Ruby vem me buscar lá pelas sete e meia. Até agora não acredito que aceitei sair com ela, quebrando a promessa que fiz a mim mesma de nunca mais ir a lugar algum com aquela desmiolada, mas o que tá feito tá feito e não tenho mais como voltar atrás.
-Tem certeza que não tem problema de ficar aqui sozinha? -pergunto a minha mãe, enquanto jantamos pizza na cozinha.
Ela balança a cabeça colocando um pedaço na boca.
Depois que Ruby saiu, foi que me dei conta que minha mãe iria ficar sozinha nessa enorme casa e de repente me senti culpada por isso.
-Não vou ficar aqui por muito tempo. Combinei de me encontrar com a Diana pra matarmos a saudade e relembrar os velhos tempos.
Ficando mais tranquila dou um sorriso satisfeita.
Acho que mamãe tá começando a se conformar com a idéia de morar aqui.
Ela sorri de volta e então voltamos a comer em silêncio.
Temos a regra de eu lavar a louça e minha mãe enxugar desde quando morávamos na capital. Ela diz que é para manter o equilíbrio da convivência. Duas pessoas que moram na mesma casa só se dão bem se trabalharem juntas nas tarefas domésticas, mesmo sendo mãe e filha.
Lhe entregando um prato percebo que ela está me encarando estranhamente.
-O que foi? -pergunto passando a esponja no segundo prato.
Ela se encosta na pia de braços cruzados.
-Cadê a jóia de família que eu lhe dei?
Franzo a testa e então me lembro da corrente de prata com um pendante em forma de disco com uma pérola negra no centro dele e alguns símbolos estranhos ao redor. Ela me deu no primeiro dia que viemos para cá, pra ela falar com o advogado antes de virmos morar aqui.
-Tá aqui. -puxo o pendante para fora da minha blusa mostrando-a.
Ela o segura entre os dedos pensativa.
-Isso é um dispositivo de defesa pessoal muito antigo.
Solto a esponja cheia de sabão e o prato.
-Dispositivo?
Ela dá um meio sorriso. Minha mãe parece um anjo de olhos azuis e cabelos dourados, caídos ao redor de seus ombros. Ela é bem conservada pra quem tem quase quarenta anos.
-Deixa eu te mostrar. -ela solta meu pendante e então pega o seu que está em seu pescoço.
Viro-me completamente em sua direção tirando o avental e as luvas de borracha.
Com um movimento habilidoso, ela começa a puxar a corrente e só para quando fica do tamanho de um braço.
Franzo a testa abrindo a boca pra falar, mas ela me interrompe.
-Só mais um minuto. -pede.
Fecho a boca e balanço a cabeça indicando que pode continuar.
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Lua Negra (Editando)
WerewolfKimberly foi criada longe de seus parentes maternos, mas quando sua avó morre e sua mãe é obrigada a retornar a sua cidade natal para a leitura do testamento , ela vê nisso a chance de conhecê-los e descobrir mais sobre eles, porém quanto mais tenta...