Apenas por querer| Z

Onze

O cheiro de mofo invade minhas narinas. A casa está bem deteriorada, parece mais antiga que imaginei vista de fora. Zayn parece em outra dimensão, como se depois que tivesse falado com aquela Meredith ele não estivesse mais aqui. Senti uma ligação vinda dos dois, algo que realmente me deixou incomodada.

– Tudo bem?– Falo meio sem jeito.

– Esse lugar me trás lembranças – sinto seu toque no meu rosto – Umas boas... Outras nem tanto – Sua voz saí falhada.

– Por que me trouxe aqui?– meus olhos se perdem nos seus.

– Por que... – o vejo se afastar – Você estava certa.

– Certa?– estou bem confusa – sobre o que?

– Sobre aquela aposta... – Ele fala apoiado em uma lareira um pouco deteriorada – Eu e Andrew... Nós armamos isso.

– O que? – meus olhos enchem de lágrima – Eu não...

– Não Tina não é o que está pensando – ele segura meus braços e me afasto –Tentamos fazer isso mas... Você descobriu praticamente no primeiro dia e eu... eu não quis me afastar de você desde então. Eu não sei o que está havendo, só sei que eu não quis mais aquela aposta tudo que fiz por você foi por que eu realmente quis. Tina, você é incrível, só você me acalma quando tudo em minha volta me irrita. Eu adoro está ao seu lado. Depois de tudo que aconteceu comigo ter você é o que mais quero agora.

Minhas pernas parecem cravar no chão. Não consigo nem mesmo raciocinar o que acabei de ouvir. Estou feliz mas meu corpo parece não compreender isso. Me afasto mais um pouco e apoio minhas costas na parede. Deslizo por ela e logo estou sentada no chão. Zayn está no mesmo lugar, nem ele parece acreditar no que disse. Seus olhos cravam nos meus e ele se aproxima sentando ao meu lado.

– Me desculpe Tina...– suas mãos pousam no seu joelho – Me desculpe por ser um idiota.

– Você é um idiota – falo baixo – Mas foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida – me inclino e deito sobre seu colo.

– Quando vi seus cortes – a tensão na sua voz é evidente – Me dei conta de quão idiota eu e Andrew somos.

– Tem uma diferença – levanto e fico sentada novamente ao seu lado – Você quer mudar. Andrew nem pensa nisso.

– Eu sei – sinto o ar quente vindo da sua boca no meu pescoço – Obrigado por isso.

Meus lábios encontram os seus. Nossas línguas brincam de uma forma intensa. Sua mão pressiona minha cintura e um frio na espinha me invade. Pareço planar nas nuvens. É uma forma tão intensa, parece revigorante. Ter esse tipo de relação com alguém é novidade, até por que nunca fiz nada parecido antes. Seguro seus cabelos e com uma rapidez passo minhas pernas em volta do seu tronco. Me equilibro no seu colo e suspiro alto.

– Não – levanto – É que... Está tarde.

– Qual é Tina? – ele levanta e desabotoa os três primeiros botões da camisa – Vai ser bom.

– Não Zayn – o afasto – Eu não... Nunca.

– Você nunca? – faço que sim com a cabeça e ele abotoa a camisa rápido – Eu não sabia, desculpe.

– Como você saberia não é? – aliso minha blusa.

– É – ele se aproxima da porta – Vamos?

– Sim – passo por ele.

Chego no carro e a porta não abre. Zayn se põe logo atrás de mim e puxa a porta soltando que ela está com defeito. Me sento e junto meus joelhos nervosa. Ele entra então começa a dirigir. O olho de vez em quando e analiso seu maxilar flexionado e seus olhos piscando como se estivesse atordoada. Ele se mexe de um lado pro outro. Acho que estraguei tudo com a minha covardia.

– Tudo bem? – ele diz que sim com a cabeça – Sério?

– Sim – ele diz seco.

Volto a analisar a janela e vejo a paisagem humida passar por ela. Olho pro Zayn de vez em quando ele não está nem um pouco calmo. Deposito minha mão na sua perna e ele me olha com um sorriso de lado.

– Que dom é esse? – ele solta um suspiro – Você me acalma quando o mundo está desabando lá fora.

– Isso é bom? – pressiono mais sua perna.

– Muito bom... – ele agora sorrir.

O trajeto inteiro foi feito em um silêncio agradável. Assim que o carro dele para na frente da minha casa vejo uma ambulância parada. Sem mesmo que o carro pare eu desço correndo. Vejo dois homens segurando uma maca com meu avô. Corro mas não me deixam chegar perto. Minha mãe me abraça e diz que tudo vai ficar bem. Ela me solta e entra dentro da ambulância. Vejo ela ganhar velocidade na rua e um braço me puxa. Amo esse abraço, o cheiro de nicotina mais uma vez invade minhas narinas. Zayn consegue me acalmar quando todos fazem ao contrário, ele também tem esse poder sobre mim.

– Ele... – mal consigo formar a frase – Ele não pode morrer – encharco seu peito com lágrimas.

– Vai ficar tudo bem – ele entrelaça as mãos nos meus cabelos – Prometo.

Seguro seu rosto e deposito um beijo no seu rosto. Ele realmente está aqui e isso é extremamente importante.

Voltei huahua ❤