Capítulo 45

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Ruby e eu nos juntamos a Lucy e ao Lucca.
As arquibancadas estão todas lotadas e alguns torcedores do time adversário tiveram que ficar na mesma arquibancada que nós.

Antes do jogo começar as animadoras de torcida da nossa escola entram e uma música eletrônica começa a tocar. Elas dançam, fazem acrobacias e a galera vai a loucura. Ruby e Lucy ficam em pé e dançam também. Ruby me puxa pela mão na vã tentativa de me fazer ficar em pé e dançar com elas. Digo que não quero e continuo sentada no meu canto.

A música pára e os Jaguars entram em campo. Umas garotas que torcem para o time adversário, "The Red's" de Wellos Falls, começam a vaiar e dizer coisas com os garotos.

-O que elas estão dizendo? -Ruby me pergunta sentando-se ao meu lado.

Olho em direção as torcedoras.

-Sei lá. -respondo dando de ombros.

Ruby se levanta num salto, joga os cabelos loiros ondulados para trás dos ombros, cruza os braços e começa a fuzilar as garotas com o olhar.

-SE ESSE BANDO DE GALINHAS NÃO PARAREM DE CACAREJAR, VOU METER PORRADA NELAS, KIM. -ela diz bem alto.

Arregalo os olhos horrorizada.

-Mas o que você tá fazendo? -indago, puxando-a para se sentar.

Ela se afasta de mim.

—É ISSO MESMO! –diz quando as torcedoras viram a cabeça na direção dela.

Envio um olhar de socorro para Lucca e Lucy, mas eles apenas caem na risada.

O outro time entra e as garotas gritam feito loucas ignorando Ruby.

-Senta, Ruby. O jogo já vai começar. -aviso, arrastando-a pelo o braço. Com muita relutância ela torna a se sentar.

O prefeito Quinn pega o microfone da mão do treinador dos Jaguars e fala um pouco sobre o ocorrido de hoje de manhã na escola. Cita meu nome, o nome da Lucy e dedica o jogo a Tamara que era a líder das animadoras de torcida e uma das torcedoras mais fiéis dos Jaguars.

Lucy sorri para mim ao ouvir seu nome.

—Samantha só está presa por causa de você. Você é que merece ser homenageada. –ela diz no meu ouvido.

Discordo dela.

—Não, nós duas. É por causa de nós duas que ela está presa. Se você não tivesse gravado toda a nossa conversa, eu não teria como provar.

Ela aperta minha mão com os olhos brilhando.

—Ahhh... lá está ele! –Ruby aperta meu braço, sorrindo de orelha a orelha.

levanto a cabeça.

—Quem? –Pergunto varrendo o campo com o olhar.

Ela revira os olhos.

—Hora quem, a razão de todos os meus problemas emocionais. O Noah! Olha ele alí. –ela aponta com o indicador. —o que está usando a camisa dezoito.

Franzo a testa.

—Ah, tô vendo. –Murmuro.

Como não o notei entre os outros jogadores? Se ele é o mais alto de todos.

Então tá explicado todo esse frenesi da Ruby. Noah é um dos jogadores que joga pela Havenwood Falls.

O jogo começa. Confesso que não gosto muito de futebol, mas vim porque queria ver o Dominic e essa era a única oportunidade que eu tinha.
Estou magoada e com muita raiva dele por ter ficado com outra, mas não posso arrancar o que sinto por ele de dentro de mim, assim de uma hora pra outra.

Procuro seu rosto na multidão e encontro seu olhar olhando fixo na minha direção. Ele está a duas arquibancadas da nossa. Junto de um grupo de motoqueiros e algumas garotas punk, ou góticas, sei lá. Todos estão tomando cerveja que tiram de dentro de um Cooler azul com branco. Não entendo porque ele não está aqui, pensei que esse fosse o grupo de amigos dele e não aqueles esquisitos.

—E é Touchdown!!! –Ruby grita, me fazendo desviar o olhar.

Os Jaguars acabam de marcar um Touchdown.

A torcida vai loucura e os gritos começam a me incomodar.

Fico em pé e vejo que a uma certa distância do campo tem alguns trailers que vendem comidas. Digo a Rubi que vou comprar água e saio.

Na medida que vou me distanciando do campo, as vozes, os gritos vão diminuindo.

Peço um suco de laranja em um dos trailers, pago e me sento em uma das mesas brancas de plástico.

Bebo um gole enquanto observo um casal se pegando atrás de uma das arquibancadas.

Sinto o cheiro de cachorro molhado no mesmo instante em que meu celular começa a tocar. Torço o nariz quando vejo que é o lobo-cão que está ligando.

O que é? –digo ríspida.

Calma irmãzinha, só liguei para lhe parabenizar por ter pegado a garota do mal. Deve estar se achando, não tá?

Mostro a língua para o celular como se fosse pra ele.

Não, não tô. –respondo.

A risada robótica ressoa nos meus ouvidos.

Adoro quando você tenta se fazer de durona comigo, mas a verdade é que morre de medo de mim.

Suspiro exasperada.

É engano seu. Eu não tenho medo de você... não mais. Mas acho que você tem medo de mim, porque senão não estaria todo esse tempo se escondendo por trás destas ligações idiotas.

Não seja tão apressada irmãzinha, logo teremos uma pequena reunião em família. Eu, você e a nossa querida mamãe. E a propósito, esse suco de laranja está gostoso?

—Como você sabe que eu tô tomando...

Baixo celular e começo a olhar ao meu redor. Vejo várias pessoas falando ao telefone, mas não tenho ideia de quem ele ou ela seja. Posso usar o meu faro para tentar rastrear de onde o cheiro vem, porém quando fiz isso hoje de manhã passei mal.

Ponho o aparelho de volta em meu ouvido.

Der Hölle Rache Kocht in meinem Herzen. – ele diz em alemão e desliga.

Como não entendo muito bem o idioma alemão, vou traduzir essa frase no google tradutor.

Digito as pressas enquanto ainda me lembro das palavras.

"A vingança do inferno arde em meu coração." E o que diz a frase.

Meu sangue gela nas veias. O lobo-cão quer vingança. Ele quer se vingar da minha mãe e ela acha que  eu é que estou em perigo, mas a verdade é que quem está em perigo aqui é ela.

Guardo o celular no bolso do moletom.

Preciso fazer alguma coisa. Preciso proteger minha mãe. Não posso deixar que ele faça mal a ela. O lobo-cão não me quer, ele quer a ela e vai me usar pra chegar até a minha mãe.

Quando chegar em casa vou pedir para irmos embora daqui ainda hoje. Vou insistir tanto que sei que ela vai acabar cedendo. E é o melhor a se fazer.

 E é o melhor a se fazer

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Continua na sexta.
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Obrigada pela leitura do capítulo anterior. Bjuss!!

Lua Negra (Editando)Onde histórias criam vida. Descubra agora