Lua Negra (Editando)

Capítulo 9

Cruzamos a cidade. É sábado à noite. Os bares e os restaurantes estão lotados de pessoas.
Nunca imaginei que uma cidade tão pequena como Havenwood Falls, pudesse ser tão animada nos finais de semana.

—Onde você disse que é a tal festa mesmo? –pergunto.

—Em North Point.–Ruby responde sem tirar os olhos da frente.

North Point é um bairro no outro lado da cidade. É perto da área industrial e de Forest Park, a reserva florestal de Havenwood Falls.

Desde quando sai de casa tentei não pensar muito no que minha mãe me disse e muito menos na sua demonstração estranha. Quero poder aproveitar o máximo possível da noite porque é a primeira vez que saio sozinha.

※※※

—Ah, não! Eu não vou invadir uma propriedade privada. –balanço a cabeça colocando as mãos nos bolsos da jaqueta para aquecê-las
do frio que tá demais
essa noite.

A festa que Ruby fez questão de me trazer, é dentro de uma antiga fábrica de papel.

Ela tranca o carro e coloca as chaves no bolso do short jeans.

—Não tem problema!
– aponta pra construção atrás de mim. — Há anos que está abandonada.

Mesmo sendo abandonada
não diminui o meu medo de ser presa e nem a sensação de estar fazendo algo muito errado.

Reviro os olhos.

—Que tipo de louco dá uma festa em uma fábrica abandonada?

—Do tipo de Dominic. A festa é dele.

—Quê? – não consigo esconder a minha expressão de surpresa e ao mesmo tempo a alegria de vê-lo de novo.

Respiro fundo fechando e abrindo os olhos.

—Você é encrenca, sabia?–afirmo.

Ruby dá uma risada alta, jogando a cabeça para trás.

—Deixa de ser medrosa. Não vai acontecer nada. –ela põe seu braço ao redor  do meu e me puxa.

Vários carros estão estacionados em um terreno baldio ao lado da fábrica. Posicionados para a estrada de terra fácil acesso, como se estivessem prontos para que se de repente seus donos tiverem que sair dali as pressas.

Deixo Ruby me arrastar para dentro e caminho com dificuldade por causa dos saltos.

"Deveria ter vindo de tênis mesmo."

Na medida que vamos nos aproximando, começo a ouvir a música alta. A festa está acontecendo em um pátio a céu aberto atrás da fábrica e não dentro dela.

Paro no meio do caminho encarando a multidão de gente na minha frente, todos jovens com idade entre quinze e vinte anos.

Em uma passarela que atravessa o pátio de um lado para outro está o DJ usando uma espécie de capacete na cabeça que saem luzes néon coloridas de buracos em sua extremidade. Ao lado dele está Dominic, lindo como sempre. Usando uma camisa de algodão preta, calça jeans e conturnos. A jaqueta de coura na mão e na outra um cigarro. Os dois conversam por cima da música alta. Dominic balança a cabeça concordando com alguma coisa que o DJ diz, olhando para a multidão abaixo de si.