Capítulo 39.

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Manuela POV's

Meses se passaram, já estávamos em outubro. Meus pais estavam há cinco meses em coma e eu os visitava todos os dias, nunca deixava de ir vê-los. Os médicos já me conheciam, sabiam a hora que eu chegaria e a hora que eu iria sair, cheguei a fazer amizade com algumas enfermeiras.

Não vou dizer que está sendo fácil porque não é. Há cada dia fica mais difícil ficar sem eles, a casa está completamente vazia e sem graça. Mas continuo seguindo em frente, não permito ficar abalada, muitas vezes eu choro de madrugada mas o Senhor me conforta.

Minha vida mudou muito depois do primeiro mês dos meus pais naquele hospital, achei melhor trancar a faculdade, então, não estudo mais, pelo menos por enquanto. Encontrei um trabalho em uma livraria cristã bem pertinho de casa, e desde então, meu tempo está corrido.

Quando sinto que minhas forças estão se esgotando, me fortaleço nas palavras do Senhor. Quando vejo que tudo está ficando mais difícil para suportar, eu leio a bíblia, faço uma oração e até decido louvar um pouco, mas nunca permito-me fraquejar e desistir.

E bom, Austin estava super bem. Saiu do hospital depois de três semanas internado, agora já era um bebê sapeca e muito risonho. Do contrário do que pensamos, Austin não ficou com Peter mas sim com os pais de Sam. Peter ia vê-lo todos os dias e ele realmente o amava.

Claire e Julian estavam felizes juntos, o que me deixava muito contente. Julian ia à minha casa praticamente todos os dias, também íamos bastante ao hospital juntos, ele estava me dando muito apoio. Nunca falávamos de Thomas, era como um assunto proíbido.

Já fazia meses que eu não tinha notícias de Thomas e também não perguntava à ninguém sobre ele. Pensava nele todos os dias, e ainda me fazia muita falta, mas não sofria mais tanto quanto antes. A lembrança do que ele fez já não me machucava tanto.

Eu trabalhava das 9am às 5pm de segunda à sexta-feira, ao sair do trabalho, todos os dias vou direto ao hospital visitar meus pais e o que me sobra na noite, ou eu fico em casa, ou vou visitar o Austin. Às vezes saio com Julian e Claire, ou até mesmo com Grace.

Gostava do meu trabalho, era tranquilo e em um ambiente que eu amava, era ótimo vender livros que falavam sobre o Senhor. Mas não vou mentir em dizer que me sentia um tanto cansada, então, preferia os finais de semana, onde eu podia descansar e ir à igreja.

Depois de uma semana longa, enfim era sábado, acordei cedo, fiz minha oração e tomei meu banho, então desci para preparar meu café da manhã. Quando tudo ficou pronto, me sentei na mesa e ataquei as panquecas, mas a campainha tocou um pouco depois.

— Julian! Entra. — falei ao abrir a porta e dei passagem para que ele entrasse.

— Bom dia, Manu.

— Bom dia, — fechei a porta e voltei novamente a mesa. — servido? — perguntei, oferecendo o café da manhã.

— Não, obrigado. Já comi. — sorriu, sentando-se ao meu lado na mesa.

— Eu só vou terminar de comer e já podemos ir.

— Sem pressa.

Julian e eu íamos ao hospital ver meus pais. Recentemente eles recebiam muitas visitas, irmãos da igreja, amigos do trabalho, e principalmente meus amigos. Sempre que iam vê-los independente de quem fosse visitá-los, faziam questão de fazer uma oração.

Há um mês foi um dos meus momentos mais difíceis desde então, um dos médicos me disse que pelo tempo que eles estavam de coma, seria muito difícil que meus pais acordassem, fiquei triste com aquelas palavras mas não deixei que aquilo diminuísse minha fé.

O Milagre [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora