Oito

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– Pode me deixar aqui – falo sem jeito dentro do carro – Se verem você frente a porta de casa vão falar.

– Tá bom – ele para o carro a uma quadra de casa – O que vai fazer no feriado?

– Ah o feriado – nem mesmo lembrava que o feriado seria amanhã – Na verdade tenho que ajudar a minha mãe em uma festa.

– Ah, tudo bem – ele bate os dedos contra o volante.

– Obrigada pela carona – tiro o sinto – E me desculpe fazer você perder as aulas.

– Perder aulas é o meu menor problema – ele volta a fazer o silêncio que fez o trajeto inteiro – Então tchau.

Dou um sorriso sem jeito e abro a porta do carro. Assim que começo e andar ouço o barulho do carro indo embora. Caminho rápido por entre as poças de água formadas. Assim que entro em casa meu avô me olha e peço para ele fazer silêncio pois se minha mãe me visse molhada surtaria.

– Ela não está – ele diz em dificuldade.

– Ela está resolvendo a festa não é mesmo? – me aproximo da sua cadeira e lhe dou um beijo no rosto distante para não o molhar – Vou trocar de roupa e fazer um mingau de aveia para nós dois e prepare a roda da fortuna para vermos.

Subo as escadas rapidamente que estalam com meu peso. Assim que chego no quarto tiro minhas roupas molhadas, meus pulsos estão vermelhos creio que quase inflamando. Joga água boricada e ponho outra roupa quentinha. Assim que desço vejo que meu avô já até mesmo pois na roda da fortuna e abro um sorriso o analisando. Corro até a cozinha e faço um mingau para nós dois. Pouco tempo depois de termos comido minha mãe chega e joga uma roupa em cima de mim no sofá da sala.

– O que é isso? – desdobro a roupa –Uniforme? Vou mesmo ter que usar isso?

– Vamos lá Tina, você sabe que preciso da sua ajuda – ela tira os saltos – você precisa usar amanhã.

– Tudo bem – Dobro o tradicional uniforme de garçom – Mas se eu terminar derrubando algo amanhã à culpa não é minha.

– Já comeram? – Vovô e eu fazemos que sim com a cabeça – Tina meu amor você parece diferente.

Ela  saí e sobe as escadas, abro o sorriso com a lembrança de mais cedo e me jogo de volta no sofá. Vovô analisa tudo e falo para ele ficar em silêncio.

(...)

Já são 7 da noite e terminamos de arrumar as mesas do local. Eu já visto meu uniforme ridículo.
Assim que começam chegar pessoas minha mãe me dá o trabalho de servi a comida. Peço a todos os Deuses para que não me deixe derrubar um grão de arroz sequer. As pessoas são bem educadas. Pelo que entendi é uma festa de família, uns conversam ali outros lá. Alguns me pedem bebida então trago até eles. Uma senhora diz que sou bem bonita e que não deveria está ali, deveria mesmo ser namorada de um dos seus netos. Fico vermelha com o comentário e agradeço voltando ao trabalho. Todos estão bem vestidos, parece realmente uma família de posse grande. Assim que um senhor anuncia o primeiro discurso todos os garçons se retiram do salão e então os sigo para perto dos balcões de bebida. Meus pés doem com o pequeno salto do uniforme tudo que queria mesmo era tira- los mas acho que não gostariam de uma garçonete descalça andando por aí. O primeiro discurso é encerrado e então todos aplaudem, faço mensão em aplaudir mas Trinnar uma das garçonetes diz que não devemos fazer isso. Então rapidamente recolho a mão. As grandes portas do fundo do salão  são abertas, por conta de algum convidado atrasado. Volto a minha atenção ao palco enquanto uma linda senhora começa o seu discurso.

– Qual a bebida mais forte que vocês têm? – ouço a voz e olho para o lado por cima do balcão e o bar man mostra uma garrafa de whisky para o Zayn, o que ele faz aqui ? – Uma dose por favor.

– Zayn?– minha voz saí baixa ele nem mesmo me nota.

Ele pega o copo de bebida e vai até uma das mesas cumprimentado a senhora que me elogiou a pouco tempo

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Ele pega o copo de bebida e vai até uma das mesas cumprimentado a senhora que me elogiou a pouco tempo. Meus olhos seguem cada passo seu. A senhora aponta para mim que olho para os lados, Zayn olha a minha direção e abre um lindo sorriso. Ele está realmente lindo, seu terno azul contrasta com os demais. Sua barba está feita e mesmo de longe posso afirma que deve está com um cheiro divino. Dou um tchau a sua direção e então ele de aproxima. Não consigo esconder o quanto estou tensa por o vê.

– Minha tia avó acabou de me jogar pra cima de você – ele fica ao meu lado na fileira de garçons – Ela disse que você é bem bonita e preciso desencalhar. Na verdade ela está certa, você é linda – ele da um gole na bebida e nem mesmo consigo o olhar – O que faz na festa da minha família fodida?

– Eu não sabia que era sua família e não fale assim deles – Agora o olho – Eles parecem ótimos.

– Se você soubesse o que sei não acharia isso – ele solta o copo no balcão com força e o seguro para não cair – Não fale o que não sabe.

Zayn saí do meu lado e anda por entre as mesas se sentando na principal. Tento ir ao seu encontro mas lembro que não posso sair do lugar. A senhora que agora sei que é sua tia avó me analisa e me pergunta o que houve pelo o olhar então dou de ombros relevando que nem mesmo eu sei.

– Temos um convidado ilustre – um senhor sobe ao palco e fala no microfone – Zayn suba aqui, meu filho.

Muitas pessoas aplaudem e o vejo subir bem sem jeito no palco o senhor fala algo no seu ouvido e então ele rir visivelmente irritado. Os garçons já comentam o seu comportamento assim como os demais que cochicham também. Minha mãe fica ao meu lado e pergunta se é o Zayn aquele no palco é eu claramente digo sim. Minhas mãos soam por algum motivo. Minhas pernas estão fracas o analiso de toda a maneira.

– Olá linda familia – ele está sendo irônico – Sei que vocês não me suportam... – seu pai tenta tirar o microfone da sua mão mas ele arranca do pedestal fazendo um enorme barulho e se afastando –  Meu pai preparou um discurso lindo. Sim ele se deu ao trabalho. Eu poderia o falar agora, é isso que ele quer. Ele realmente espera isso – o vejo apontar para o pai – Ele sempre acha que pode me mandar... Todos sabemos que nossa  família é externamente fodida. E que eu sou o culpado por isso, apenas eu e ninguém mais. Bom, querida família espero que curtam sua festa de merda e de falsidade. E não finjam que por um segundo as importam comigo. Passar bem.

Zayn joga o microfone no chão e desce as escadas. Ele pega um copo de bebida de uma das mesas e vira na boca. O salão inteiro fica em silêncio e o acompanho pelo olhar. O vejo se aproximar de mim e me estende a mão. A seguro e o olho.

– Vem comigo – o ouço suspira – por favor.

Tiro meu avental e o acompanho até a saída quase correndo. Minha mãe grita meu nome e então então entro no seu carro e ele da a partida.

Apenas por querer| ZOnde histórias criam vida. Descubra agora