Capítulo 43

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Na nossa última noite em Búzios nós passeamos pela Orla Bardot durante a noite e aproveitamos para jantar fora. Basicamente, tudo o que fizemos durante aqueles dias foi conhecer todas as praias e todos os restaurantes interessantes pela redondeza. Nos divertimos bastante na companhia um do outro e eu mal podia esperar para a próxima viagem com ele.
Ao chegar em casa tivemos que dar uma arrumada no apartamento. Deixamos tudo limpo e catamos todas as nossas coisas para guardar nas bolsas e malas. Esperamos Maurício passar no prédio para buscar seu carro e então estávamos livres para descansar. Nós estávamos esgotados, mas como em quase todas as noites em búzios, nós fizemos sexo, pois nosso desejo um pelo outro era muito maior do que qualquer cansaço.

...

Não tivemos tempo nenhum para descansar entre uma viagem e outra, apenas durante a volta de Búzios. Chegamos em casa e foi uma correria louca para pegar mais roupas de frio, tirar as roupas sujas e organizar o que dava pra organizar. Algumas roupas ficaram no apartamento de Christiano e outras deixamos na mala para serem lavadas em Florianópolis. Saímos de casa as pressas e chegamos no aeroporto em cima da hora para fazer check-in e no caminho para embarcar, nossos nomes foram chamados para o embarque imediato.

– Quer sentar na janela? – perguntou Christiano. – Você acha que eu sou criança, não é?
– Não acho, mas é que...
– Eu quero sentar na janela sim.
– Olha só... – Christiano riu e nos sentamos.
Decolagem autorizada. Por favor, afivelem seus cintos.

A aeronave começou a andar e segundos depois ela corria com toda a velocidade para dar início a decolagem. Recostei-me na poltrona e antes de respirar fundo Christiano me assustou apertando minha mão.

– O que foi? – perguntei. Christiano segurava minha mão com tanta força que até doía.
– Odeio decolagem. – disse ele completamente ereto e encostado na poltrona. Seus olhos estavam fechados e sua mão extremamente gelada.
– Calma! Ainda não decolamos. – fiz carinho em sua mão.

O avião saiu do chão e senti aquela leve tontura. Christiano estava mais branco que o normal e ainda me segurava com força como se eu fosse fugir para algum lugar. Fiquei olhando pra ele durante toda a decolagem, sem acreditar naquela cena. Jamais imaginaria que Christiano tinha medo de avião.

– Está melhor? – perguntei assim que o avião se estabilizou. – Aham. – ele balançou a cabeça. – É só a decolagem.

Minutos depois os comissários serviram o lanche da companhia aérea e como sempre, Christiano era alvo de olhares nada discretos.

– Ah, vai começar... – murmurei para mim mesmo e folhei a revista que estava a minha frente.
– O que foi? – perguntou Christiano. Estiquei meu braço e peguei um refrigerante que o comissário havia oferecido.
– Algo mais? – perguntou ele.
– Não. Obrigado. – disse Christiano com aquele seu sorriso convidativo. O comissário sorriu de volta e saiu.
– Ele estava quase te engolindo com os olhos. – eu disse.
– Claro que não. Ele me olhou, é claro, mas porque estava me atendendo.
– Ah sim! Engraçado é que ele continuava te olhando enquanto eu fazia o meu pedido. Você deveria parar de sorrir assim para as pessoas.
– O que tem no meu sorriso?
– Seu sorriso é simpático demais, você é simpático demais e cativa as pessoas. Daí elas ficam te encarando o tempo inteiro. Quem manda nascer bonito desse jeito.
– Você é doido. – ele riu e me beijou no rosto. – Eu trato as pessoas bem. Só isso! Deixe as pessoas olharem.

...

– O que você está lendo? – perguntou Christiano.
– Nicholas Sparks.
– Sempre. – ele sorriu. – Não cansa de ler romances?
– Não! Eu amo os romances com todos os seus exageros e clichês. Eles me emocionam e eu gosto de me emocionar.

