Adotada Pela Máfia

Secretos revelados

_ Do que você está falando? - perguntei tentando não demonstrar o meu nervosismo.

_ Não finge que não sabe - ela falou irritada. - Eu ouvi você e o Afonso conversando no escritório dele.

Naquele momento eu fiquei sem reação. Eu me senti culpado por ela descobrir a verdade dessa forma.

_ Eu queria contar a verdade para você, mas...

_ Rafael, para - ela me interrompeu. - Eu só quero ir pra casa e descansar.

Então ela olhou para a janela e não disse mais nada. Eu não queria que a conversa tivesse terminado assim, mas eu a entendia. Muita coisa tinha acontecido naquela noite: eu fui naquele hotel para matar o Rômulo, mas descubro que a Milena tinha sido sequestrada por ele e agora ela me contou que sabe a verdade sobre o seu pai biológico. Não é fácil para ninguém na verdade e...

É, o silêncio é essencial naquele momento.

Lena

Eu estava feliz pelo o Rafael ter me tirado daquele hotel a tempo, mas eu estava desapontada com ele por te escondido de mim a verdade sobre o meu pai biológico. Isso me faz perguntar se um dia eu conseguirei ter confiança nele ou na minha família de novo, pois estava óbvio que eles também sabiam disso tudo.

Mas eu não quero pensar nisso agora. Eu estou muito cansada e tudo o que eu quero é dormir na minha cama, porque eu ainda estava dolorida por ter dormido amarrada naquela cadeira na noite passada.

Assim que chegamos em casa minutos mais tarde, Rafael ajudou a me levar até a porta de casa. Ao entrarmos lá dentro, vi o Afonso e a Sabine vindo na minha direção e me abraçaram (como na última vez que eu fui sequestrada).

_ Milena estávamos tão preocupados - falou Sabine. - A onde você estava?

_ Com o Rômulo - respondeu Rafael. - Ele a tinha sequestrado.

_ O quê? - perguntaram os dois juntos.

_ Mas isso não vem ao caso agora - falei nervosa. - A questão é que eu sei da verdade agora.

_ Que verdade, Milena? - perguntou Sabine.

_ Eu sei de toda a verdade - respondi e mesmo estando cansada, eu percebi que já estava na hora de colocar as cartas na mesa. - Vocês achavam mesmo que eu ia descobrir?

Dessa vez todos ficaram calados, porém dava para ver na expressão do Afonso e da Sabine que não esperavam por isso.

Mas logo o silêncio foi quebrado quando o Enrico veio na minha direção e me abraçou forte.

_ Lena, a onde você estava? - perguntou ele. - Todos estavam te procurando.

_ Filho, depois eu te explico tudo - disse Sabine -, mas agora estamos tendo uma conversa de adultos, então vá para o seu quarto.

_ Que saco - Enrico se afastou. - Eu nunca posso saber de nada o que acontece nessa família.

_ Por enquanto, não - falou Afonso. - Agora vá para o seu quarto, porque daqui a pouco sua mãe vai lá.

_ Tudo bem, mas antes você me promete um coisa, Lena - Enrico olhou para mim parecendo que ia chorar. - Não vá embora. Um irmão já me abandonou, eu não quero que você me abandone também.

Aquilo cortou o meu coração.

_ Ei, eu nunca vou te abandonar - falei. - E o Enzo logo logo vai voltar.

Ele assentiu e logo subiu para o seu quarto.

_ Então? - decidi voltar o assunto. - A onde estávamos?

Afonso e a Sabine se entreolharam e logo ficaram tensos.

_ É melhor contarmos a verdade - disse Sabine. - Toda ela.

_ Tem certeza? - perguntou Afonso.

_ Eu já estou cansada de tantos segredos.

_ Olha, eu já sei da verdade - falei. - Eu sei que o meu pai é o chefe da máfia da Rússia e vocês decidiram esconder isso de mim. Eu achava que não teríamos mais segredos nessa casa, mas eu estava enganada.

_ Você está certa, mas essa não é a história verdadeira - disse Sabine.

_ Como assim não é a história verdadeira? - perguntou Rafael.

Afonso olhou pra ele.

_ Não era para você ter escutado a nossa conversa naquele dia - falou ele. - Nós sabíamos que você não nos deixariam em paz se a gente não contasse tudo, então tivemos que inventar uma história para você acreditar.

_ Nós fizemos isso, porque achávamos muito cedo para a Milena saber a verdade sobre o seu pai biológico e... - Sabine fez uma pausa -... também muito cedo para você saber da verdade.

_ Como assim? - perguntamos nós dois juntos.

_ A mãe da Milena não se chamava Kátia, ela se chamava Elena - disse Sabine.

Elena. Eu já escutei esse nome antes, pensei.

_ Quando a Elena conheceu o seu pai, Milena, ela era a mulher mais feliz do mundo - Sabine começou a contar. - Ele a fazia se sentir assim todos os dias. Dois anos depois do casamento você nasceu e a família estava completa e muito feliz. Mas...aos poucos ele foi mudando de um jeito que nem a Elena conseguiu mais reconhecê-lo. Ele se tornou um homem perigoso e temido por todos.

_ Elena já estava cansada daquele mundo de criminalidade, ela não não queria aquilo pra ela e nem para você - continuou Afonso. - Por isso ela decidiu fugir e só existia uma pessoa que sabia o que estava acontecendo com a Elena - disse Sabine. - Seu pai, Rafael.

_ O quê? - Rafael ficou perplexo.

_ Antes de morrer ele me contou tudo - respondeu Afonso. - Só não me contou em qual orfanato onde a Milena estava.

_ Por que ela me colocou no orfanato? - perguntei tentando não chorar. - Por que ela me colocou lá?!

_ Calma, Milena - disse Sabine. - Ela precisava fazer isso. Um pouco antes de fugir ela contou para o pai do Rafael que estava com câncer e não teria muito tempo de vida. O pai do Rafael se ofereceu para ficar com você, mas ela não quis.

_ Você ia fazer três anos na época - disse Afonso. - Eu fiquei anos te procurando, mas eu nunca te encontrei. Até que um dia eu vim para o Novo México resolver umas coisas e descobri que aqui também tinha um orfanato e quando eu te vi logo soube que você era a filha da Elena.

_ Não chegamos a conhece-la, mas o pai do Rafael já mostrou uma foto dela e... - Sabine sorriu -você é muito parecida com ela quando era mais jovem.

Dei um sorriso também, mas logo sumiu.

_ Por que eu não me lembro de nada disso?

_ Como eu disse antes, você ainda ia fazer três anos. Você ainda era muito nova para entender as coisas e aos poucos a sua mente foi apagando as lembranças que você tinha antes de ir para o orfanato - respondeu Afonso.

_ E... - fiz uma pausa -...quem é o meu pai afinal?

Os dois ficaram em silêncio de novo, me deixando mais tensa ainda. Então o Afonso respirou fundo e falou:

_ O seu pai...

_ Sou eu - olhei para trás e vi um homem que eu nunca tinha visto antes.