Capítulo 28.

2.6K 287 111
                                    

Não conseguia pensar direito, muito menos assimilar tudo o que Thomas havia acabado de fazer, o que me deixava tão nervosa, e fazia com que eu sentisse aquelas famosas borboletas no estômago.

Tudo o que eu queria era beijá-lo, abracá-lo, tê-lo perto de mim. Mas ao mesmo tempo eu ainda podia sentir meu coração machucado com todas as palavras que ele havia dito no sábado, e ainda me magoava.

— Eu.. — falei, enquanto me afastava dele. — Não entendo porque faz isso, não entendo o porque me diz todas aquelas coisas e agora está aqui, dizendo que me ama e não quer me perder, quando você disse que não poderíamos ficar juntos. — conclui, sentindo meus olhos lacrimejarem.

— Manuela..

— Agora é minha vez de falar, Thomas. — interrompo-o. — Você me magoou, e não foi pouco, acima de tudo eu não guardo raiva e nem rancor, sabe? Eu não consigo sentir nenhum sentimento negativo em relação à você porque eu te amo, e não amo pouco. Mas eu simplesmente já não sei mais quem você é, eu te vi dizer tudo aquilo pra mim e depois cair no chão com Peter, trocando socos.. Agora você está aqui na minha frente, no sábado você era uma pessoa, no domingo você era outra e na segunda, outra pessoa e assim vai. Eu nunca sei quem você vai ser, e isso é uma das certezas que preciso ter, Thomas.. Eu preciso ir dormir sabendo o que vou encontrar no dia seguinte e não temer encontrar alguém diferente, porque isso me machuca. — conclui, deixando que uma lágrima rolasse.

Só Deus sabia o quanto dizer todas aquelas palavras me machucou, mas eu tinha que dizê-las, eu precisava soltar tudo o que estava preso em mim, tudo o que meu coração tentava suportar. Eu simplesmente não conseguia entender o porque ele fazia àquilo tudo, me sentia tão confusa e perdida como nunca antes.

— Eu entendo você. — falou firme, abaixando a cabeça e começando a fitar o chão. — O que eu fiz não foi legal, eu sei que magoei você, mas eu nunca quis fazer isso, Manuela. — suspirou, voltando a me olhar. — Eu nunca quis te machucar, eu nunca quis acabar com nossa relação, tem um motivo pelo qual eu fiz isso tudo. — finalizou.

— Então me diz qual motivo foi esse, qual motivo foi maior do que nosso amor, do que meus sentimentos, do que tudo o que nós passamos! — exclamei.

— Eu só queria proteger você, saiba disso. Eu nunca pensei em mim, nem em minha dor, mas eu te coloquei em primeiro lugar porque eu me importo com você mais do que me importo comigo mesmo. — pausou, direcionando o olhar para o sofá. — Melhor se sentar. — concluiu.

Fui até o sofá, onde me sentei e Thomas se sentou ao meu lado. Foi então que ele começou a contar uma história, e no início, eu não estava entendendo nada, mas assim que passei a entender, não sabia se me sentia aliviada ou angustiada. Por um lado, eu sentia que realmente, Thomas não havia me deixado por falta de amor, ou porquê queria me deixar, mas por que de alguma forma, ele realmente precisou. Mas por outro lado, eu ainda me sentia mal e é como se eu já não o conhecesse mais, na verdade, minha cabeça não poderia estar mais confusa. Eu tentava entender tudo o que ele dizia sobre Peter, àquilo me parecia tão surreal, eu estava indignada e acima de tudo, muito chateada.

— Foi isso tudo que aconteceu.. Eu, eu sei que é difícil para entender, mas foi tudo verdade, tudo isso aconteceu. Você não pode imaginar como me senti, eu só queria te proteger, eu só consegui pensar em você. Eu conheço ele, o conheço como ninguém mais, eu sabia do que ele era capaz de fazer com você... Eu não podia deixar que ele tivesse o poder de te machucar. — finalizou, logo após de toda a história que havia sido bem longa.

Enxuguei minhas lágrimas, quais já haviam descido ao decorrer da história. — Ele não podia me machucar.. Mas você sim? — perguntei, deixando que outra lágrima rolasse. — Eu entendo você, mas eu acho que nada do que ele pudesse fazer, seria mais doloroso pra mim que as suas palavras. — pausei, dando um leve suspiro. — Talvez eu esteja errada, porque sei que não o conheço como você. Eu amo você, Thomas. Essa é a única certeza que eu tenho, mas antes eu preciso saber se você já tem certeza de quem você é. Antes eu preciso saber que amanhã você não vai estar diferente, eu preciso saber que você vai ser o mesmo e acho que só o tempo vai me dizer isso. — conclui.

O Milagre [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora