[32] RAFAEL

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Nossa, que garota chata. Se já não bastasse ficar ouvindo esse tal de Wesley Safadão cantando, ainda tinha que intercalar com a Jéssica pendurada no meu ombro, falando besteira. Eu não sabia mais o que responder, tentando ser o mais educado possível, procurando uma forma de escapar ao mesmo tempo em que concordava com alguma abobrinha que ela estava dizendo. Minha oportunidade passou ao meu lado, com uma cara de poucos amigos, pra variar. Estava até com saudades daquela carinha emburrada da Isadora, já que agora a gente estava sempre junto, como amigos, ela não reservava mais aquela feição exclusivamente pra mim. Quase que ela passou direto, porque eu perdi alguns segundos preciosos prestando atenção nela. Mas consegui me desvencilhar de Jéssica a tempo, pedindo licença e indo atrás de Isa. Não olhei pra trás pra ver a cara da garota, mas eu sabia que devia estar bastante irritada, já que ela estava fazendo charme pra conseguir ficar comigo e eu escapando pela tangente há um bom tempo.

- Isadora. – Chamei, tentando gritar por cima da música. Mas ela não virou. Não deve ter ouvido. Tentei chamar de novo, mas ela não parou. Quando saímos e chegamos na área externa do clube, onde haviam piscinas e mesinhas e pouco barulho, percebi que ela estava ignorando de propósito, porque ali seria impossível ela não me ouvir chamando. – Ei, o que houve? – Segurei o braço dela, alcançando-a finalmente, mas ela se soltou, sentando pesadamente em uma cadeira e eu me sentei ao seu lado.

- Eu quero ficar sozinha. – Falou, sem olhar pra mim, jogando o celular em cima da mesa e olhando para um ponto fixo adiante.

- O que aconteceu? – Perguntei novamente, ficando preocupado.

- Me deixa em paz. – Reclamou. – Você não estava ocupado? Com a Jéssica? Por que não volta pra ela e entende que eu quero ficar sozinha? – Levantou e voltou pra festa antes que eu tivesse a chance de responder qualquer coisa. Na verdade, mesmo que eu tivesse tempo de responder, não teria dito nada, de tão chocado que estava. Aquilo era ciúmes. Eu tinha certeza. Não podia ser outra coisa. Já era a segunda vez que ela ficava daquele jeito quando a Jéssica era mencionada. Isadora sentia ciúmes de mim. Senti uma alegria repentina, que foi lavada com água fria quando eu ouvi um celular tocando e olhei pra mesa, vendo que era o dela, que havia sido esquecido. Peguei o aparelho e notei que haviam chegado algumas mensagens. Não teria aberto pra ler se não tivesse visto o nome do Ricardo. Então era isso. Ela estava com aquela cara por culpa dele. De novo. Senti meu sangue ferver e abri pra ler. Ele estava na versão príncipe e não vilão, falando coisas fofas e tentando reconquistá-la. Aquilo me deixou com mais raiva ainda. Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, comecei a digitar.

Eu acho que está na hora de você deixá-la em paz!!!! Aqui é o namorado dela e eu não estou gostando de saber que toda hora você manda alguma mensagem. Você perdeu sua chance, seu mané. Tratou minha garota como lixo, quase machucou ela e agora vem com essa palhaçada de segunda chance? Se enxerga!! Nunca mais manda mensagem pra ela de novo ou eu vou te achar e quebrar sua cara.

Apertei enviar e me arrependi. Ela tinha namorado, ou o que quer que aquele Fabinho fosse. Porque era outro mané. Vivia atrás dela no CT e de vez em quando sumia por dias. Ela nunca mencionava o cara e quando o fazia chamava pelo nome e não de "meu namorado". Se ele gostava dela, estava perdendo tempo e não tinha pedido ainda. Otário. Queria estar no lugar dele e fazer as coisas direito, como tinham que ser. Me arrependi porque ela poderia ver e se irritar. Então resolvi apagar tudo de novo. Como havia feito em Paris. Toda a conversa, embora eu tenha notado que não havia nenhuma conversa anterior à essas recentes mensagens. Bloqueei a tela e coloquei o celular no bolso, continuando ali fora, que estava bem mais calmo e silencioso, esperando pacientemente a hora de ir embora. Meus pensamentos foram interrompidos uma meia hora depois com ela voltando correndo e quase caindo em cima de mim. Tive que esticar os braços pra segurá-la pela cintura e por sorte a minha cadeira estava encostada na grade da piscina, senão tínhamos caído os dois pra trás.

Ele e Ela [Os Dois Lados da História] [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora