Capítulo 42

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– Acorda! Acorda! Acorda!

Abri os olhos e Christiano estava sentado na cama me olhando. Seu cabelo estava bagunçado como sempre, com várias mechas e pontas apontando para todos os lados. Sua boca sempre acordava muito mais rosada do que realmente era e também um pouco inchada.

– Ai, Christiano. Quero dormir. – Levanta dessa cama já.
Ele se balançou e fez a cama inteira se mexer junto. Saiu da cama e abriu a cortina do quarto.
– Puta que pariu! – eu disse rindo. – Estou cego. Pelo amor de Deus, fecha isso.
– É! Eu também. Acho que não foi legal isso. – disse Christiano gargalhando. – Mas vamos levantar logo e comer alguma coisa. Eu fiz waffles com chocolate.
– Eu amo waffles!
– Que bom! – Christiano pulou em cima de mim e me encheu de beijos. – Levanta dessa cama então.
– E eu tenho escolha?
– Hm... Não!

Sentei-me à bancada da cozinha enquanto Christiano encharcava meus waffles com chocolate derretido. Comi tantos waffles naquela manhã que eram suficientes para uma vida inteira. Depois tomamos banho juntos e partimos para o passeio por búzios e suas praias.
Saímos para conhecer uma praia mais distante, não tão longe, mas demoramos bastante pra chegar nela, pois nos perdemos no caminho.

– A gente só vai chegar lá amanhã. – eu disse. – Eu falei que era pelo outro caminho...
– Disse nada.
– Disse sim.
– Em cima da hora. Eu não tinha como virar na hora que você falou. – ele passou a mão novcabelo. – Preciso de um GPS, porque se depender de você...
– Você tinha que ter prestado mais atenção na explicação do cara.
– Mas você falou com ele.
– Tchau pra você, Christiano. – liguei o rádio e repousei minha cabeça na cadeira. – Prefiro ouvir música. Nós estamos perdidos por sua culpa.
– Minha culpa? – ele disse rindo.
– Sim! Sua culpa. Você é o motorista e tem que prestar atenção. – comecei a esboçar umbsorriso. – É uma besta mesmo, esse meu namorado.
– A sua sorte é que eu estou dirigindo agora, senão te agarrava aqui mesmo e só te soltava quando pedisse desculpas.

O percurso foi longo, mais do que devia, mas quando chegamos no destino certo tudo pareceu valer a pena. A praia era linda, com ondas calmas e águas tão claras que eu podia ver meus pés através dela.
Passamos o dia inteiro tomando sol naquela mesma praia sem nos preocupar em conhecer outro lugar naquele dia. Nadamos juntos várias vezes e depois apenas deitamos na areia e curtimos aquele sol gostoso. Na hora do almoço paramos em um restaurante que ficava na praia mesmo e pedimos um peixe assado na brasa. O restaurante era completamente praiano e lindo. O teto era todo de palha, as mesas de madeira grossa acompanhadas de pedaços de troncos que serviam como banco. Um homem sentado perto da entrada tocava alguns instrumentos e cantava enquanto uns cientes comiam e outros cantavam e dançavam de pé com suas músicas.

– Meu Deus! – eu disse arregalando os olhos.
– O que foi? – disse Christiano assustado, com uma espinha enorme na mão. – Eu amo essa música! Chris, essa música é linda.
– Eu sei, eu sei. Também acho. – disse ele rindo. – Mas pra que esse escândalo todo?
– Porque a música é linda, apenas por isso. E eu nunca, na minha vida, ouvi alguém cantar essa música dessa forma, com ukulele e estilo havaiano. – olhei para trás e havia algumas pessoas cantando junto com o cantor do restaurante. – Ai, é tão lindo. Sinto-me no Havaí.
– Oh, meu Deus. – disse Christiano sorrindo.

Levantei num salto e me enfiei no meio das pessoas que estavam de pé e cantei tão alto quanto elas. Concluí uma vontade que eu tinha desde que me conhecia como gente. Um sonho? Não! Era apenas uma daquelas vontades bobas que temos na vida, mas que nos deixam imensamente felizes. E essa era uma das minhas vontades bobas: poder ouvir alguém cantar a música "Somewhere over the rainbow / What a wonderful world" em estilo havaiano, tocando ukulele em uma praia, e poder cantar e deliciar daquele momento como se a vida fosse feita de férias eternas. Cantei junto com todas aquelas pessoas e durante aqueles poucos minutos, parecia que todos nós tínhamos a mesma vontade.

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