco anos, não faria diferença. Nada faria diferença.

Impulsionado pelo poder do orbe, ainda ativo, Percy inconscientemente assolava todos os cinco estados americanos no Golfo do México. Cuba já sentia os efeitos da tempestade, porém mais fraco, e o país do México já estava em alerta máximo.

- Percy! - Uma voz gritou, tentando se fazer ouvir por sobre o barulho do vento e da água. O garoto não deu qualquer indício de ter ouvido. - Percy!! - A voz gritou mais alto.

Não adiantava. O garoto estava encarcerado pelo luto.

Mas Poseidon, o dono da voz, avançou até estar bem ao lado do filho. O deus caiu em seus joelhos e tentou alcançar o filho, colocando a mão em seu ombro.

- Percy! - Ele repetiu o grito.

- ME DEIXA EM PAZ! - O garoto vociferou sem sequer olhar quem era.

- Você tem que parar a tempestade! - Poseidon ordenou.

- Eu não me importo com uma maldita tempestade! - O garoto respondeu, ainda sem se mover.

- Percy, eu entendo que você está sofrendo, mas você precisa... - Poseidon tentou falar, mas foi interrompido com um soco tão violento no queixo que o arremessou no mar em fúria.

- PERSEUS! - Poseidon gritou, os olhos faiscando quando emergiu novamente.

- EU MANDEI ME DEIXAR EM PAZ! - O garoto respondeu, se erguendo pela primeira vez para encarar o pai.

- Eu sou o deus dos mares! Não posso permitir que você destrua cidades inteiras porque está de luto! - Poseidon revidou sem se incomodar com a audácia do garoto, mas sua paciência estava se esgotando.

- EU. NÃO. ME. IMPORTO. - O garoto respondeu. - Você acha que entende o que eu estou sentindo? Acha que tem o direito de chegar aqui e ordenar que eu faça alguma coisa pra você???

Percy Jackson e Annabeth Chase - A Vingança de TártaroOnde histórias criam vida. Descubra agora