Capítulo 4.

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No dia seguinte, acordei bem disposta. Eu estava querendo ter um sábado diferente mas não tinha ideia do que fazer, meus dias tinham sempre a mesma rotina e nesse dia, eu queria que fosse diferente. Após minha higiene matinal e minha oração, desci para o café da manhã.

— Bom dia, estrelinha. — papai me cumprimentou.

— Ai, bom dia. — respondi docemente.

— Algo errado? — papai e mamãe perguntaram em uníssono.

— Agora pude sentir uma dorzinha chata nas costas.

— Deve ter dormido de mal jeito. — comentou papai.

Começamos o café da manhã juntos, papai estava concentrado em seu jornal e mamãe lia o livrinho da escolinha dominical. Eu, na verdade, estava bastante perdida em meus pensamentos, buscando o que fazer de diferente naquele dia.

— Gente.. — os chamei a atenção. — Vocês poderiam me aconselhar algo para eu fazer no dia de hoje, que seja diferente de todos os outros? — perguntei.

Mamãe e papai me encararam por um certo tempo e logo depois começaram a rir.

— Filha, isso quem tem que saber é você. — respondeu papai, rindo.

— É, meu amor. O que você gostaria de fazer? — mamãe indagou.

— Não sei, por isso eu perguntei.

— Chama as meninas para passarem o dia com você. — aconselhou, papai.

— Hum, mas a Grace já veio aqui. Então seria quase o mesmo esquema.. — respondi indecisa.

— Então, vai na casa de alguma amiga sua. — respondeu mamãe.

— Ah, não quero incomodar. — falei.

— Assim fica difícil, filha. — disse, papai. — Melhor você decidir sozinha, você sabe ao certo o que quer. — completou.

— Obrigada mesmo assim, gente. — respondi e me levantei da mesa já como havia terminado o café.

Voltei para o meu quarto e li a bíblia por um longo tempo, depois, estudei a lição da escolinha bíblica do dia seguinte.

Meu sábado passou rápido, infelizmente eu não fiz nada de diferente, já era noite e eu estava vendo um filme infantil quando mamãe e papai chegaram.

— Manu.. Sabe o filho da Julieta? Então, está melhor. Está com previsão de alta para terça-feira. — mamãe comentou alegre.

— Que bom, mãe! Graças a Deus.. Fico muito feliz, estava orando por ele. — respondi.

— Ela estava muito contente, isso alegra tanto meu coração. — falou.

— Alegra qualquer coração! — exclamei. — Mãe, estava pensando, tenho que procurar um trabalho.. — comentei.

— Um trabalho? — perguntou incrédula. — Mas, meu amor, você ainda não fez o curso. — completou.

— Eu sei, eu sei. Mas é só para ganhar algum dinheiro por enquanto, não quero mais ficar incomodando vocês. — falei.

— Hum.. Bom, minha filha, é você que sabe.. Mas pense bem.

Em pouco tempo o jantar ficou pronto, papai e mamãe contaram da visita aos hospitais que haviam feito. Eu queria fazer parte, mas a igreja só permitia jovens a partir dos 25 anos. Eles vão aquele lugar, visitam e levam a palavra aos doentes e também os oram, com certeza, aquilo era maravilhoso. Após o jantar, mamãe e papai subiram como de costume e como eu ainda não estava com sono, decidi lavar a louça da janta. Eu não via a hora de ir ao orfanato no dia seguinte, sentia falta de ver aqueles rostinhos, sentia falta de brincar com as crianças e passar meu tempo com eles. É triste que crianças tão extraordinárias, talentosas e amorosas não tenham pais ao seu lado, guiando seu caminhar, apoiando e cuidando. Com certeza aquele orfanato era uma família, se via a dedicação das mulheres que cuidavam daqueles pequenos, mas ainda sim, um pai e uma mãe faz falta à qualquer um.

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