Seis

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Parece que o fim de semana vôo rápido. Termino de arrumar minha mochila para amanhã e sento na cama. Resumidamente não tenho muito o que fazer. Levanto minha blusa de manga comprida e analiso meus pulsos. Assim que ouço passos na escada escondo.

– Tina... – minha mãe abre a porta –
tem um amigo seu aí.

– Amigo? – Andrew passa pela minha cabeça, ele não pode me atormenta na minha própria casa – Quem?

– Ele disse que era...– ela parece bem mais surpresa que eu – Zayn.

– Zayn?– levanto da cama – Você tem certeza?

– Bom... – ela se aproxima – Ele está aí em baixo.

– Tá – Tento desenrolar meus cabelos – Eu já desço.

– Tudo bem – ela saí.

Mas o que ele está fazendo aqui? Como ele ao menos sabe aonde eu moro? Pego uma escova de cabelo e passo no meu cabelo fazendo com que ele fique pior em aparência. Olho nos espelho e me analiso, não sei o porquê de fazer isso. Desço as escadas, meus olhos vão direto ao Zayn. Ele está sentado ao lado da minha mãe visivelmente desconfortável vestido com um moleton azul claro e calça preta enquanto meu avô está na cadeira de rodas meio a sala vendo uma espécie de roda da fortuna na TV.

– Oi – falo sem jeito – Desculpa a demora eu estava bom... Eu.

– Tudo bem – ele abre um sorriso que faz meu coração acelerar e levanta do sofá – Eu vim te entregar.

– Ah – pego os gibis que estavam nas suas mãos – Podia entregar amanhã sem problemas.

– Alex... – vovô balbucia.

– Sim vovô – seguro seu ombro pela cadeira de rodas – São do Alex.

– Eu achei que você gostaria de ter eles o quanto antes – ele põe as mãos no bolso da camisa de moletom – Bom...Vou indo.

– Fique para o jantar – minha mãe fica em pé.

– Fique – falo quando vejo que ele estava preparado para dizer não – Quer dizer, se você não estiver ocupado.

– Claro – ele sorri sem jeito – seria um prazer.

– Que tal subirem? – olho em repreensão para minha mãe – Preciso terminar o jantar e a roda da fortuna que seu avô vê não é um atrativo.

– Tá bom – pressiono os gibis contra o corpo – vamos?

Zayn apenas afirma um sim leve com a cabeça. Subo as escadas e o estalar da madeira atrás de mim me faz perceber que sim isso é verdade, sinto seu perfume pela escada abafada e velha. Chegamos ao meu quarto e abro a porta tentando não tropeçar, até mesmo esqueci como ando. Ponho os gibis em uma das prateleiras e viro vendo o Zayn um tanto desajeitado na porta do quarto. Seus olhos percorrem meu aglomerado de coisas nesse lugar minúsculo. Ele enfim entra e se aproxima do meu quadro de fotos, fecho uma das gavetas escondendo minhas lâminas de refúgio.

– Esse é o Alex? – ele aponta uma foto do meu irmão.

– É sim – me aproximo – E esses três do lados são meus primos.

– Vocês se parecem – ele me olha e abre um sorriso.

– Todos dizem... – sento na cama – tem irmãos?

– Irmãs – ele senta ao meu lado na cama – Mas não moram comigo, moro com amigos da família então elas não poderiam vim.

– Por que mora com amigos? – inclino mais meu corpo cruzando as pernas e ficando mais a sua frente enquanto ele permanece do mesmo jeito – Senti falta delas?

– Vim de outra cidade, digamos que não era mais bem vindo lá. Tinha amigos aqui e eles me abrigaram – seus olhos se perdem – Sinto muita falta delas.

– Sinto muito – seguro seu braço mas afasto – Quer dizer...

– Tudo bem – ele rir – Sua família é bem legal.

– É eles são – olho a foto do Alex – Sinto muita falta do meu irmão também mas ele decidiu ficar no Brasil então – dou de ombros.

– E você? - ele segura minha mão e tento não suspirar alto – Por que veio?

– Estava atrás de algo novo – o analiso por um segundo – Mas no fim, não foi bem assim.

– Eu... – ele segura meus dois braços e afasto rápido pela dor dos cortes recém abertos – Desculpe – ele fala atordoado.

– Não é sua culpa – choro – não é.

– Tina o que houve? – ele está bem assustado.

Seguro as lágrimas e então faço o improvável. Levanto minhas mangas e o mostro meus cortes ele segura meus braços com delicadeza e analisa. Choro por fazer isso, choro por mostra minhas fraquezas.

– Não conte a ninguém – abaixo as mangas – me prometa?

– Eu...– o vejo gaguejar – prometo.

– Vamos descer – levanto e enxugo o rosto.

Assim que tento passar pela porta ele segura meus braços calmante e me aconchega em um abraço. Meu corpo toca o seu então fecho os olhos. Por um segundo me perco ali mesmo. Ergo meus braços e toco seu rosto, seus olhos se fecham e então me aproximo mais.

– Tina – ouço minha mãe gritar e me afasto – Seu pai chegou e o jantar está pronto.

Olho para o Zayn que me acompanha saindo do quarto. Apresento ele ao meu pai e então nos arrumamos na pequena mesa de jantar sem nem um assunto aparente.

Apenas por querer| ZOnde histórias criam vida. Descubra agora