Mostramos a passagem e o passaporte, seguindo pelo corredor até o finger para entrar no avião.
- Eu espero que você não passe o vôo inteiro fazendo perguntas, porque senão o Rafael vai te jogar da janela do avião. – Meu irmão sabia ser chato às vezes. Normal, criança adora fazer perguntas, mas imagina se ele faz isso até a gente chegar em Londres? Ele me olhou com os olhos arregalados, virando em seguida para Rafael com um pouco de medo. Ele relaxou um pouco quando o outro negou que faria uma coisa dessas, mas as perguntas cessaram. Entramos no avião e seguimos caminhando pelo corredor até os nossos lugares. Pelo menos a gente não estava no corredor. Eu nunca tinha voado, mas algo me dizia que seria um tédio, e um tédio maior ainda se não estivéssemos na janela. Sorte que estávamos e antes que eu tivesse a chance de comemorar isso, o meu irmão correu para sentar nela. Olhei para os lados, procurando meu pai para que ele sentasse com a gente, mas ele já estava se acomodando com Cíntia nos assentos da frente. Olhei para o Rafael atrás de mim e ele deu de ombros, sorrindo de lado. Revirei os olhos, bufei e quando eu ia dizer para ele sentar no meio, porque eu tinha intenções de virar para o corredor ficando de costas para ele, o Gui me pediu para sentar do seu lado. Claro que reclamei mais um pouco, porque agora eu estava no meio. Que saco!!!
Abri a minha mochila para pegar meu celular e fones de ouvido. Procurei também por um livro, caso eu não conseguisse dormir, para não ter que ficar levantando toda hora, porque não pretendia pedir para o Rafael sair da frente.
- Anda logo. – Ele reclamou atrás de mim, me arrepiando com a proximidade. Ele estava tentando dar passagem para as pessoas no corredor e tinha chegado perto demais de mim. – Eu quero sentar e parar de atrapalhar as pessoas que querem passar.
- Fica quieto. – Respondi, sem olhar para trás, sentindo a respiração dele no meu pescoço e joguei a mochila no compartimento superior, sentando em seguida. Ele fez o mesmo, sentando ao meu lado. – Fecha as pernas e não encosta em mim. – Sussurrei para o meu pai ou a Cíntia não ouvirem e abaixei o braço da poltrona colocando aquela pequena barreira entre nós.
- Você é sempre chata assim, ou é especialmente para mim? – Ele perguntou, sussurrando também, mas eu acho que ele já sabia dessa resposta há tempos. Olhei para ele fingindo surpresa, com a mão no peito, dramatizando.
- Assim você me ofende. Claro que é especialmente pra você. – Não esperava, mas ele riu.
- A gente pode abrir a janela para olhar lá fora? – Gui perguntou com a cara colada no vidro, observando as luzes na pista. Eu desviei o olhar que havia ficado preso no sorriso do Rafael e balançando a cabeça para espantar pensamentos indesejados, passei a olhar pela janela também. O avião estava começando a se mover.
- Não, Gui. – Respondi. – As janelas do avião não abrem.
- Então não teria como o Rafa me jogar pela janela. – Ele me olhou com raiva e eu sorri. – Você mentiu pra mim.
- Desculpa. – Dei um beijo na sua cabeça e voltamos a observar a janela. Quando o avião recebeu autorização para decolar, ele segurou a minha mão, nervoso e excitado. Papai olhou para trás para ver nossas reações e sorrimos. Demorou bastante tempo para a nave estabilizar na altura certa e desligarem os avisos de manter os cintos afivelados. De repente várias pessoas começaram a levantar, se mexer, pegar coisas, ir ao banheiro e a sensação que eu tinha era que elas estiveram sentada por horas a fio e não por pouco mais de uma hora. A agitação do Gui já tinha passado e ele agora brincava com a tela na sua frente, desvendando filmes, séries, até que ele percebeu que tinha videogame também e começou a jogar. Adorei a ideia e resolvi jogar também.
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Ele e Ela [Os Dois Lados da História] [COMPLETO]
Novela JuvenilISADORA "Dentre tantas mulheres no mundo, meu pai tinha que escolher ficar justo com a mãe do garoto mais insuportável da face da Terra. Como uma mulher tão legal quanto a Cíntia, havia gerado um ser assim irritante? O Rafael me tirava do sério, me...