Capítulo 17

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Saímos da festa e fomos para a casa do Fernando curtir mais um pouco. Antes de qualquer coisa, catamos todo o tipo de besteira para comer e sentamos no chão do quarto. Ao todo éramos oito pessoas. Eu, Christiano, Mariana, Lidiane, Fernando, Carla, Lucas e Fernanda...
– Vamos brincar de verdade ou consequência? – disse Lucas e todos começaram a falar ao mesmo tempo.
– Estou fora. – eu disse.
– Por quê? É legal, cara.
– Não gosto.
– Vai brincar sim. – disse Mariana e olhei assustado pra ela. – Você vai participar? – perguntei ainda espantado.
– Claro.
– Mas e o Christiano? – disse Fernando. – Sabe que a brincadeira pode esquentar, não é?
– E qual o problema? Vou estar aqui olhando tudo. Não vai ter problema.
– Vamos jogar logo essa parada e parar com a lenga-lenga. – disse Christiano pegando a garrafa vazia de Heineken e a colocando no centro da roda.
– Então vamos às regras. – disse Fernando. – Se está na brincadeira tem que ficar até o fim. Não pode se recusar a responder às perguntas e muito menos a consequência, ok?

Todos concordaram... Mariana girou a garrafa...

– Lucas pergunta para Lidiane. – disse Carla.
– Verdade ou consequência?
– Verdade! – respondeu Lidiane.
– O que você usa pra se masturbar quando está só em casa?
– Hm... Ainda não tenho nenhum brinquedo de sexshop então, por enquanto, eu me alivio com o chuveirinho do banheiro.
– E quantas... – Lucas começou a falar, mas Fernando o interrompeu. – É uma pergunta só, mané.
– Verdade ou consequência. – perguntou Fernando para mim.
– Verdade.
– Se você pudesse escolher alguém para se apaixonar, quem seria?
– Eu escolheria não me apaixonar, mais fácil assim. – eu disse sorrindo.
– Se apaixonar faz bem, cara.
– Verdade ou consequência, Marcos? – perguntou Mariana.
– Se pudesse escolher entre o Lucas e Christiano, quem você escolheria para beijar?
– Eu escolheria beijar o Christiano. – eu disse sentindo uma forte onde de calor passar por meu corpo.

Para a minha sorte, a garrafa pareceu me rejeitar nas rodadas seguintes. Eu nunca gostei daquela brincadeira, desde criança eu sempre fugia dela justamente por causas das perguntas constrangedoras e mais ainda das consequências que sempre envolviam provas sexuais, coisa que não me agradava nem um pouco.
Lidiane foi a pessoa que mais se ferrou no jogo. Depois de responder algumas perguntas nada discretas ela foi obrigada a passar para as consequências e a primeira delas era beijar a Carla por 10 segundos, que foram contados em voz alta e com muita animação de todos ao ver a cena. Já a segunda prova de consequência, foi pior, mas muito divertida, pelo menos pra nós. Lidiane teve que tirar sua blusa e ficar com os peitos a mostra na janela da sala por longos segundos enquanto o vizinho do bloco em frente a observava como se ela fosse uma obra de arte. Mariana respondeu todas as perguntas que pôde até ter que fazer uma consequência: mostrar, com detalhes, como ela fazia sexo oral, mas isso em uma banana.
Eu já estava cansado daquela brincadeira, já tinha rolado muitas perguntas e muitas consequências e eu já estava ficando com sono. A última rodada foi dada e eu cruzei os dedos para que a garrafa continuasse a me ignorar. A boca da garrafa girava rapidamente no centro da roda e eu continuava a pedir mentalmente para que eu ficasse de fora daquela rodada. Ela foi parando lentamente, achei que fosse parar em mim, mas ela passou direto e parou em Christiano. Respirei aliviado e relaxei o corpo.

– Vai ser consequência, não é Christiano? – disse Fernanda.
– É! Não tenho escolha.
– Achei esse jogo muito machista pelo simples fato de só acontecer beijos lésbicos, então vou mudar isso já que essa é a última rodada. – disse Fernanda com um sorriso no rosto.
– Olha lá hein. – reclamou Fernando.
– Fica na sua aí. Vou pegar leve... Christiano...
– Diga. – respondeu ele com a voz firme, mas tranquila, como se não estivesse preocupado com a consequência.
– Você tem que provar que é realmente um galã sedutor e usar esse dom para deixar o Marquinhos completamente arrepiado. Dê aquela mordidinha no pescoço dele, um beijo na orelha até que ele fique arrepiado.

