Capítulo 44

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Desembarcamos bem e esperamos um bom tempo até conseguir pegar as malas, depois pegamos um táxi rumo ao Jurerê, o tal bairro eu jamais ouvira falar.
Não demoramos muito para chegar lá e quando olhei pela janela a fora, pude ver como o Jurerê era. Eu achava que com um nome feio desses o bairro seria algo como uma roça, com sítios e muito mato ao redor, mas não havia nada disso.

– Christiano, onde nós estamos? – eu disse olhando para um lado. Depois meus olhos correram para o outro lado e depois para o outro novamente.
– Bem vindo ao Jurerê. – disse ele rindo. Christiano inclinou o corpo para frente para falar com o taxista. – Pode parar naquela casa de esquina ali, por favor.

Descemos do táxi e tudo o que eu consegui fazer foi olhar ao redor. Eu estava impressionado. Nunca em minha vida eu tinha entrado em um lugar como aquele e jamais imaginei que poderia entrar. Era como Bervely Hills e com nenhum pingo de exagero. As casas eram enormes e muito, mas muito sofisticadas. Não havia nenhum carro popular estacionado, apenas carros importados e aparentemente muito caros. Cada canto daquele lugar parecia ter sido cuidadosamente decorado.

– A gente vai ficar nessa casa gigante? – eu disse apontando.
– Isso mesmo.
– Você só pode estar brincando. Eu vou me perder lá dentro. Cara, que lugar é esse?
– Jurerê. Você vai ficar doido quando entrar.
– Você já veio aqui antes?
– Já! Várias vezes, mas vou confessar que nunca me acostumo com ela.
– Eu nunca me acostumaria com esse bairro. – eu disse subindo os degraus. – Acho que nós não estamos mais no Brasil. Isso aqui deve ser outro país. Tem alguém na casa?
– Claro que não. – disse Christiano segurando a mala. – Você acha que iria querer passar as férias com mais alguém além de você?

– Olá. – disse um senhor bem idoso se aproximando.
– Oi. – respondi.
– Qual o seu nome?
– Me chamo Christiano.
– Ah sim! Aqui estão as chaves. O Caio me pediu para entregar a você.
– Muito obrigado.
– Boas férias para vocês. – disse ele já se retirando.

Havia um gramado muito bem tratado na frente da casa e alguns grandes degraus que nos levavam até a porta. A iluminação que vinha do chão e iluminava toda a casa por fora a deixava com um toque perfeito e mais parecia casa de filme. A porta era gigante, muito maior do que a do apartamento de búzios e mais parecia um portão do que uma porta. Lá dentro tinha um corredor bem curto e um lance de três degraus. A sala era no mínimo do tamanho do meu apartamento inteiro e todo decorado impecavelmente.

– Aaaaaaaaaaah! – gritei.
– Que isso, Marcos? – Christiano gargalhou.
– Queria ver se fazia eco.
– Cara, você é louco!

Fui até a cozinha e lá também era tudo tão lindo que dava até vontade de cozinhar. No final dela havia grandes portas de vidro de correr que nos levavam a área da piscina, que também tinha uma iluminação magnífica.
Sem dúvidas, o lugar mais legal da casa era a sala de cinema. Era um quarto grande e todo fechado com um grande telão na parede, não havia sofá ou cadeira, o chão era todo acolchoado e várias almofadas enormes estavam distribuídas por ele.
Por causa daquele quarto e por mais meia dúzia de outras coisas legais na casa, dois dias se passaram e nós ainda não tínhamos saído. Tinha tanta coisa pra aproveitar que eu até esquecia que existia um mundo lá fora.
Pela primeira vez desde que chegamos, fomos até a garagem da casa para poder sair de carro pela cidade. Christiano parecia uma criança que acabara de ganhar um presente de natal, ele estava tão animado para dirigir que passou os primeiros minutos falando sobre isso e suas especificações e eu só assentindo pra fingir que estava entendo tudo o que ele falava.
Florianópolis era uma graça e seria um lugar que eu escolheria para viver se não tivesse o Rio de Janeiro como favorito. Acabamos passando o dia inteiro na rua e compramos algumas roupas pela cidade, que eu particularmente não imaginava em que ocasião as usaria, mas Christiano insistiu por elas dizendo que ocasiões não faltariam. Almoçamos em um restaurante bem simples de comida caseira deliciosa e depois paramos para tomar sorvete e andar pelo parque. Desejei poder andar de mãos dadas com ele pelo parque, mas não fizemos isso, pois não sabíamos como poderia ser a reação das pessoas, já que estávamos em um lugar desconhecido. Me contentei a passear lado a lado com ele e admirar seu sorriso durante as conversas.
Decidimos deixar o carro em casa e partir para a praia do Jurerê, que segundo Christiano, era muito famosa e dependendo da temporada ela ficava lotada de gente curtindo várias festas exclusivas e coisas do tipo, mas nós estávamos na época em que o tempo não estava muito simpático e por isso não havia quase ninguém nela, exceto alguém passeando com o cachorro, outro correndo pela areia, mas tudo isso bem distante de nós.

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