[18] RAFAEL

2.3K 255 14
                                    

Nossa viagem seria no dia seguinte e minhas malas já estavam prontas no canto do quarto enquanto eu me arrumava para sair com o Pedrão e o Rui. Quando fiquei pronto, dei um beijo na minha mãe que estava na cozinha e peguei a chave do carro, saindo de casa. Passei na casa do Rui para pegá-lo e seguimos para o Demas, onde o Pedrão já devia estar esperando a gente. Era um restaurante ótimo, com uma vibe maneira e excelente para beber, conversar e passar o tempo. Meus amigos e eu não nos víamos desde antes das festas e só nos veríamos novamente quando eu voltasse de viagem, no final do mês. Estacionei o carro em uma rua próxima e andamos até o local, encontrando Pedrão já sentado, bebendo uma cerveja. Pedi um refrigerante enquanto sentava ao lado dele, pegando o cardápio.

- E aí? Beleza? – Pedrão cumprimentou quando chegamos. – Empolgado pra viagem?

- Mais ou menos, né? – Revirei os olhos.

- Na moral, você gosta de mulher mesmo? – Rui perguntou, agradecendo a cerveja que o garçom colocou na sua frente. – Com todo respeito do mundo, porque ela é quase sua irmã, mas você tá reclamando de viajar com a maior gata, você sabe disso, né?

- A maior mala, você quer dizer. Eu tô animadão para viajar, mas já sei que ela vai pentelhar. Reclamar de tudo, atrasar sempre, ser do contra... já estou prevendo tudo isso e muito mais.

- A Pati só tem coisas boas para falar dela. – Pedrão lembrou o que eu já estava cansado de ouvir. – E sinceramente, ela me pareceu muito simpática quando a conhecemos. – Dei de ombros, sem prolongar aquele assunto.

Eles haviam estado na minha casa alguns dias antes do Natal, durante uma visita da Isadora com o pai e o irmão. A verdade é que nós continuávamos nos ignorando na maior parte do tempo, algumas pequenas provocações de vez em quando, mas não evitávamos a casa um do outro com tanta frequência quanto antes. Afinal, estávamos prester a viver um intensivão.

- Quando tempo vocês vão ficar mesmo? – Rui perguntou, curioso.

- Umas três semanas. – Respondi, bebendo meu refrigerante e chamando o garçom para pedir algumas coisas para comermos.

- Isso tudo? – Pedrão ficou espantado. – No mesmo país? Para onde vocês vão mesmo?

- Não, cara. - Neguei. – Não vamos ficar três semanas no mesmo lugar. Vamos à Londres, Paris e Madri.

- Irado!!! – Rui comentou, sorrindo. – Saudades de Londres.

- Vocês já estiveram lá, né? – Pedrão perguntou.

- Já. – Respondi sorrindo. – Quando fizemos dezoito anos. Foi a melhor viagem.

- E única, né, manézão. – Rui me deu um tapa na nuca e eu ri. – Você nunca quer ir a lugar nenhum.

- Ah, como se vocês viajassem muito. – Ironizei. – Até onde eu me lembro, a única viagem que vocês fizeram, foi para Ilha Grande e eu não pude ir, embora eu quisesse.

- Detalhes. – Pedrão riu. – Meros detalhes.

Continuamos conversando até tarde e cheguei em casa depois da meia-noite. Tiveram que pedir pra gente sair, porque queriam fechar o restaurante. Minha mãe já estava dormindo e eu não via a hora de fazer o mesmo. Acordei com ela me sacudindo e reclamando, porque íamos nos atrasar. Levantei meio arrastado, cansado por ter saído na noite anterior. Na realidade, eu não estava entendendo porque ela estava me acordando e reclamando sobre atraso, se o nosso vôo era de tarde. Quando questionei, ela me olhou feio, porque claramente eu havia esquecido que ainda tínhamos que passar na casa da minha avó para almoçar. Mesmo assim, só fez sentido na minha cabeça quando lembrei que minha tia estava chegando para buscar a gente para levar pra vovó, colocar as malas no carro, porque ela nos levaria ao aeroporto mais tarde. Antes que eu tivesse tempo de comer alguma coisa, tia Lúcia já tinha chegado e eu tive que descer com as malas. Meu estômago estava roncando quando chegamos na casa da minha avó, mas ela logo tratou de resolver esse problema.

Ele e Ela [Os Dois Lados da História] [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora