Capítulo 35 - Provável ameaça

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Estava exausto por conta do treino preparatório pra grande final do campeonato. Elizabeth insistiu que o visitasse depois, mas Hannah a convenceu na ajuda da compra das cartolinas e cola para cartazes da divulgação da festa de Halloween. Visitar Andrew era o mínimo que podia fazer naquele momento. Bati na porta sendo aberta por Lousie, a garotinha de oito anos usando um vestido rodado e cabelos escuros. Ela era linda, diferente do irmão idiota.

– Oi capitão Nathan! Meu irmão está lá no quarto dele...

– Tudo bem com você?

– Ah sim, tirando as reclamações do Andrew.. Ele odeia sopa...

Ela saiu saltitando até a geladeira e no caminho vi seu panda de pelúcia no chão e o peguei vendo seu esforço pra abrir a garrafa de suco.

– Acho que você esqueceu seu amigo no chão!

A entreguei destampando a garrafa e com um sorriso tímido ela me agradeceu.

– Quem está aí Lou? – Andrew se esforçou pra gritar –

– É o capitão! Ele está conversando comigo!

– Da pra falar pra ele subir então sua chata?!

Louise bufou revirando os olhos me fazendo estranhamente me lembrar de Hannah.

– Eu vou lá, você sabe que ele me ama e sente ciúmes por você ser muito, muito mais legal e fofa.

Dei um leve aperto na sua bochecha a fazendo sorri até seus olhinhos de apertarem. Empurrando a porta Andrew estava deitado na cama procurando algo na televisão com indícios aparentes de gripe forte: o nariz vermelho escorrendo, os olhos apertados e o pijama ridículo.

– A princesa está de repouso?!

– Eu queria sair daqui e socar sua cara mas parece que um trator passou em cima de mim! Ouviu essa voz escrota? Uma merda de faringite!

– Para de frescura, você não vai morrer...

Virei a cadeira ao contrário, sentando as pernas abertas apoiando meus braços no encosto.

– Estou tomando um antibiótico e outro remédio horrível... Foi uma péssima ideia...

– O que? – arqueei uma sobrancelha sugestivo – não! Você está zoando! Esse foi o preço da sua fantasia sexual?

Comecei a gargalhar vendo a expressão fechada dele e em seguida uma careta de "espirro a caminho". Liberando todas as bactérias internas Andrew arrancou mais um lencinho secando o nariz.

– Foi uma das melhores transas se quer saber!

– Não estou duvidando disso, mas a temperatura do chuveiro tinha que ser fria? Foi um choque térmico no corpo de vocês! Não sei como Liza não está gripada!

– É... Espero me recuperar pro jogo final... Vai ser uma porra de ficar no banco...

– O que disse pro médico? "Ohhh eu transei com minha namorada no chuveiro, com a água fria escorrendo entre nós enquanto do ela gemia meu nome!" – gargalhei o vendo afundar no meio do edredom revirando os olhos –

– Filho da puta. Agora é sério, te chamei pra conversar, porque é verdade... Sabe os comentários de que o pai de Erick foi assassinado?

Ele levantou pegando o jornal jogando pra que visse pequena notícia com a foto da vítima.

– Aqui só conta que foi um tiro fatal no peito, e não há pistas dos criminosos. Porque estamos brincando de detetive com a vida de um cara que não me importo?

– Nathan, o pai do Erick era um maldito apostador nesses jogos de azar e a dívida foi paga com o sangue do próprio!

– Andrew, eu não tenho nenhuma dúvida, onde você quer chegar com isso?

– A mãe dele entrou num estado de loucura. Viu Erick esses dias na escola?!

– Não. Ele deve estar de luto... – falei indiferente –

– Se entupindo de drogas! Porra... É pior que imaginava...

– Ok... Chega de teorias conspiratórias, isso é o coquetel de remédios que você está tomando – neguei com a cabeça jogando as folhas de jornal em cima da cama levantando –

– Nathan da pra me ouvir só dessa vez? Ele é uma ameaça silenciosa! Se causou mal sóbrio, não acha que ficando chapado não vai querer extravasar?

– Foda-se. Se ele cruzar meu caminho novamente, quem é capaz de uma loucura, sou eu.

Travei a mandíbula num tom ameaçador estranhei por aquela resposta sair tão fria. Segurei a maçaneta mas voltei pra dar um breve abraço em Andrew.

– Melhoras cara. Tem que estar de pé pro último jogo!

– Posso entrar Andrew?

– Não pirralha! Já disse que aqui é zona restrita pra você!

Virei pra Andrew fazendo uma careta e abri a porta vendo Louise segurar alguns gizes de cera. A peguei no colo a chacoalhando ouvindo sua risada.

– Deveria tratá-la melhor seu idiota. Ela é muito mais cativante.

– Teatro. Essa garota é um monstrinho com cabelos compridos! Tem noção que ela passou vaselina na maçaneta do meu quarto?

– Você é um bobo! Ele tinha quebrado minha boneca!

– Mandou bem Lou! – espalmei a mão pra hi-fi estalado –

– Nath! – ela disse meu apelido de forma expontânea e carinhosa fazendo sorrir – quero te mostrar meus desenhos!

– Tudo bem!

Caminhei até a porta vendo Andrew revirar os olhos secando o nariz com um aceno me despedi. A coloquei no chão e automaticamente Louise segurou minha mão me guiando mais rápido pra entrar no seu quarto que tinha um agradável cheiro de amoras silvestres e um grande tapete felpudo lilás com vários lápis de cor e folhas espalhadas.

– Aqui minhas obras!

Sentei cruzando as pernas pegando as folhas enquanto continuava concentrada terminando de colorir.
O primeiro desenho era uma sereia sentada sobre seu golfinho de estimação. Uma árvore cheia pássaros vermelhos e azuis. Ela realmente desenhava bem, com traços firmes e leves, encaixando as cores corretamente.

– Lou, seus desenhos são lindos!

– Obrigada Nathan. Olha esse daqui.

Era o clássico desenho com príncipe princesa apaixonados, que em que talvez todas as garotas, pelo menos uma vez na vida fizeram antes dos dez anos de fizeram.

– Acredita em contos de fadas?

– Sim! E você?

– Acredito que as pessoas podem escrever uma história feliz tão quanto essas, independente de qualquer diferença.

– Fiz esse desenho pra você!

Com um sorriso torto observei minha representação com o uniforme do time com Andrew do meu lado com Liza e
Hannah com uma camiseta rosa.

– Conhece a minha namorada?

– Ahh não, Drew me mostrou uma foto de vocês e ela também é linda!

– Posso ficar com isso? – balancei a folha a dobrando –

– É seu!

Dando um beijo demorado na sua bochecha a puxei a erguendo em meus braços como se pudesse fazê-la voar. Às vezes no final do dia, também só queria voltar a fazer um desenho sem me preocupar com problemas futuros.

Jogada ImperfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora