Capítulo 65 Part-2

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Dou uma enorme mordida no sanduíche de bacon com ovos que o Dom preparou para nós.

—Hum... Acho que alguém tá morrendo de fome. –ele limpa o canto da minha boca suja de catchup com o polegar.

Bebo um gole de refrigerante.

—Eu vivo com fome. –dou outra mordida.

Dominic dá risada e coloca o dedo sujo de catchup na boca.

—Essa é a minha garota. –diz, abocanhando seu sanduíche.

Estamos no terraço do loft, sentados no chão, ao redor de uma mesa redonda de madeira polida. Falta pouco mais de uma hora para o dia amanhecer e resolvemos ver o sol nascer daqui cima, pois tem uma vista incrível. Os prédios e fábricas ao redor com suas janelas escuras nos dão uma leve impressão que estamos numa cidade fantasma.

Quando terminamos de lanchar, fomos nos deitar num sofá cama macio de frente para onde o sol nasce.

—Me conta sobre o seu povo, a sua família, seu pai.. –peço.

Dominic se mexe um pouco embaixo de mim, enrolando uma mecha do meu cabelo no dedo.

—Eu já te contei sobre a minha família, lembra?

Assinto.

—Lembro, mas contou por alto e muito pouco, já que naquela época eu não sabia que você é lobo. Agora que sei, quero saber de tudo sobre a sua vida. –insisto.

Ele suspira. Uma coisa que notei no Dom é que ele não gosta muito de falar sobre si.

—Ok. –ele cede e eu sorrio saboreando o doce sabor da vitória. —Bom, vamos começar por meu pai então. Meu pai é o líder da nossa matilha, o famoso alfa. É um homem muito rígido, severo e autoritário.
Que trata todos com punhos de ferro, principalmente nós, seus filhos.

Quando ele diz "punhos de ferro" lembro das marcas de chicote que vi em suas costas naquela noite no penhasco e estremeço. Não consigo nem imaginar alguém machucando-o fisicamente.

Enlaço nossos dedos.

—Foi ele que fez aquilo com você? Que surrou suas costas daquele jeito? –pergunto, rezando para que eu esteja enganada e sua resposta seja outra.

—Sim. –Dominic me responde imediatamente sem sequer vacilar no seu tom de voz.

Estremeço novamente. Que tipo de pai dá uma surra dessas num filho? Só um monstro faz isso.

Fico em silêncio sem saber o que dizer e ele continua.

—Meu pai soube que nós estávamos ficando e veio me questionar. Queria que eu só me divertisse com você e depois te deixasse pra lá, mas eu disse que estava apaixonado, e ele ficou possesso. Então me amarrou em um tronco, que é usado para castigar lobos que cometem algum ato infracionario e me deu cinqüenta chibatadas com chicote de couro com ferros nas pontas.

Sinto ânsia de vômito, o sanduíche que comi vem até a boca do meu estômago.

—Sinto muito. –digo com os lábios tremendo.

Dominic encosta o queixo no topo da minha cabeça.

—Não foi nada, baixinha. Já passei por coisas piores.

Beijo os nós dos seus dedos.

—Mas não por minha causa.

—Por você eu até morreria se fosse preciso.

Outra vez fico sem palavras.

Me viro e o beijo com força. Transmitindo pra ele o quanto sou grata por tê-lo na minha vida.

—Você e seu pai são tão diferentes. –comento, ajeitando a jaqueta dele no meu corpo.

—É verdade, mas ele nem sempre foi assim. Quando éramos pequenos o meu avô era o alfa da nossa alcatéia e quando ele morreu, meu pai assumiu seu lugar de líder e depois disso mudou demais. Às vezes fico me perguntando se eu também vou mudar quando ficar no seu lugar quando ele se aposentar ou morrer.

Descanso a cabeça no seu peito.

—Você é bem melhor que isso, tenho certeza que não irá mudar em nada...mas você não pode rejeitar?

—Infelizmente não. Por ser o filho mais velho, é meu direito e obrigação ser o próximo líder do nosso povo e não tenho como rejeitar, a não ser que eu fuja, mas ai eu me tornaria um ômega e todos sabem que um ômega não sobrevive sozinho.

—E o que um ômega? –Pergunto, procurando na memória se li sobre isso no códice da Lua Negra, mas acabo concluindo que não.

—Lobo solitário. Sem matilha, sem família. E quando um lobo vira um ômega, significa que ele cometeu um crime grave contra a sua própria matilha e por medo ou receio nenhuma outra alcatéia o aceita e assim ele vira lobo solitário.

—Credo! –torço o nariz. —Não quero que você se torne um ômega.

Dominic ri.

—Não vou me tornar um lobo solitário tendo você ao meu lado.

Cutuco suas costelas com as pontas dos meus dedos.

—Você sabe muito bem o que eu quis dizer. –retruco.

Abro um sorriso luminoso,
respirando fundo, inalando seu cheiro gostoso. É estranho me sentir atraída por seu cheiro. É como se eu só conseguisse conhecê-lo melhor através do seu cheiro. Acho que deve ser coisa de rastreadora.

—Por que você nunca deixou que as pessoas vissem esse seu lado? –indago.

Dominic tomba a cabeça para o lado, passando os dedos por meus cabelos.

—Que lado?

Viro-me para encará-lo.

—O lado doce, amoroso, bom. Dom, você não é esse bicho de sete cabeça que as pessoas dessa cidade pensam que é. Você é bom e eu vi isso assim que o conheci, quando evitou que eu caísse toda estatelada no chão do bar da Diana... Você realmente se preocupou comigo quando perguntou se eu tava bem, mas logo colocou a faxada de garoto do mal quando Tamara apareceu do nosso lado.

Dominic tenta se desvencilhar da minha pergunta, falando em outras coisas, mas insisto e ele acaba cedendo.

—Tá certo, Kim, vou te contar, mas vou logo adiantando que não é nada bom o que vai ouvir.

Sinto uma mistura de medo e curiosidade. O que será tão ruim assim que ele precisa me alertar antes?

Me levanto e sento na mesa de frente pra ele.

—Quero que saiba que pode me contar o que quiser. Prefiro assim, tô cansada de segredos e...

— Sou noivo.

Continua amanhã. Votem e comentem (somente sobre o capitulo) Música do capítulo na mídia. Bjuss meus Luanaticos 😘😘😘

Lua Negra (Editando)Onde histórias criam vida. Descubra agora