Foi como se eu tivesse levado um soco no estômago. Só de imaginar a boca dele em meu pescoço eu já enlouquecia. E era óbvio que eu queria que ele fizesse aquilo em mim, mas não ali na frente de todos, na frente da sua namorada e num jogo bobo daqueles. Ele me olhou pelo canto dos olhos e deu um sorriso de lado. Sorri de volta e senti que estávamos nos comunicando apenas com olhares. Uma comunicação que ninguém ali poderia descobrir e entender. Senti a adrenalina correr em minhas veias ao ver Christiano chegar mais perto com seus olhos carregados de segredos.

– Deita! – sussurrou ele.

Me deitei em cima da almofada enorme que estava atrás de mim e veio Christiano com suas mãos apoiadas no chão e seu corpo quase todo por cima do meu.
Olhei para aquela boca carnuda e a vontade de agarrá-lo foi grande, mas tive que me conter. A imaginação tomou conta de minha mente e isso fez com que eu me excitasse mais ainda. Senti minha calça ficar mais apertada e naquele momento eu nem fiz questão de me preocupar se alguém veria que eu estava excitado. Os lábios úmidos tocaram minha pele junto com o sopro de sua respiração quente. Arfei, mesmo sem querer e me preparei para aquilo. Meu pescoço foi tocado em beijos molhados e lentos que me faziam revirar os olhos. Fechei os olhos e veio a cena de nós dois aos beijos dentro do banheiro da escola. Suspirei. Agora meus ouvidos estavam sendo agraciados pelo toque daqueles lábios. Sua respiração forte me fazia ter espasmos leves de prazer e eu não resistira por muito tempo.

– Chega! Arrepiei já. – eu disse empurrando ele.
– Puta que pariu. – gritou Fernando. – Olha o braço do Marcos. Todo arrepiado. Ta parecendo até um mutante da pele grossa.
– Arrepiou bonito hein. – disse Fernanda.

Já era madrugada quando o sono tomou conta de nós e a disposição de cada um ir para sua casa era zero. Arrumamos o quarto de um jeito que todos pudessem se acomodar e dormir confortavelmente, alguns na cama e outros nos colchonetes no chão. Lidiane, Fernando e Carla dormiram na cama de casal e eu, Christiano, Mariana e Lucas deitamos nos colchonetes. Mariana e Christiano estavam deitados juntinhos como um casal apaixonado. Um de frente para o outro, Mariana aninhada a ele com o rosto escondido em seu peitoral. Eu mal podia vê-la, já que o edredom a cobria quase por inteiro, deixando praticamente só o seu cabelo de fora. Senti um pouco de inveja dela. Pra falar a verdade eu estava com muita inveja. Eu queria estar em seu lugar, queria poder estar abraçado ao corpo do Christiano para me aquecer, me sentir acolhido e sentir o cheiro de sua pele. Todos já estavam dormindo, mas eu não. Minha cabeça não parava com os pensamentos e eu mal conseguia pregar os olhos. Observei o sono dele por um tempo que pareceram horas, minha respiração já estava no mesmo ritmo que o dele e toda vez que ele pressionava seus lábios um no outro eu sentia uma vontade súbita de beijá-lo mais uma vez. Enquanto eu o olhava, tentei distinguir o que era a visão real e a visão apaixonada. Dizem que quando estamos apaixonados não enxergamos defeito algum na pessoa e que ela é perfeita em todos os momentos e em todas as situações, o que muitas vezes não passa de somente uma visão apaixonada, as vezes a pessoa não é tão extraordinária assim. Mas algo me dizia que, sim eu tinha uma visão apaixonada sobre Christiano, mas que não era só isso. Sua beleza era tão real quanto a minha recente paixão por ele. Seu rosto era lindo e livre de imperfeições, era harmonioso e delicado como uma pintura. E isso eu tinha certeza que era real, mas também podia perceber minha visão apaixonada. Christiano tinha uma cicatriz na testa, bem pequena e praticamente imperceptível, que somente olhando de perto daria para perceber. Essa cicatriz, a meu ver, era charmosa e dava um toque especial naquele rosto lindo. Era como se ela servisse para amenizar tanta perfeição. E isso eu podia notar que era loucura da minha cabeça, loucura de gente apaixonada.

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