Capítulo 27.

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Mídia acima: Música cantada de Thomas para Manuela.

Assim que os aplausos começaram, eu sabia que não poderia mais ficar ali, então sem nem pensar duas vezes, retirei-me imediatamente da sala, enxugando as lágrimas que insistiam descer.

Como tive coragem de fazer isso, meu Deus? — perguntei em pensamentos.

Eu nem acreditava no que havia acabado de fazer, nem ao menos sei como tive força para estar na frente de todos, lendo tudo àquilo que era apenas para o professor. No dia em que escrevi aquelas palavras estava tão magoada, meu coração se partia ao meio e tudo o que eu queria era desabafar, foi como se estivesse escrito em um diário, soltando todas as palavras e memórias que eu guardava dentro de mim. Colocar tudo àquilo para fora, com certeza, fez com que eu me sentisse mais leve, mas por outro lado, eu sentia medo.

Passei pelos corredores o mais rápido que pude, nem peguei minha mochila e todas as minhas coisas, tinha certeza que Claire ou Julian o fariam.

— Manuela! — ouvi a voz de Thomas assim que cheguei na entrada da faculdade.

Imediatamente me virei para trás, e pude vê-lo, no momento em que parou em minha frente, não tinha percebido que ele havia me seguido.

— Me desculpa! De verdade. — pedi, em lágrimas. — Quando eu escrevi tudo àquilo foi em momentos de dor e tristeza, deixei sair tudo àquilo que estava me machucando, me ferindo, me matando por dentro. De alguma forma, escrever sobre tudo o que passamos me deixou mais leve, eu pude sentir-me um pouco melhor. Sei que você nunca quis que soubessem da gente, e eu acabei deixando isso em público, mas eu não tinha muito o que fazer. Me perdoa. — virei-me novamente para frente e voltei a caminhar.

Não esperei que Thomas me respondesse, quando falei, pude ver que me olhava tão confuso que não tive coragem de ficar para receber uma resposta. Escutei-o gritar meu nome, mas não voltei para vê-lo, e acho que ele havia entendido isso.

Peguei um ônibus de volta para casa, já controlado o choro mas tentava ao máximo não me recordar de tudo o que aconteceu em sala de aula, no caminho de volta, apenas concentrei-me em minhas memórias de infância, mesmo que a vontade de chorar tentasse me ganhar, consegui ser mais forte que ela.

Assim que cheguei em casa, fui diretamente para o banheiro, tomei um banho quente e coloquei um pijama, não tenho como negar que deixei algumas lágrimas escaparem no banheiro, às vezes eu me sentia tão fraca, eu não sei como conseguia ser tão emotiva e tão sensível.

Me sentia tão idiota por chorar, me sentia tão besta pelo o que havia feito em plena sala de aula, eu deveria ter negado e aceitado o zero no trabalho, mas não deveria tê-lo feito. Não coloquei apenas a imagem de Thomas para todos verem, mas também a minha.

O que vou fazer agora? — questionei-me.

Não queria mais chorar, não queria continuar me sentindo tão tonta, com certeza, nunca senti tanta raiva de mim e sentir àquilo, me deixava ainda mais decepcionada, eu sentia que tinha falhado.

Após tomar um remédio para dor de cabeça, sentei-me no sofá e foi quando meu celular apitou.

Mensagem:

"Estou em casa desde segunda-feira, quando quiser, venha me visitar.. Estou com saudades." era Samantha.

Eu não estava com cabeça para ir vê-la naquele momento, acho que eu precisava de um tempo a sós com meus pensamentos e Deus, então lhe mandei outra mensagem, dizendo que com certeza no dia seguinte, eu apareceria lá.

{...}

Passei o dia inteiro assistindo televisão, já estava quase na hora de meus pais chegarem quando me levantei, e arrumei a casa inteira, bem mais rápido do que de costume.

O Milagre [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora