Capítulo 35

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Christiano passou o dia comigo, mas quando meus pais chegaram ele voltou para sua casa. Passou o dia inteiro pedindo para que eu não fosse para a escola no dia seguinte, mas eu já estava bem e não sentia mais dores, então decidi ir para a escola sim. Obviamente Gustavo não faria nada comigo dentro da escola, então eu não deveria ter medo de nada.

Cheguei na escola e não encontrei Christiano. O esperei no portão durante mais de vinte minutos, mas nada dele chegar. Logo após o sinal tocar Christiano me telefonou.

– Oi Chris! – atendi.
– Você é teimoso mesmo, não é? Eu sei que você está na escola. – disse ele num leve tom de reprovação.
– Estou no portão te esperando.
– Eu não vou chegar agora. Eu sabia que você iria pra escola e por isso estou te ligando... Entre e guarde nosso lugar na sala.
– E onde você está? – eu disse olhando ao redor.
– Estou em casa ainda. Devo chegar para o segundo tempo. – Tudo bem. O sinal acabou de tocar, então vou entrar.
– Beleza. Te vejo daqui a pouco.

A primeira aula começou e Christiano não tinha chegado ainda. Talvez ele fosse chegar mesmo no segundo tempo ou então estava preso o lado de fora esperando o portão ser reaberto para a aula seguinte. Assistir aula sem ele ao meu lado era no mínimo chato. Mesmo ele me fazendo rir e querendo conversar o tempo inteiro, eu consegui prestar atenção nas aulas, mas quando ele não estava junto eu mal conseguia me concentrar nas coisas que o professor dizia, talvez porque com ele longe de mim, tudo o que eu conseguia fazer era pensar nele e no que ele poderia estar fazendo.
Alguns minutos antes da aula terminar, Márcio, que era um dos porteiros, me pediu para comparecer na secretária, pois o diretor estava me chamando. Aquilo foi o suficiente para que meu estômago embrulhasse e minha cabeça começasse a fervilhar de pensamentos sobre o que poderia ter acontecido para eu ter que comparecer na sala do diretor. Quando abri a porta da secretaria, logo descobri o que estava acontecendo. Christiano estava sentado em uma das cadeiras da sala e ao seu lado estava Gustavo com a cabeça baixa. Olhei seriamente para Christiano, mas ele desviou o olhar.

– Bom dia Marcos. – disse o diretor.
– Bom dia. – respondi.
– Desculpe o incômodo, mas tive que lhe chamar aqui pra tentar resolver este problema aqui. Bom, esses dois foram pegos brigando na porta da escola e fiquei sabendo do que está acontecendo entre vocês.
– Sim... – murmurei.
– Gustavo, você deve desculpas ao Marcos.
– Não! – eu disse imediatamente. – Ele me pedir desculpas não vai melhorar nada, não posso simplesmente desculpá-lo pelo que fez e ficar tudo bem daqui pra frente.
– Te entendo, mas o que quero deixar claro é que não quero saber de mais nenhuma intriga entre vocês, pois se isso acontecer eu irei punir vocês dois sem dó e nem piedade. Christiano irá se safar desta vez, pois eu apesar de não aprovar o que fez, eu entendo.
– Obrigado. – eu disse.
– Isso é injusto. – gritou Gustavo. – Ele deve ser punido também. É seu dever punir os alunos que infringem as regras da escola e ele também fez besteira.
– Eu acho muito melhor você ficar calado, pois eu deveria chamar a polícia aqui para resolver isso. O que você fez foi algo horrível, Gustavo. Digno de um criminoso... – o diretor bateu na mesa me fazendo levar um susto. – Marcos, você recorreu à polícia sobre o que aconteceu?
– Não e nem quero.
– É um direito seu... Gustavo, você ficará suspenso por três dias, perderá alguns pontos em todas as matérias e vai trabalhar na biblioteca por duas semanas. E nem ouse reclamar, pois eu estou sendo legal com você.
– Ok. – disse Gustavo.
– Ah, outra coisa. – continuou o diretor. – Não pense que isso só é válido dentro da escola, pois se eu souber que aconteceu alguma coisa mesmo fora da escola eu vou te punir do mesmo jeito. Entendido?
– Sim. – ele respondeu.
– Aconselho a nem se olharem a partir de hoje. Christiano e Marcos estão liberados. – disse o diretor levantando e abrindo a porta para nós.
– Obrigado! – eu disse.
– Disponha! – respondeu o diretor. – Voltem para a aula.

– Christiano, o que eu disse pra você? – comecei a brigar.
– Me desculpa, mas...
– Para de pedir desculpas. Eu te disse que não era pra você tirar satisfação com ele. Imagina se o diretor não o punisse? Já pensou na merda que esse garoto podia tentar fazer depois?
– Eu sei, mas eu não pensei em nada na hora.
– Você não sabe. – eu o interrompi. – Você age com impulsividade e não pode ser assim, Christiano.
– O que você queria que eu fizesse? – ele parou na minha frente. – Ele chega pra você e fala um monte de merda, depois de agride no meio da rua até você desmaiar e você quer que eu lide bem com isso? Quer que eu simplesmente chegue aqui na escola e olhe para a cara dele sem ter vontade de socá-lo? Não, Marcos, eu não poderia fazer isso.
– Christiano...
– Eu estou tentando te proteger e me importo com a sua segurança, goste você ou não. Se você acha isso besteira...

Christiano não terminou de falar e foi andando na frente.

– Christiano – o segurei pelo pulso. –, tudo bem. Chega! Não quero brigar com você, vamos esquecer isso.
– Não quero que nada de ruim aconteça contigo de novo.
– Não vai acontecer mais nada de ruim comigo e nem com você. – alisei seu braço enquanto olhava em seus olhos. – Está tudo resolvido agora.


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Ah, estou escrevendo uma nova história. Dá um olhada: https://www.wattpad.com/story/232592462-delivery-boy

:)

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