Capítulo 20

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- Já fizemos nossa escolha. - Percy anunciou ao pai.

- Mas já? - O deus estava sentado em seu trono e Percy estranhou suas roupas. O pai se vestia como um governante medieval, deixando de lado sua roupa casual e informal. - Achei que iriam passar pelo menos uma noite.

- Nós agradecemos a oferta. - Annabeth se apressou em dizer. - Mas não. Achamos melhor resolver as coisas primeiro e relaxar depois.

- Todo mundo precisa de uma pausa de vez em quando. - Poseidon insistiu.

- E nós já tivemos a nossa. - Percy apoiou a namorada, mas o seu tom de voz traía o suas verdadeiras vontades. - Já passamos uma noite na caverna e a manhã aqui em seu palácio e descansamos o suficiente. É hora de seguirmos nosso caminho.

- Tudo bem... Venham comigo para o pátio e eu vou contar o que vocês precisam saber para continuarem sua jornada.

- Nós não falamos o que escolhemos. - Annabeth pontuou.

- Vocês escolheram lutar. - Poseidon disse, fitando os garotos como se esperasse que um deles o corrigisse. Como isso não aconteceu, ele prosseguiu: - Como eu sempre soube que fariam.

Eles seguiram o deus dos mares em silêncio até o mesmo jardim onde conversaram algumas horas mais cedo. Poseidon se sentou e ficou claro para os semideuses que seu estado de espírito estava extremamente atribulado. Percy nunca tinha visto o pai em tamanho estado de angústia.

- Aconteceu alguma coisa? - O garoto perguntou.

- O destino, filho. O destino aconteceu. - O deus respondeu.

Percy não respondeu. O garoto não tinha a menor ideia do que o pai estava falando, mas percebeu que o deus não iria revelar nada e resolveu não insistir.

- Nós fazemos o nosso próprio destino. - Annabeth respondeu por ele. Poseidon sorriu, um sorriso cheio de melancolia.

- As vezes eu invejo a inocência dos mortais. - O deus disse. - Enfim, não é por isso que estamos aqui. Vocês tem uma missão a cumprir e eu não devo mais atrasá-los.

- Algumas orientações seriam bem-vindas. - Percy disse. - Ainda não entendi como aquela profecia pode nos ajudar.

- Da mesma forma que todas as outras. - Poseidon respondeu. - Me diga, Percy, por que antes de cada missão, os campistas devem consultar o oráculo?

O garoto abriu a boca para responder, mas a fechou logo em seguida quando nenhuma resposta veio a sua mente.

- Orientação. - Annabeth assumiu a responsabilidade e respondeu pelo namorado. - Antes de cada missão, nós consultamos o oráculo para que ele nos oriente nos desafios que virão.

- Mas você não concorda quando digo que a profecia é cheia de duplas interpretações? - Poseidon a instigou. - Poucas vezes entendemos o que ela quer dizer e pensamos coisas completamente diferentes da verdade. De que vale uma orientação se você não consegue entende-lá?

Annabeth franziu a testa e Percy soube que ela estava pensando em uma resposta para isso.

- Mesmo não entendendo, elas interferem em nossas decisões. - Ela respondeu. - Por exemplo, na primeira Grande Profecia. Por anos, eu não entendi o verso sobre a "lâmina maldita"...

A frase da garota ficou no ar e ela encolheu, como se o pensamento a fizesse sofrer. Percy passou o braço ao redor das costas da namorada e a puxou para um meio abraço. Ele sabia que ela estava pensando no sacrifício de Luke e, ainda hoje, esse era um tema doloroso.

- Você está absolutamente correta. - Poseidon falou, prosseguindo no assunto original. - As profecias, por mais desconexas pareçam ser, são cruciais no momento mais crítico da batalha. Essa pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso.

Percy Jackson e Annabeth Chase - A Vingança de TártaroOnde histórias criam vida. Descubra agora