Ele me olhou pelo cantos dos olhos e sorriu, mas não falou nada, só manteve seus olhos em mim durante um bom tempo. Christiano levantou o braço da poltrona que nos separava e passou o seu braço por trás de mim, me envolvendo de calor, e me fez aconchegar-me em seu ombro.

– Outro dia eu disse que gostava da sua simplicidade. Esqueci de dizer que também gosto dessa sua sensibilidade. – ele beijou minha cabeça.
– Se eu for listar tudo o que adoro em você... Vou passar a viagem inteira falando.
– Você – ele segurou meu queixo com muita delicadeza e aproximou seu rosto do meu. – é a pessoa mais linda desse mundo.
– Você também. – sussurrei e encostei nossos lábios num selinho demorado.
– Não pare de ler por minha causa.
– Alex finalmente pousou sua mão no quadril de Katie e a trouxe para perto de si. Katie soltou o ar, como se estivesse se livrando de um fardo que trazia há muito tempo sobre os ombros. E, quando ela conseguiu olhar nos olhos dele, foi como se repentinamente se tornasse fácil para Katie imaginar que seus medos fossem insignificantes. Que Alex a amaria independente do que ela dissesse. Que ele era o tipo de homem que já a amava e que a amaria para sempre. – Enquanto eu lia aquele pequeno trecho do livro para ele, Christiano parecia prestar bastante atenção, como se eu estivesse contando um suspense best-seller. – E foi naquele momento que ela percebeu que também o amava.
Realmente. Há certo encanto nesses romances.
– Eu sei que você não gosta muito. Pode falar. – eu disse rindo.
– Eu realmente não sou muito fã. Hoje em dia eu não pararia para ler um romance, mas ouvir você ler desse jeito pra mim é tão bom que eu poderia ouvir o livro inteiro.
– Queria ouvir você ler algo para mim também.
– Não trouxe nenhum livro, mas lembro de um poema. Pode ser?
– Claro.

Eu estava completamente apoiado em Christiano, seus braços se fecharam ao meu redor e ele pigarreou de leve. Ele pôs sua mão por cima da minha e começou a fazer carinho nela.

– É um pouco longo.
– Não tem problema.

"Quando penso em você me sinto flutuar,
me sinto alcançar as nuvens,
tocar as estrelas, morar no céu...

Tento apenas superar a imensa saudade
que me arrasa o coração,
mas, que vem junto com as doces lembranças do teu ser.

Lembrando dos momentos
em que juntos nosso amor se conjugava
em uma só pessoa, nós ...

É através desse tal sentimento, a saudade,
que sobrevivo quando estou longe de você.
Ela é o alimento do amor que encontra-se distante...
A delicadeza de tuas palavras
contrasta com a imensidão do teu sentimento.
Meu ciúme se abranda com tuas juras
e promessas de amor eterno.

A longa distância apenas serve para unir o nosso amor.
A saudade serve para me dar
a absoluta certeza de que ficaremos para sempre unidos...
E nesse momento de saudade,
quando penso em você,
quando tudo está machucando o meu coração
e acho que não tenho mais forças para continuar;
eis que surge tua doce presença,
com o esplendor de um anjo;
e me envolvendo como uma suave brisa aconchegante...
Tudo isso acontece porque amo e penso em você..."

Durante aquele tempo em que eu ouvia Christiano recitar um poema, todos os barulhos alheios já não eram mais barulhos. O som do avião, as pessoas falando, a voz do comissário... Nada emitia som. O mundo estava mudo enquanto Christiano falava aquelas palavras.

– E acabou. – disse ele.
– Eu poderia te ouvir durante mais duas horas seguidas. – eu disse.



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Ah, estou escrevendo uma nova história. Dá um olhada: https://www.wattpad.com/story/232592462-delivery-boy

:)

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