Dezesseis

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Algo sempre me disse para não confiar, no entanto eu confiei. Fui burra a esse ponto de confiar nele.

– Posso explicar – seus olhos estão perdidos.

– Explicar? Explicar que você traiu minha confiança. Pode começar então! – cruzo os braços pois nem mesmo tenho força para sustentalos.

– Tina está todo mundo olhando... Vamos para um lugar mais calmo – ele se aproxima mais me afasto.

– Quer saber? Cala a boca. Chega! – isso soa mais alto que pensei – Você traiu minha confiança da forma mais baixa.

– Eu não quis fazer isso. Você me conhece Tina. Me conhece melhor que qualquer um – seu corpo se aproxima do meu.

– Não eu não conheço – dói falar desse jeito. Dói tanto! – Suma da minha vida... Você já fez estrago demais.

Saio dali quase deixando meu coração. Nos dois primeiros passos que dei pensei que desabaria. Todos me olham nada que eu já não tenha me acostumado. Entro na biblioteca que poucas vezes venho e corro até o último dos corredores. E me sento ali no chão úmido. O meu pior medo era que minha mãe descobrisse tudo isso. Ela já tem tantos problemas, não merece se envolver na minha vida de alma fodida. Vejo Andrew se aproximar, era só isso que faltava.

– Paz! – ele se aproxima – Vi a briga.

– Gostou? – abraço os joelhos – Se certificou que todos também gostaram?

– Não gostei não Tina – ele senta ao meu lado e meu corpo se afasta um pouco – Ele realmente gosta de você sabia?

– Não ele não gosta – suspiro.

– Gosta – seus olhos me encaram – Eu conheço o Zayn desde que tínhamos 4 anos de idade. Viemos praticamente juntos para a cidade depois que...

– Depois que? – me interesso no assunto.

– O Zayn tem uma vida realmente fodida, mais do que possa imaginar – seus olhos parecem perdidos.

– Eu... – não consigo formar nenhuma frase.

– Dê uma chance a ele Tina. Você precisa conhecer o Zayn que eu conheço – ele levanta – Não seja a idiota de sempre Tinica.

Vejo o Andrew sair e reflito sobre tudo. Que loucura toda é essa em que um minuto atrás não queria nem o vê pintado e agora estou prestes a o procurar por entre os corredores.

(...)

Por mas que diga que não procurei o Zayn durante todas as aulas e intervalos eu realmente fiz. Pela primeira vez na vida o Andrew parecia verdadeiro e falar do Zayn como ele falou me causou sensações de medo e preocupação. Chego em casa e minha mãe me olha de cima a baixo como se me analisasse mais uma vez como fez a noite anterior. Seus olhos quando viram meus pulsos foi algo que não quero vê nunca mais.

– O que você falou para o Zayn realmente? – me aproximo da mesa aonde ela faz as contas do mês – Por favor sem mentiras.

– Esse garoto não é para você Tina – seu olhar autoritário já me assustou algum dia. Não mais! – Você sabe que merece alguém melhor.

– O que falou para ele? – tento me concentrar em não gritar.

– Que ele precisa se afastar – suas mãos tocam meu braço mas me afasto – Você está diferente desde aquele dia que você saiu da festa. Vem sendo mais... – ela parece procurar as palavras.

– Mais feliz? – falo bem baixo – Mãe eu preciso viver.

– Querida... Eu sou sua mãe e talvez veja as coisas por fora que você não vê – suas mãos pousam no topo da minha cabeça e alisam os fios de cabelo.

– Tudo bem... – a abraço.

Poucas vezes na vida a abracei e ele parece surpresa com meu ato. Sem falar muita coisa subo até meu quarto. Pego meu celular por diversas vezes mas não consigo sequer olhar seu número do ecrã do celular. Levanto minha blusa e analiso o pequeno desenho exótico na costela. Ele me fez fazer isso. Na realidade eu que quis mas além do significado dos cortes ela também de alguma maneira me lembra ele.

(...)

Fazem três dias desde que vi o Zayn pela última vez. Ele simplesmente não está em nenhuma das aulas, no pátio ou em lugar nenhum. Por diversas vezes pensei em perguntar ao Andrew o que realmente aconteceu mas essa parece uma ideia estúpida olhando pelo lado que eu pedi que ele se afastasse. Mas isso não me impede de pensar nele todos os dias quando estou presa no quarto ou até mesmo no chão gelado do banheiro da escola colando meu café da manhã por privada a baixo. Até o simples trocar de roupa me lembra ele, pela tatuagem e pela falta que meu corpo sente do seu toque. Liguei uma vez para ele durante esse tempo e minha chamada foi direto para caixa de mensagens. O sinal anuncia o começo de mais uma aula e fecho o armário indo em direção mais uma vez ao banheiro. Preciso me sentir leve.

(...)

As aulas terminaram mais tarde que o comum hoje. Tendo como motivo a reunião com alunos sobre a formatura daqui a 6 meses. Guardo minha coisas no armário e um cheiro leve de nicotina me faz perceber que estou com companhia.

– O que quer? – olho para o Andrew e volto a arrumar o armário.

– Andou falando com o Zayn? – ele olha para os lados analisando se alguém observou que ele conversa com a estranha da escola.

– Eu iria te fazer a mesma pergunta – viro para ele e analiso sua feição preocupada – Ele não veio as aulas, não atende o celular.

– Ele gosta de fazer isso as vezes mas...Talvez você devesse ir atrás dele sabe? – ele põe as mãos dentro do bolso.

– Eu não sei aonde ele mora – pressiono os livros contra o peito.

– Rua 45 perto da loja de cd's que ele trabalha. Casa 56, se ele não estiver em casa procure na loja – ele saí.

Me causa estranheza ter conversas com Andrew dessa maneira. Mas quando o assunto é o Zayn nós dois vamos trégua a tudo isso.

Atualização de carnaval... GOSTO!

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