Capítulo 36.

2.4K 262 127
                                    

Mídia acima: Música cantada e tocada por Manuela no velório de Samantha.

No momento em que as palavras foram ditas, os pais de Samantha começaram a chorar desesperadamente.

— Não! Não pode ser verdade! — Barry, gritou.

Assim que escutei o grito de Barry, recobrei a consciência, havia ficado paralisada com a notícia. Olhei ao redor, todos estavam em prantos.

— Como assim ela está morta, doutor? — Peter perguntou, estava em lágrimas, como todos.

— Fizemos o possível para salvá-la, mas era ela ou o bebê, ela sabia o risco que corria, mas escolheu o filho. — o médico respondeu.

Podia ouvi-los, mas era como se não conseguisse guardar nenhuma palavra em minha cabeça. Uma lágrima seca e pesada rolou pelo meu rosto.

Nunca mais vou vê-la? Samantha está morta? — perguntei para mim mesma, em pensamentos.

Não conseguia pensar, olhei mais uma vez ao redor, era como se tudo estivesse paralisado em minha volta, estava totalmente fora de mim.

— E o bebê? — pude ouvir alguém perguntar, mas não reconheci a voz. Meu corpo estava ali, mas a minha alma, estava distante.

Está na incubadora. Por nascer prematuro, precisará de muitos cuidados. Ele só tem sete meses, os pulmões não estão preparados para respirarem sozinhos, assim como o sistema imunológico está baixo.

— Manuela. — ouvi me chamarem e quando olhei na direção da voz, era mamãe. — Manuela?

Foi quando pude escutar o som de cada lágrima que estava sendo derramada, pude assimilar tudo o que aconteceu e então, comecei a chorar.

— Não! Minha filhinha não! — a senhora Miller exclamou, ao mesmo tempo que jogou-se nos braços do pai de Sam, que a segurou imediatamente.

Aquela cena partiu meu coração mais do que já estava partido, eu queria gritar mas não conseguia nem abrir a boca.

— Nós precisamos vê-la, por favor, doutor. — o senhor Miller pediu inconsolavelmente, enquanto abraçava a mãe de Sam.

— Estão terminando de limpá-la, poderão entrar, se quiserem.

Dirigi meu olhar para cada pessoa naquela sala, Claire estava abraçada à Julian e ambos choravam, Barry nem sequer estava mais ali.

— Manuela, fala alguma coisa, minha filha. — mamãe pediu, em prantos.

Enxuguei minhas lágrimas ao escutá-la, mas era impossível proibir que elas continuassem a descer. Eu não sabia o que pensar, nem o que fazer.

Não consegui abrir a minha boca para falar alguma coisa, apenas acenei para mamãe e corri em direção ao banheiro.

— Senhor, me ajuda! — gritei assim que cheguei ao banheiro e percebi que estava vazio.

Sabia que gritar não diminuiria minha dor e muito menos resolveria o problema, gritar não traria Samantha de volta.

Gritar não a faria estar aqui para cuidar de Austin, mas no momento, foi tudo o que consegui fazer. Eu sempre gostei de pensar que era forte e foi quando percebi que o tempo todo estava enganada, eu nunca fui forte. Eu não estava sabendo lidar com aquilo, foi tudo inesperado e devastador.

Eu nunca mais a veria, nunca mais escutaria a sua voz, nunca mais a abraçaria, Samantha tinha partido e agora só me restavam as lembranças.

— Manuela, meu amor! — mamãe, entrou no banheiro.

O Milagre [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora