Gritos Da Meia-Noite

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Faltando pouco para chegar em casa o pneu da caminhonete estoura, me fazendo dá uma freada brusca. Sou lançada contra a direção e sinto uma dor fina tomar conta dos meus seios.

É nisso que dá não usar o cinto de segurança.

-Droga! Tem como esse dia ainda ficar pior? -esbravejo, olhando pro teto.

Respiro fundo, espero alguns segundos até me acalmar e saio do carro batendo a porta com força.

Me afasto um pouco para olhar o que aconteceu...

-Mais... o quê?

Uma faca está cravada no pneu.

-Como isso veio parar aqui? -me agacho puxando-a. Sua lâmina parece que é de prata pura e seu cabo é de osso. Observo-a mais de perto e bem no canto do cabo tem o desenho de uma cabeça de lobo com duas espadas atravessando-a de um lado a outro formando um X perfeito. No meio do X está escrito: Lua Negra. Parece um tipo de marca que serve para diferenciar essa arma aqui de outra qualquer.

Fico em pé e dou uma boa olhada ao redor, me perguntando, quem e porquê teria feito isso comigo. E com que intenção, me machucar? Me assustar? Me matar...?


A tarde se torna cinza e pesada, com chuva fina e vento cortante.

Guardo a faca dentro do meu casaco vermelho e subo o capuz para proteger meus cabelos dos pingos que começam a cair.

Deixo o carro, levando comigo apenas minha câmera e a cesta. Por sorte o caminho é único, reto e dá direto na casa da minha avó. É só eu permanecer na estrada que não tenho como me perder.

Durante o trajeto, fico em silêncio, tentando processar tudo que aconteceu no bar, mas é difícil, porque a única coisa que vem na minha mente neste momento são os olhos negros de Dominic me encarando.

A caminhada demorou menos do que eu imaginava e logo estou atravessando o portão. Apresso os passos porque a chuva começa a engrossar.

Puxo o capuz para trás e estico a mão para tocar na maçaneta, mas antes que eu consiga tocá-la, a porta abre de uma vez e minha mãe sai para fora furiosa.

-Por que demorou tanto? Cadê seu celular? Porquê desligou ele?
Tentei ligar para você um
milhão de vezes dava
na caixa postal!

Abro a boca e fecho-a no mesmo momento, ela não me deixa falar.

-Mãe, calma. -peço com voz branda -Meu celular deve ter acabado a bateria. -pego o aparelho no bolso da minha calça jeans, para verificar e vejo que ele está desligado. A bateria descarregou.

Descartando o que eu digo, ela crava as unhas no meu braço e me puxa para dentro com rispidez como se tivesse puxando uma boneca de pano.

-Tá me machucando. -resmungo me desvencilhando dela.

Dante está encostado em uma coluna com as mãos nos bolsos da calça jeans, só observando o ataque de histeria dela.

Que vergonha.

-O que deu em você? -questiono-a com os olhos enchendo de lágrimas.
Ela nunca havia me tratado assim antes.

Lua Negra (Editando)Onde histórias criam vida. Descubra agora