Capítulo 24

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A última vez que senti o gosto dos lábios dele fora há pouco mais de um mês e eu já estava a ponto de desistir daquele trato. Não tinha nada mais difícil no meu dia-a-dia do que vê-lo todos os dias e não poder beijá-lo e até não poder abraçá-lo, pois uma coisa acabava levando a outra. Nós também evitamos ficar juntos depois da escola e jamais íamos para o parque Guinle sozinhos porque a tentação era gigantesca e nossos olhos expressavam muito mais do que palavras, qualquer simples toque nos deixava alerta e nossas bocas pareciam se atrair como ímã. No fim acabamos com todo e qualquer tipo de contato presencial, a não ser na escola. O que nos matinha perto um do outro era o celular. Christiano me ligava todos os dias, em horários intercalados. Na maioria das vezes ele ligava depois das 5hrs da tarde, que era o horário que ele voltava pra casa depois de encontrar Mariana e às vezes ligava antes de seus pais chegarem de viagem. Eu sempre estava em casa esperando pela sua ligação, às vezes quando ele demorava a ligar eu ficava com o celular na mão o tempo todo esperando que ele vibrasse. As vezes eu achava que tudo aquilo era uma palhaçada e que aquele trato era extremamente bobo, mas cumprir com a promessa nos fazia achar que estávamos nos redimindo e que de certa maneira nós estaríamos sendo pessoas mais honestas por não trair uma terceira pessoa. Mas no fundo eu sabia que aquilo só limpava a nossa consciência e o erro continuava nas nossas costas apenas por cultivar sentimentos às escondidas e adiar o término de Christiano com sua namorada.
No último dia de aula antes das férias de julho nós fomos juntos com os amigos para o apartamento do Fernando. Ele estava sozinho em casa desde o começo da semana, seus pais tiraram férias um pouco antes de nós e viajaram sozinhos para a Região dos Lagos para só depois Fernando ir encontrá-los. Mal sabia eles que Fernando gostava muito mais de ficar sozinho em casa dando festa do que ir para a casa de praia junto com os pais. Fernando fazia zona em seu apartamento sempre que podia, ele era o típico carioca malandro que adora uma boa mistura de bagunça, bebidas e mulheres, mas especialmente naquele dia a festa não foi para a bagunça que ele amava. Não houve festa, música, muitas pessoas e nem nada disso, apenas os amigos de sempre, comendo o de sempre e conversando bastante.
Nós chegamos lá no começo da tarde ainda e nos divertimos bastante na piscina do condomínio. Depois subimos para o apartamento e lá demos início a nossa rodinha de conversas e petiscos. Quando a noite chegou, nós já estávamos extremamente 'zens'. Todo mundo bem cansado, deitados no chão da sala assistindo à TV, não demorou muito para que todos quisessem dormir e antes das 11hrs todos nós já estávamos deitados em nossas camas improvisadas prontos para o sono.
Meu sono não chegou tão rápido assim e meus olhos estavam bem abertos naquela escuridão do quarto. Christiano estava deitado em um colchonete do outro lado do quarto e ao mesmo tempo em que agradeci por ele estar dormindo longe de mim, eu desejei que ele estivesse do meu lado para que eu pudesse aproveitar aqueles minutos de insônia com ele, mas nenhum de nossos amigos sequer desconfiava que nós tínhamos algum tipo de relação além de amizade e eles continuariam sem saber de nada.

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