Capítulo 22.

2.8K 304 51
                                    

Eu fiquei totalmente assustada ao vê-la daquela maneira, mas não hesitei em deixá-la entrar e pedi para que mamãe nos deixasse um pouco a sós. Assim que ela subiu as escadas, me sentei ao lado de Sam no sofá.

— Estamos sozinhas, pode falar. O que aconteceu? — perguntei, Samantha parecia mais calma.

— Manu... — disse, lentamente. — Presta atenção, — pausou, e olhou para baixo. — minha menstruação, está atrasada. — concluiu, e pude ver uma lágrima pingar o chão.

Ai, não.. — pensei, apreensiva.

— Quanto tempo ela está atrasada?

— Três dias. — respondeu firme.

Eu não entendia muito sobre o assunto, é claro que já foi explicado sobre isso no colégio e que minha mãe falou comigo. Mas mesmo que o atraso fosse preocupante, havia dias em que a menstruação realmente atrasava e não era nada. O caso agora era diferente, eles tinham tido relações sem camisinha, mesmo que ela não soubesse disso ainda.

— Eu deveria te tranqüilizar, dizendo que alguns atrasos normais, até comigo acontece às vezes e bom, eu nunca fiz nada. — falei, meio confusa. Estava me atrapalhando nas palavras, não sabia exatamente o que dizer, àquilo nunca havia acontecido com nenhuma amiga minha. — Mas eu devo te contar uma coisa. — conclui, segundos após.

Samantha olhou rapidamente em minha direção. — O quê? — perguntou.

Decidi contar com calma sobre tudo o que Thomas havia me contado, Samantha estava perplexa, ouviu tudo o que falei enquanto olhava para o nada. Parecia até que ela nem estava ali.

— Sam? — chamei-a.

Eu não poderia ficar muito tempo com ela pois tinha prova e minha mãe tinha que trabalhar, por sorte nosso café da manhã tinha sido rápido e ainda teria quinze minutos.

— Sam? — insisti, ela nem ao menos me olhava. — Eu sei como está se sentindo, sei como deve estar sendo difícil. Eu na verdade, nem sei se consigo imaginar...

— Não, Manuela. — falou, interrompendo-me. — Você não sabe o que estou sentindo. — falou, voltando seu olhar para mim. — Você nunca vai poder saber o que estou sentindo, muito menos agora. — concluiu.

— Justo.. — sussurrei, e pousei minha mão em seu ombro. — Mas Deus sabe como você está se sentindo. Ele pode te ajudar a sair disso, Ele vai te ajudar a melhorar. — conclui.

— Deus? — perguntou, e as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. — Qual Deus? Aquele que deixou que tudo isso acontecesse? Aquele que deixou minha vida virar de cabeça para baixo? Olhe onde eu vim parar! No fundo do poço, e nossa, obrigado Deus! — exclamou, parecia indignada.

Samantha como sempre, estava questionando à Deus. Não era a primeira vez que ela tinha um problema e o questionava dessa forma, ela sempre o culpava por tudo e não via, que o erro era dela.

— Samantha, me desculpe mas.. — pausei, tirando minha mão de seu ombro. — Deus não tem culpa de você ter se deitado com o Peter. — conclui, e seu olhar pareceu transbordar ódio.

As palavras poderiam parecer duras, mas era a verdade. Não era certo ela sempre agir do mesmo jeito, como se Deus tivesse a culpa de tudo. Sei que nada acontece em nossa vida sem a permissão de Deus, mas ela chegou onde está agora, depois de muitos erros que cometeu.

— Está jogando na minha cara que me deitei com ele? — perguntou, se levantando.

— Não, Samantha! — exclamei, levantando-me em seguida. — Você sabe que eu nunca faria isso! Mas você não pode, toda vez que cometer um erro, culpar nosso Deus. Quantas vezes nós te alertamos? — questionei-a. — Quantas vezes seu pai e sua mãe te disseram que aquele namorado não era certo pra você? Eles te disseram que ele iria te machucar, eles te alertaram e você não se importou. Eles pediram para você não se envolver com ele, mas você fez o que quis, e deu no que deu, ele traiu você e por consequência disso, você bebeu, Samantha! Você se embriagou, e você sabia que isso era errado. Depois disso, você se deitou com o Peter. Deus te alertou desde o início, Samantha. Você apenas não quis ouvir. — conclui.

O Milagre [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora