[Música do capítulo 👆]
Ficamos enroscados por mais ou menos uma hora, conversando sobre coisas corriqueiras. Falar sobre os amaldiçoados mexeu um pouco comigo, pois me fez lembrar do meu pai. Ele era um caçador convertido e em uma de suas caçadas foi mordido por um lobo quando eu tinha dois anos de idade e a Lua Negra o matou pra que ele não virasse um lobisomem.... Um amaldiçoado.
Dominic faz carinho na minha barriga, seus dedos topam na minha cicatriz e tiro sua mão imediatamente do local.
—O que foi? –ele pergunta.
Balanço a cabeça em silêncio, me negando a falar qualquer coisa sobre isso.
—Qual é a história? –ele tenta tocar de novo na minha cicatriz.
Prendo sua mão ao lado do meu corpo.
—Que história?
—Da sua cicatriz. Não dizem que Por trás de toda cicatriz existe uma história? Então quero saber qual é a sua.
Desvio o olhar para as estrelas no teto, relembrando um dos piores dias da minha vida.
Respiro fundo e me viro pra ele, encarando seus olhos negros, as sobrancelhas pretas e grossas, os lábios carnudos de uma boca pequena. Ninguém além de mim, da Jess e da minha mãe sabe sobre o que aconteceu e sinto que posso confiar no Dom pra lhe contar qualquer coisa sobre mim.
—Na minha antiga escola tinha uma garota que vivia implicando comigo e eu sempre a ignorava, mas parecia que isso só a fazia ficar com mais raiva de mim. Um dia ela estava no alto da escada no quarto andar com duas amigas e quando passei por elas, ela me deu um encontrão que quase me fez cair de cara no chão. Com raiva e cansada de tudo que ela já tinha feito comigo, resolvi revidar e lhe dei um tapa no rosto, no mesmo instante ela tirou de dentro da sua bolsa um estilete e o enterrou na minha barriga. Pega de surpresa, a dor e o sangue me fizeram perder a cabeça... Fui pra cima dela com tudo, sem saber da minha força de lobo, ela se desequilibrou e caiu lá embaixo, quebrou o pescoço e abriu a cabeça... –faço uma pausa sentindo um nó na garganta. —Eu nã... Eu nã... –minha voz falha.
Dominic me olha com ternura, tirando uma mecha de cabelo dos meus olhos.
—Ei, ei. Eu sei que você não teve a intensão de matá-la. Foi um acidente. –ele beija meus lábios.
Assinto enxugando uma lágrima que escorre na minha bochecha.
— A escola classificou o ocorrido como acidente, por isso não fui presa e nem respondi a processo.
—Você é uma garota boa, baixinha. A escola percebeu isso e te livrou dessa.
Deito a cabeça no seu peito, ouvindo seu coração bater regularmente. Me sinto mais leve como se tivesse tirado um peso enorme das costas. Eu precisava desabafar e Dominic foi um bom ouvinte.
—Coisas ruins tendem acontecer com pessoas boas. –ele diz, mais para si mesmo do que pra mim.
Entrelaço nossos dedos e beijo os nós dos dele. Ah, como eu queria ficar assim pra sempre com ele, só eu e ele, nada de Lua Negra, nada de lobos, nada de lobo-cão.
Dominic sai da cama, pega uma roupa de dentro da bolsa esporte e põe.
—Se veste. –ele manda.
—A gente já vai embora? – levanto ainda um pouco tonta por causa dos drinques e pego minha calça jeans ao lado do criado mudo.
—Sim, mas antes vamos passar num lugar primeiro.
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Lua Negra (Editando)
WerewolfKimberly foi criada longe de seus parentes maternos, mas quando sua avó morre e sua mãe é obrigada a retornar a sua cidade natal para a leitura do testamento , ela vê nisso a chance de conhecê-los e descobrir mais sobre eles, porém quanto mais tenta...