Capítulo 3

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O professor de biologia da nossa turma chegou um pouco atrasado e logo foi passando um trabalho em grupo para entregar na semana seguinte. A atividade poderia ser feita em dupla, em trio ou em grupo de no máximo seis pessoas. Olhei para onde meus amigos que estavam começando a formar um grupo e contei mentalmente quantos deles estavam em grupo. Contando meus amigos mais próximos eles eram cinco: Fernando, Carla, Lidiane, Fernanda e Lucas. Eu seria o sexto aluno que fecharia o grupo com a quantidade ideal, mas logo lembrei que o Christiano estava sem grupo. Ele não poderia fazer parte do nosso e eu sabia o quão chato era ser novato e ter que entrar num grupo de trabalho sem conhecer os outros alunos.

– Então... Acho que não temos um grupo.

– E seus amigos? – perguntou ele.

– Eles são cinco no total e você não poderia entrar no grupo...

– Cara, se você quiser fazer com eles não tem problema algum, ta?!

– Não vou te deixar sozinho nessa. Preciso compensar o salgado que você pagou pra mim.

– Hahaha, Ah então tudo bem. Você não vai se arrepender, modéstia a parte, eu me dou muito bem com biologia.

– Ótimo! Assim posso usar todo o seu conhecimento para deixar o trabalho todo contigo. – eu disse sorrindo. – Brincadeira.

– Oi Marcos. – disse Bia.

– Oi Bia.

– Oi, meu nome é Beatriz – disse ela se inclinando para dar um beijo no rosto do Christiano, que retribuiu o cumprimento. Ela sentou na cadeira a frente e se virou para nós, pondo um de seus braços na mesa dele.

– Christiano. É um prazer. – disse ele de novo com aquela voz charmosa e em seguida esticou um sorriso comprido.

– Eu vi que você chegou hoje na turma e imaginei que talvez estivesse precisando entrar em um grupo para o trabalho e como o meu grupo está... – Christiano colocou sua mão sobre a dela.

– Ah, não se preocupe. Já tenho com quem fazer o trabalho.

Bia olhou para a mão dele repousada sobre a dela e em seguida voltou a olhar pra ele. Christiano abriu um sorriso, dessa vez mostrando seus dentes, e depois de um leve afagar ele retirou sua mão. Bia continuou calada por mais alguns poucos segundos enquanto o fitava e naquele momento eu me senti completamente de fora do planeta terra onde parecia somente existir Bia e Christiano. Pude sentir o encanto que ela estava sentindo por ele e o interesse que ele estava sentindo por ela, ou talvez fosse coisa da minha cabeça...

– Eu vou fazer o trabalho com o Marcos mesmo, ele vai me ajudar. – Disse Christiano quebrando o breve silencio.

– Ah sim, tudo bem. – disse ela se levantando. Tentou curvar mais sua franja e sorriu. – Se precisar de mais alguma ajuda pode me chamar também. Ficarei feliz em te ajudar.

Bia deu dois passos pra trás ainda com seus olhos fixados em Christiano e só depois ela virou de costas e seguiu seu caminho pela fileira de cadeiras alinhadas. Aquela cena sem dúvida tinha sido uma cena de flerte, a qual eu não estava nem um pouco familiarizado e me parecia bem estranha por sinal.

Christiano agiu como se ela não tivesse falado conosco, não perguntou nada sobre ela, apenas abriu o caderno, começou a anotar os temas do trabalho que estavam descritos no quadro e disse: "É melhor eu copiar essa explicação do trabalho antes que ele apague." A caneta em sua mão mexia rapidamente a cada palavra e seus olhos passavam mais tempo no quadro do que no caderno. E assim num relance de olhos para mim ele sorriu e voltou a escrever.

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