XXXIV

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Vestidos, vestidos e mais vestidos. Era do que consistia os meus dias.

Desde que as aulas terminaram eu voltei para casa onde o inverno estava a começar devido à mudança de hemisfério.

- Hm, esse aí não. – disse depois de tirar um gole do meu chocolate quente apontando com o meu dedo indicador que surgiu timidamente por debaixo da minha camisola enorme de lã que vestia por cima de outra camisa de manga comprida. – É muito...

Estalei os dedos à procura da palavra certa.

- Aborrecido? – sugeriu Martha com uma careta ao passar pela mesa onde eu e minha mãe estávamos a analisar esboços de vestidos feitos especialmente para mim.

- Exacto! – exclamei.- É exatamente isso Martha.

Martha abafou um riso ao olhar pra mim.

- O que foi? – perguntei com cara de tola.

- A princesa tem... - apontou para o topo do meu lábio. – um bigode de espuma.

- Oh ok. – limpei com a manga da camisa.- obrigada.

- Alex... - minha mãe deu-me um olhar reprovador. – Quantas vezes tenho de te dizer que isso não é digno de uma rapariga. Limpar com a roupa? Pra que servem os guardanapos?

Bufei.

- Ah mãe. – terminei a minha bebida e deixei-me cair com um estrondo no sofá ganhando outro olhar da minha mãe . - Está muito longe.

Ela suspirou.

- Não sei o que hei de fazer contigo.

Levantei-me de um salto e pulei no colo dela apanhando-a de surpresa.

- Não podes fazer nada porque sou a tua filha única e tu amas-me. – abracei-lhe dando-lhe beijinhos e fazendo-lhe cócegas.

Ela começou a rir e a desviar-se de mim até que eu parei.

- Ok, ok. Está bem sua chatinha. – falou ela divertidamente. – Mas agora a sério. Já andámos por mais de trinta e cinco vestidos que nos foram enviados desde Gucci a Dolce&Gabanna e tu não gostaste de nenhum.

Levei as mãos ao ar.

- Isso é porque nenhum deles me chamou a atenção! – expliquei. – Nenhum é a minha cara.

- Estou a ver... - falou a minha mãe vendo de novo para os vestidos e depois pousou os óculos. – e o que estás a pensar fazer então?

- Não sei. – respondi sinceramente. – queria que alguém que me conhecesse de verdade fizesse o meu vestido.

E aí tive a ideia.

- Mãe! – esbugalhei os olhos – Tive uma ideia!

- estou a ouvir. – cruzou os braços.

- E se a Jaz fizesse o meu vestido? – sugeri – Ela sabe exatamente o que eu quero! Mesmo eu não sabendo o que eu quero.

- A Jasmine? Tens a certeza? É um casamento real filha. É muita responsabilidade.

- Eu sei mãe. Mas é a Jaz. Eu confio cegamente nela. E ela é uma estrela. Tu já viste o talento que ela tem. Se alguém é capaz de estar à altura é ela. E com ela e Bia a trabalharem juntas, a coordenação entre o vestido de noiva e o das damas de honor vai ser fantástica!

- Bem... eu confio em ti. – minha mãe disse. – e se tu achas que a Jaz fará um bom trabalho então força. O casamento é teu.

- Eu tenho a certeza que ela vai se passar depois de eu lhe dar a noticia.

*-*

- O quê?! Repete lá isso?! – Jaz exclamava do outro lado do ecrã.

Eu desatei-me a rir.

- Foi o que ouviste. Tu vais fazer o meu vestido.- repeti. – se quiseres é claro.

- Duuuuuuh! É claro que eu quero parvinha. Uff – ela se abanou jogando o longo cabelo cacheado pra trás. – Jesus. Vou fazer o vestido do casamento real da minha melhor amiga. – deu uma pausa. – sem pressão.

- Sem pressão. – brinquei. – mas agora a sério Jaz. Eu sei que te vais sair lindamente.

- Pois, ya, bem, Alex vou indo. Preciso de... - ela olhou em volta agarrando em papéis e lápis de vários tamanhos – desenhar. Txau.

E assim ela desligou.

Eu continuei a sorrir ali sentada de pernas cruzadas na minha cama sob o colchão azul marinho fofinho que me lembrava do mar.

Levantei-me de onde estava, tranquei a porta do meu quarto e peguei no meu telemóvel ligando-o à aparelhagem que se encontrava na minha mesa cabeceira ao lado cama.

A seguir coloquei a minha playlist favorita no spotify e ao som de Bad Liar dancei pelo quarto cantando em plenos pulmões até cair de forma dramática na cama com a escova do cabelo na mão fazendo de microfone ao cantar a última linha.

" Cause if my feeling's on fire, guess i'm a bad liar."

Quando a música terminou inspirei fundo sorrindo largamente de olhos fechados deitada na minha cama até a próxima música, Malibu, começar.

Ao ouvir essa música eu abri os olhos lentamente e andei até às portas da varanda do meu quarto que tinha vista para o mar ficando ali a apreciar as ondas frias do inicio de inverno a chocarem-se umas contra as outras.

Abri as portas, não me importando com o vento fresco mas não frio que passou por mim, inspirei a brisa do mar, me sentei na cadeira que balançava a partir do tecto, colocando uma perna em cima apoiando o queixo ao joelho deixando a outra balançar com a cadeira e abri o livro que estava a ler: Um Porto Seguro de Nicholas Sparks e suspirando a cada frase romântica que lia.

Algumas coisas nunca mudam.

E eu estava feliz por isso.

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Hey gente. fui de férias e só voltei agora. Estou super cansada e doente mas aqui vai um mini capitulo pq não escrevo há mt tempo. adorei a ultima parte pq mostra a alex a desfrutar da sua propria companhia e acho isso super importante.

bjinhos.

CENA REAL (Como Ser Uma Princesa Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora