Capítulo 36

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Meu namoro com Christiano estava andando muito bem, muito melhor do que eu poderia imaginar. Ele era o cara mais maravilhoso que eu poderia conhecer e supria todas as minhas necessidades de carinho e afeto, mas como todo relacionamento nem tudo era sempre tão perfeito. As vezes nós tínhamos crises de ciúmes, as vezes brigávamos feio por coisas bobas e ficávamos horas sem trocar palavras e muitas vezes eu tinha vontade de matá-lo e vice e versa.

– E Christiano foi para onde? – perguntou Lucas.

Lucas estava sentado a minha frente na lanchonete do shopping.

– Foi passar o fim de semana com os pais em Minas Gerais.
– Os pais dele mais viajam do que ficam em casa...
– Verdade. Eles passam mais tempo fora mesmo e por isso Christiano as vezes tem que viajar para vê-los.
– Isso deve ser um saco. – disse Lucas pegando seu celular. – Fernanda não vem mais.
– Por quê?
– Vai ter que ficar em casa esperando uma encomenda da mãe que está para chegar.
– Ih, que chato. Mas e então... Vai querer ir ao cinema mesmo assim?
– Ué, por mim tudo bem! Só não sei se Christiano vai gostar de saber disso.
– Disso o que?
– De você indo ao cinema sozinho comigo. – ele sorriu.
– Acho que ele não vai se importar. Você é meu amigo afinal de contas, dá no mesmo que sair com Fernanda.
– Tomara que sim. – ele levantou da cadeira. – Eu vou ao banheiro e daqui a pouco te encontro na bilheteria.

Eu tinha marcado de sair com Lucas e Fernanda, mas como Fernanda não podia mais ir, meu passeio seria apenas com Lucas, coisa que eu nunca tinha feito na minha vida. O passeio sozinho com Lucas não era tão divertido quanto com Fernanda, mas ainda sim era um amigo e eu realmente achava que isso não faria diferença para Christiano. Até ele me telefonar...

– Oi Chris! – atendi com entusiasmo.
– E aí, tudo beleza por aí? – perguntou ele com a voz tão animada quanto a minha.
– Tudo ótimo por aqui, só falta sua presença pra ficar melhor. – soltei uma risada baixinha.
– E como está a viagem?
– Ah, está a mesma coisa de sempre. Não muito divertida, mas pelo menos estou matando a saudade dos meus pais. – ele deu uma pequena pausa. – E essa barulheira toda vem de onde?
– Ah, eu estou comprando ingressos para o cinema.
– Quem está aí contigo? Fernanda?
– Só tem o Lucas comigo, mas ele foi ao banheiro.
– Só você e ele?
– A Fernanda deveria estar aqui, mas ela teve que ficar em casa.
– E por isso você vai ao cinema sozinho com o Lucas? – seu tom de voz agora estava tão sério que eu mal o reconhecia.
– Qual o problema Christiano? – eu disse enquanto pegava os bilhetes.
– Problema nenhum, Marcos. Pode voltar para o seu passeio com ele e depois vocês podem tomar um sorvete juntos e dormir um na casa do outro também.
– Para de ser idiota. Ele é meu amigo e você sabe disso.
– Eu tenho que desligar.
– Vai continuar de besteira?
– Eu tenho que desligar... – ele repetiu e em seguida desligou sem se despedir.
– Não estou acreditando nisso não. – murmurei para mim mesmo.
– O que foi? – perguntou Lucas.
– Nada. Vamos entrar logo?
– Vamos.

Mesmo com aquele ataque de ciúme dele eu continuei com o meu passeio. Assisti a um filme com Lucas e em seguida nós andamos pelo shopping, o acompanhei em algumas compras pequenas e no fim nós tomamos um sorvete como Christiano havia ironizado. E tudo isso na tranquilidade de uma amizade, não havia porque Christiano se incomodar tanto com isso.
Lucas me deixou na entrada do meu prédio, então nos despedimos e eu segui para o meu apartamento. Tomei banho e me sentei no sofá para assistir um pouco de televisão. Meu telefone tocou e pensei em não atender, pois era Christiano e eu não estava com disposição pra mais um discussão boba, mas tive a certeza de que se eu não atendesse aquela ligação, mais uma discussão poderia começar.

– Alô – atendi.
– Marcos? – disse ele com a voz bem calma.
– Oi!
– Pode me desculpar? – ouvi sua respiração forte e então ele voltou a falar. – Eu só fiquei irritado de saber que você estava no cinema com outro.
– Não era outro! Era meu amigo Lucas, que você também conhece.
– Eu sei. Me desculpa. Eu não gostei de saber que você estava indo ao cinema com ele, pois eu gostaria de estar no lugar dele e não estar longe de você. Não consegui evitar o ciúme.
– Eu sei. Relaxa Chris. Eu já percebi que toda vez que você viaja você fica meio esquisito. Eu não gosto de brigar com você. A não ser que você esteja aqui pessoalmente, para a gente brigar e logo se reconciliar com longas horas na cama.
– Você leu meus pensamentos. – sua voz soou rouca e sexy, me fazendo desejar sua presença. – Sinto a sua falta!
– Eu também sinto a sua falta. Espero que esse final de semana passe o mais rápido possível.
– Estou desejando isso desde que cheguei aqui. – ele riu. – Eu tenho que desligar agora. – Ok. Um beijo e estou com saudades.
– Eu também. Pense em mim antes de dormir e logo estarei com você.

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