XIV

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Sentei-me na ponta da praia longe de todo o mundo e apreciei sozinha o sol que se ia pondo por detrás do mar.

Já estava lá há cerca de vinte minutos sozinha e em silencio só a olhar para o horizonte com as mãos abraçadas ao meu joelho.

Senti uma pessoa se sentar ao meu lado mas nem precisei virar a cara para saber quem era. Apenas apanhei uma concha e atirei para longe caindo na beira da água.

Ficamos assim, sentados um ao lado do outro, sem ninguém proferir uma palavra, a ver o céu adquirir tons de laranja, rosa e depois o azul começando a anoitecer e as estrelas a aparecerem timidamente no céu.

Não sei por quanto tempo ficamos nessa posição mas deve ter sido no mínimo vinte minutos.

Adam passou a mão pelo cabelo, depois pela cara e deixou sair um pequeno rugir frustrado atirando uma pedra para o mais longe que pôde, indo muito mais longe que a minha e depois olhou para o céu fitando as estrelas que pairavam sob nós.

- Alex... - Ele começou e apenas o som da sua voz foi suficiente para me enviar calafrios pelo corpo todo. – Tens de entender... Eu não podia ficar.

Eu não respondi.

Passaram-se cinco longos minutos até que a minha voz tenha saído num fio trémulo.

- Nem te despedires? Nem dizeres nada durante meses?

- Alex ficou bem claro quem tu querias – ele finalmente me fitou sério. – e eu aceitei isso. Mas não podia ficar a assistir.

Eu respirei fundo e tomei coragem para o encarar.

Voltei-me para ele com as suas roupas relaxadas típicas de surfista e de quem vive na praia e uma sensação inexplicável invadiu-me ao admirar a cara dele novamente:

A sua face perfeitamente esculpida, os seus lábios firmes numa linha recta, a linha que se formava na sua testa sempre que ele estava numa situação desconfortável, as suas mãos grandes e suaves das quais me lembro do seu toque enterradas na areia, a pele branca dele que contrastava com a camisa preta que vestia, os seus cabelos cor de mel que reluziam na pouca luz da noite e os seus olhos... Os olhos castanhos que tão bem me conheciam a alma.

- Adam há coisas que não percebes. – eu falei. – não sabes o que me fez escolhe-lo e não me deste a chance de explicar.

Ele finalmente olhou para mim e os seus olhos encontraram os meus fazendo-me parar de respirar por um segundo.

- Não Alex – ele falou numa voz grave – eu não me arrependo de ter me ido embora. Foi a melhor coisa que eu podia fazer no momento.

As palavras dele foram como uma faca no meu coração e não pude deixar de suprimir as lágrimas, embora sem efeito.

Premi os lábios que tremiam e deixei as lágrimas tomarem o seu curso natural.

- Uau, bom saber – me levantei limpando os olhos preparada para me afastar dele mas virei-me a meio caminho. – Bom saber que passei noites a chorar e a pensar em ti na esperança de que me contactasses e me desses uma explicação para depois saber que afinal nunca importei para ti!

Gritei-lhe na cara.

Ele se levantou de rompante e andou furioso para onde eu estava:

- Tu importaste para mim Alex! – ele disse com fúria e com a face a poucos centímetros da minha.Depois a voz era apenas um sussurro. – Ainda importas.

- Então porque foste embora? – perguntei-lhe não desviando o olhar do dele e os nossos corpos estavam tão perto que quase se tocavam ao respirar.

CENA REAL (Como Ser Uma Princesa Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora