Capítulo 46

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A viagem de férias com Christiano tinha sido muito melhor do que eu imaginei que poderia ser. Nosso namoro amadureceu e nos aproximamos muito mais durante a viagem. Vi que eu amava o nosso relacionamento do jeito que era, talvez um pouco clichê aos olhos alheios, mas se era realmente clichê, então eu amava um relacionamento clichê, pois era ele que me fazia feliz. Eu estava vivendo um sonho, estava vivendo algo que eu sempre quis viver e que muitas vezes achei que jamais fosse poder vivenciar algo do tipo. Eu estava viciado em Christiano e eu não podia negar, pois estava na cara. Eu amava o modo como a gente se amava, amava a maneira sutil de como nossos dedos se entrelaçavam sem que a gente percebesse, o jeito de como ele me protegia e cuidava de mim. Eu o amava.

Quando chegamos ao Rio de Janeiro, Christiano logo teve que engatar uma nova viagem para ver seus pais. Dessa vez ele não queria ir de jeito nenhum, tentou diversas vezes arranjar uma desculpa plausível, mas não conseguiu chegar a nenhuma e então teve mesmo que ir. Ele estava tão cansado naquele dia que se seus pais pudessem vê-lo, com certeza pediriam para ele ficar em casa e não viajar.
Depois do banho eu saí do banheiro e fui para o quarto dele me despedir. Ele estava deitado de bruços na cama bagunçada. Seu corpo estava todo iluminado por listras de luz que entravam no quarto pela persiana e aquela imagem era tão linda que eu não me contive e tirei uma foto com o meu celular. Fui até a cama e me ajoelhei...

– Dorme um pouco antes de viajar, ok? – eu disse tirando o cabelo de sua testa.
– Vou dar uma cochilada. – disse ele com um leve sorriso no rosto.
– Eu já vou indo pra minha casa. – dei um selinho nele e levantei.
– Ok! Te ligo assim que eu chegar lá. – ele segurou meu pulso e fez com que eu me abaixasse novamente para olhar nos meus olhos. – Ei, te amo.
– Eu também te amo. – sorri. – E já estou com saudades.

Fui pra casa com o coração apertado por me separar dele, mas eu tinha a certeza de que ele logo voltaria para mim, então pude tentar esquecer um pouco.
Fiquei em casa com os meus pais e os aproveitei o máximo que pude pra compensar os dias que fiquei fora. Contei como tinha sido a viagem e tudo o que eu havia visto de diferente por lá, depois entreguei algumas pequenas lembranças que eu havia comprado para eles.
Durante o dia eu estive ocupado com os meus pais e não pensei muito em Christiano, mas quando me deitei na cama para dormir, não me surpreendi quando senti uma saudade enorme apertar meu peito. Eu estava tão acostumado a conviver com ele todos os dias, que quando ele viajava eu ficava nervoso de saudades. Christiano não me ligou pra avisar que havia chegado bem, mas também não me preocupei, pois ele sempre se esquecia de ligar pra avisar que havia chegado a seu destino.
Exatamente às três horas da manhã meu celular berrou na cabeceira ao lado da minha cama. Acordei assustado e até demorei pra atender a ligação...

– Chris? – minha voz saiu falhada.
– Você estava dormindo, não é? Me desculpa.
– Não tem problema. Você chegou bem aí?
– Sim!
– Que susto, cara. Achei que tivesse acontecido alguma coisa... – eu disse me sentando na cama.
– Só queria falar com você. – Ele deu uma pausa e pude ouvir sua respiração pesada. – É...
– Está tudo bem mesmo?
– Está sim. – ele soltou uma risada fraca. – Só queria escutar sua voz mesmo. E eu me esqueci de ligar mais cedo.
– Imaginei que tivesse esquecido mesmo.
– Bom, eu vou deixar você dormir e tentarei dormir também.
– Se você quiser, podemos ficar conversando até o seu sono chegar.
– Relaxa. Daqui a pouco eu consigo dormir.
– Chris, você está muito estranho. Parece que está triste. O que está acontecendo?
– Nada. Deve ser porque não estou aí com você. – respondeu ele. – Mas é porque estou cansado mesmo. Resolvi umas coisas com o meu pai aqui e fiquei esgotado.
– Então tudo bem. A gente se fala amanhã?
– Amanhã! – confirmou ele. – Boa noite. Um beijo.
– Beijo, amor.

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