Capítulo 25

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A festa está uma droga e depois do que a namorada de Hanna despejou em mim sem querer, não consegui me concentrar em mais nada. A vontade que tenho é de ir embora, mas como combinei de me encontrar com o Toby, resolvi ficar e esperar por ele mais um pouco.

Me sento no primeiro banco da arquibancada, a madeira podre range com o meu peso.

Fico observando as chamas altas da fogueira, pensando o porquê da minha mãe não ter me contado que teve um irmão.

—Não vai aproveitar nada da festa se ficar aqui só olhando os outros se divertirem.

O cheiro de cigarro, álcool e flor do campo invadem meu nariz.

Meu coração dispara seguido por um frio na barriga. Dominic segura dois copos vermelhos cheios de cerveja. Me entrega um e toma um gole do outro.

Observo-o de boca a aberta, surpresa demais para falar qualquer coisa.

Olhando pra frente, ele sorri formando covinhas em suas bochechas bem esculpidas.

—Se continuar me olhando desse jeito, vou ter que começar a cobrar. –seu tom é de brincadeira, mas não pude deixar de ficar corada.

Dou um pequeno sorriso tímido, mas logo fico séria quando vejo Tamara do outro lado da fogueira nos fuzilando com o olhar.

—Sua namorada não para de olhar pra cá, acho melhor você ir até ela antes que ela venha até aqui armar um barraco. –bebo um gole de cerveja. —Não quero problemas pro meu lado.

Ele balança a cabeça, olhando na direção da ruiva.

—Namorada? Tamara não é minha namorada. A gente se curte, mas compromisso sério eu só tenho comigo mesmo, gata. É mais seguro.

Reviro os olhos, sentindo uma espécie de alegria por dentro.

Viro-me totalmente para encará-lo.

—Pra você? –retruco. Toda para saber um pouco mais sobre ele.

—Pra elas... É mais seguro pra elas.

Dominic é a verdadeira personificação de um Badboy: Cara de marrento, mais músculos que cérebro e seu estilo de se vestir também ajuda muito  a reforçar isso. Jaqueta de couro preta, calça jeans, coturnos e camiseta, cabelos revoltos.

—É, só que isso não impediu a Tamara de vir encher meu saco. –digo, lembrando-me de hoje de manhã.

Como se tivesse levado um tapa, Dominic vira o rosto de uma vez para me olhar nos olhos.

—O que foi que ela fez? –ele pergunta surpreso.

Conto tudo que aconteceu no corredor da escola, inclusive a parte em que ela exigiu que eu ficasse longe dele.

—Acho que alguém disse a ela que você me defendeu do cara na festa e com isso ela deduziu que tivéssemos alguma coisa. – termino de explicar.

Dominic muda de expressão. A mesma fúria que vi na noite da festa na fábrica quando ele bateu no cara, vejo agora em seus olhos.

—Acho que Tamara e eu precisamos ter outra conversinha. –ele suspira  passando a mão no cabelo.

Baixo a cabeça arrependida. Acho que fiz besteira em contar sobre hoje de manhã. Agora o Dom vai tomar satisfação com ela e Tamara vai vir com tudo pra cima de mim.

—Droga! Eu e a minha boca grande. –sussurro.

Sem dizer mais nada Dominic coloca o copo na arquibancada, se levanta, põe a jaqueta e pisando duro segue em direção ao grupo de amigos.

Lua Negra (Editando)Onde histórias criam vida. Descubra agora