[34] RAFAEL

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Mais de dois meses haviam se passado desde aquele beijo e eu ainda sentia como se tivesse acabado de acontecer. De alguma forma estranha, aquilo nos aproximou mais, mas nunca mais aconteceu. Não que eu não quisesse beijá-la novamente, porque eu queria muito, mas eu sabia que não podia. Tentava me convencer das palavras dela, sobre ser só uma atração, mas se fosse isso, deveria diminuir com o tempo e não aumentar. Pior, era recíproco. Estava aumentando para ela também, eu tinha certeza. Não que ela tivesse me contado isso, mas eu simplesmente sabia. Reli a mensagem que ela havia acabado de me enviar e comecei a levantar da cadeira da mesa de estudos do Rui para poder ir embora.

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Isa: Já estou aqui, cadê você? Eles estão estranhos.

Rafa: Isso a gente já tinha notado. Tô na casa do Rui.

Isa: E vai demorar???? Anda logo... tá chato sem você aqui.

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- Já vai, cara? – Pedrão falou, sem tirar os olhos da tela do videogame. Ele e Rui estavam disputando uma partida de Fifa.

- Fica aí, vamos pedir um pizza. – Rui complementou, também sem desviar do jogo.

- Preciso ir. – Respondi, enquanto dava uma espreguiçada.

- Por quê? – Rui indagou, embora nenhum deles parecesse prestar atenção realmente.

- Porque tô aqui desde cedo, já está escuro até, não é como se eu tivesse acabado de chegar.

- Desde quando isso é motivo? – Pedrão pausou o jogo e ambos me olharam. O que era isso? A Inquisição? Que droga, agora eu teria que me justificar, qual é!!

- Qual o problema de vocês? – Eu não estava entendendo.

- A Isadora está na sua casa por acaso? – Rui perguntou e eu rolei os olhos.

- O que isso tem a ver?

- Cara, você tá louco? – Pedrão se juntou à Rui ao tom de acusação. – Ela é filha do namorado da sua mãe, se liga.

- Do que vocês estão falando? – Desconvercei. Eu não era assim tão óbvio. Impossível.

- Vocês dois viraram um grude só. Toda vez que a gente se fala vocês estão juntos, no carro, em festa, na faculdade, em casa...

- Nada a ver. Já faz mais de um mês que ela não aparece lá em casa, nem eu vou à casa dela. Estamos inclusive achando que tem algo estranho no relacionamento deles.

Eles não perguntaram mais nada, mas continuaram me lançando olhares repressores, até que eu cansei de ficar me justificando. Não devia nada a eles, afinal. Me despedi quando eles voltaram a jogar e tratei de chegar logo.

Entrei pela cozinha, seguindo pra sala e estava tudo estranho mesmo, como ela tinha dito. Minha mãe e o Sérgio estavam conversando baixo, um pouco afastados um do outro e com feições um pouco preocupadas. Desanuviaram quando me viram chegando.

- Meu amor, que bom que você chegou. – Minha mãe levantou e veio me dar um beijo, antes de eu cumprimentar Sérgio.

- Boa noite. – Acenei e sorri, embora meio com o pé atrás, sem conseguir entender o que vinha acontecendo com eles. Mesmo assim, não ia me meter, então pedi licença e saí na direção do meu quarto.

Ele e Ela [Os Dois Lados da História] [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora