Capítulo 23

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A noite caiu e finalmente estava na hora de ir para a casa do Christiano. Eu tinha passado o dia inteiro ansioso para a noite, olhava pro relógio e depois de muito tempo olhava de novo, mas aí percebia que só havia se passado míseros dez minutos. Me perguntei se ele estaria tão ansioso quanto eu, mas com certeza não estava. Deveria ter passado a tarde tranquilo e sozinho sem nenhuma preocupação com a hora.
Pedi para o porteiro interfonar para o apartamento 1102 e esperei a autorização. Peguei o elevador e a cada andar minha respiração ficava mais irregular. Era como se eu estivesse prestes a encontrar um cara desconhecido para um programa sexual e isso era extremamente ridículo porque eu conhecia muito bem o cara que eu iria encontrar e não havia necessidade de tamanha ansiedade, mas de alguma forma eu nunca conseguia me controlar quando se tratava de Christiano. A porta do apartamento estava aberta esperando minha entrada. Antes mesmo de chegar lá eu pude sentir o cheiro delicioso da comida me invadir.
– Cheguei. – eu disse fechando a porta e indo para a cozinha.
– Caraca, até que enfim. Porque não veio mais cedo?
– Era pra eu vir mais cedo?
– Óbvio! – disse ele com uma careta no rosto.
– Você me chamou pra passar a noite aqui, imaginei que você estivesse ocupado durante a tarde. Eu não sabia que podia vir mais cedo.
– Que bobagem. Você poderia ter vindo às duas da tarde se quisesse. Eu fiquei te esperando o dia todo.

Christiano estava vestindo uma bermuda, uma camiseta branca de mangas compridas e estava com meias nos pés. Por cima da roupa ele estava com um avental para cozinhar, o que era muito fofo por sinal. Ele falava comigo, mas eu mal prestava atenção no que estava dizendo, minha atenção estava toda naquela cena que eu jamais imaginei ver ali. Christiano mexia com muito cuidado o que quer que estivesse dentro da panela e ao mesmo tempo administrava outra panela com arroz. Sua expressão estava muito séria e ele parecia bem concentrado na tarefa para que nada saísse errado. Ele desligou o fogo da primeira panela, mexeu mais uma vez e em seguida colocou um pouco do caldo na palma da mão e levou até a boca.

– O que foi? – disse ele com olhos inocentes ainda com a palma da mão na boca.
– Estou te achando muito fofo dando uma de cozinheiro.
– Ah! – ele soltou uma risadinha sem graça. – Eu gosto de cozinhar.
– Estou vendo! E o que o chefe de cozinha está preparando para o jantar.
– Strogonoff de frango e o arroz está quase pronto.
– Hmmm! Você tem o dom de adivinhar o que eu quero. Estava doido pra comer strogonoff.
– Ótimo. Vai comer com vontade hoje. – ele molhou a mão e a secou com um pano de prato. – Eu separei uns ingredientes aqui pra fazer uma sobremesa pra nós. Espero que você goste de brownie.
– Brownie? – quase gritei. – Eu apenas amo com todas as minhas forças. Nem acredito que você sabe fazer brownie, cara. Que vontade de te dar mil beijos agora só pra agradecer.
– Uma pena não poder aceitar esses mil beijos, mas eu aceito um abraço.

Fiquei na ponta dos pés e o abracei. Ele apertou o corpo contra o meu e minha respiração mais uma vez se rebelou. Ele estava quente e senti minha pele se arrepiar levemente com o toque de sua barba áspera, que estava começando a crescer, em meu pescoço. Ele se afastou, ainda com a mão a minha volta e eu mais uma vez fiquei na ponta dos pés. Beijei seu rosto pela primeira vez e ele me deu um sorriso enorme, abriu a boca pra falar algo, mas não disse nada, pareceu engasgar as palavras e sorriu novamente para em seguida me abraçar mais uma vez.

Deixei minha mochila no quarto dele e voltei para a cozinha. Agora ele misturava os ingredientes do brownie em um grande pote de plástico. Eu teria batido tudo com uma batedeira, mas ele estava fazendo à moda antiga e segurava o pote junto ao corpo enquanto o outro braço mexia a massa com uma velocidade incrível. A massa era bem grossa e imaginei que bater aquilo à mão não era uma tarefa fácil, os músculos do braço dele estavam contraídos fazendo com que ele parecesse ser mais forte do que aparentava.
– Pode untar a forma pra mim, por favor? – perguntou ele.
– Prefiro bater a massa. Não gosto de mexer com manteiga, só o cheiro me deixa enjoado.
– Então toma aqui. – disse ele me entregando o pote e logo em seguida abriu o armário inferior e pegou uma forma retangular.

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