Capítulo 35.

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— Como assim, mãe? — perguntei, levantando o tom de voz. Estava ficando completamente alterada. — Ela só tem sete meses de gravidez, não pode estar em trabalho de parto! — exclamei, deixando as lágrimas virem à tona.

— Manuela, por favor, fica calma. — pediu, pacientemente.

— Mãe, quem te disse isso? Só pode ser mentira!

— Manuela, a mãe dela acabou de falar. Eles estão no hospital, precisamos ir vê-los. — mamãe se levantou e foi até a cozinha, onde encheu um copo de água e colocou açúcar. — Bebe um pouco, você precisa se acalmar.

— Eu não quero. — disse, em meio as lágrimas. — Preciso ir vê-la. — busquei minha bolsa no sofá e assim que a peguei, mamãe segurou meu braço.

— Manu, meu amor.. Presta atenção. Olha como você está, os Miller's não estão em um bom momento agora, você precisa manter a calma. Se você aparecer lá dessa maneira, não vai ajudar em nada, você vai colocá-los mais nervosos do que já estão.

— Mãe, como você quer que eu fique? — questionei-a. — Eu preciso ir vê-la já.

Não conseguia pensar direito e nem impedir que as lágrimas rolassem uma atrás da outra, não acreditava que aquilo podia estar acontecendo. Havia visto Samantha no dia anterior, como pode de um dia para o outro tudo desabar dessa maneira?

— Manuela, não. Primeiro se acalma, minha filha. Por favor, estou te pedindo. A melhor coisa que você pode fazer agora é subir até seu quarto e orar por ela, e pelo bebê. — aconselhou.

Eu não conseguia parar de chorar, minhas mãos estavam trêmulas, então mamãe fez com que eu me sentasse no sofá e tomasse toda a água com açúcar que ela tinha preparado. Minha cabeça estava à mil, tentando entender o porquê.

— Os pais delam te disseram alguma coisa? Não falaram o que ocasionou isso? — questionei-a, logo depois de me acalmar um pouco.

— Não. Só disseram que quando chegássemos no hospital, eles explicariam melhor.

— Eu vou subir e fazer uma oração. — falei, me levantando.

— Tá bom.

Subi ao quarto assim como disse que faria, ajoelhei-me em frente à minha cama e juntei minhas mãos em oração, quando abaixei minha cabeça, novamente as lágrimas começaram a descer e minha voz estava embargada, mas mesmo assim, iniciei a minha oração, tive bastante dificuldade, pois me faltavam palavras, porém, consegui terminá-la.

Sentei-me na cama por um momento, minha cabeça girava, eu não conseguia entender o porquê tudo aquilo estava acontecendo. Tudo o que eu queria era ir vê-la, mas como eu poderia ir daquela forma em que eu estava? O pior de tudo, é que eu não conseguia me acalmar. Mamãe entrou no quarto e sentou-se ao meu lado em silêncio.

— Pode chorar.. — ela sussurrou, então imediatamente deitei minha cabeça em seu colo, deixando as lágrimas rolarem até seu vestido. — O Senhor está com ela, minha filha. Precisa confiar e ficar calma, sei que é difícil, mas você precisa. Precisamos ir ver os pais dela e o Barry, eles não estão nada bem. — concluiu.

O tempo inteiro eu só conseguia pensar em minha dor, esquecendo o quanto os Miller's e Barry estavam sofrendo.

— Você está certa. — limpei minhas lágrimas, sentando-me novamente na cama. — Eu vou me acalmar para irmos, precisamos vê-los.

— Vou pegar minha bolsa e as chaves do carro.

Suspirei profundamente assim que mamãe saiu, meus olhos lacrimejavam mas não deixei que nenhuma lágrima rolasse. Eu precisava ser forte.

O Milagre [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora