Capítulo 27

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NO DIA SEGUINTE...

As cortinas do meu quarto são abertas fazendo com que os primeiros raios de sol invada tudo.

-Kim, acorde. -a voz da minha mãe entra de penetra em um sonho que tô tendo com o Dom.

Me sento esfregando os olhos que teimam em se fechar novamente.

Bocejo e dou uma rápida olhada no pequeno relógio de cabeceira. São seis da manhã. O que será que ela quer a essa hora?

-O que foi? -pergunto me espreguiçando.

Ela balança o telefone na minha frente.

-O que foi...? O prefeito acabou de me ligar furioso.  A filha dele está no hospital por sua causa.

Imediatamente me desperto. Não sinto mais nenhum resquício de sono.

-Ela tá bem?-passo o dedo no vinco entre minhas sobrancelhas.

-Felizmente sim. Somente o nariz e o maxilar foram quebrados. -ela bufa de raiva. -Posso saber o que foi que aconteceu? -seus olhos azuis estão em chamas.

Suspiro aliviada por não ter acontecido nada mais sério com ela.

Ponho tudo pra fora... Bem, quase tudo. Conto sobre a implicância da Tamara comigo, desde o dia em que vim a essa cidade pela primeira vez, que foi quando minha mãe veio para falar com o advogado.
Só não digo qual o real motivo dessa implicância toda.

-Você deveria ter me contado! Eu teria falado com o prefeito Quinn. Ele sabe muito bem o que somos e teria feito a filha dele ficar quieta.

Jogo minhas cobertas para o lado e pulo para fora da cama.

-Eu não queria lhe preocupar. Pensei que pudesse lidar com isso sozinha.

-Como lidou com a Asheley?

Fico chocada com a dureza dessas palavras. Mencionar o que aconteceu no passado, é golpe baixo.

-Você não deveria ter dito isso! -aponto um dedo em sua direção de olhos arregalados.

Saio do quarto correndo, ouvindo ela me chamar. Passo pela sala e saio para fora indo rumo a floresta.

Paro embaixo de um carvalho, o mesmo do outro dia. Ser a causadora da morte da Asheley deixou uma marca na minha alma que só eu sei. E ouvir minha própria mãe falar seu nome como se tivesse me julgando...Sinto a bile subir a garganta e não conseguindo mais me controlar desabo em um choro com soluços.

-Está chorando porquê, linda?

Levanto o olhar. O mesmo lobo que apareceu para mim a alguns dias, nesse mesmo local, está parado entre duas árvores.

Enxugo minhas lágrimas.

-Você fala? -balbucio.

Ele chega mais perto. Sinto o cheiro de mato banhado com o orvalho da manhã exalando dele.

-Mas é claro, tenho uma boca com uma enorme língua dentro. - responde com sarcasmo.

Reviro os olhos. É estranho, o lobo fala, porém não vejo sua boca se mexer e sua voz é esquisita, não é humana, mas também não é de um animal.

-É só que da outra vez você não falou comigo. -rebato fazendo careta.

-Eu tava com preguiça. -ele relaxa sobre as patas e fica me encarando com seus lindos olhos azuis brilhantes.-Agora posso saber o porquê dessa tristeza que sinto vindo de você?

Balanço a cabeça.

-Nada. Discuti com minha mãe, só isso.

-Humm...E foi muito sério?

Lua Negra (Editando)Onde histórias criam vida. Descubra agora