Olhei na tela do celular sem nenhuma mensagem. Mas as vezes, naquele mesmo horário lembrava dos áudios baixinhos e a risada estranha porém inconfundível, que Hannah mandava que escutava repetidamente. Balancei a cabeça tentando me livrar dos pensamentos e acabei bebendo o último gole de uísque.
Não a culpo por não ser empática todas as vezes que falava do ex. Me contava tão animada das vezes que saiam que eu tinha apenas que interpretar meu papel de amigo e dizer apenas pra ela levar a porra do casaco. Pra ser realista ficava mal, jogando Call of Duty atirando nos soldados imaginando que Erick fosse um deles. Não era uma vingança pessoal, era só o destino me dando uma chance de conhecer alguém legal.
Havia uma probabilidade de Hannah nunca ter sequer pensado em gostar de mim de outra maneira, mais que amigo. Mas a conexão que eu sentia era além disso, algo vindo da alma, algo exclusivo que sentia por ela.
Porque na amizade sempre vai existir um amor puro, daqueles que realmente nada, absolutamente nada, vai afetar isso. A não ser que se transforme em amor, onde há uma linha tênue.Porra
Girei o copo na mesa e olhei no ambiente encontrando uma garota de ao fundo bebendo algo com morango olhando maliciosa pra mim enquanto a amiga falava. Retribui e olhei no visor do celular novamente. E logo depois uma mensagem de Mellanie apareceu.
Estou a caminho 😉
Entrei em uma rua errada, não fuja de mim!
22:13 ✅✅Bloquei o celular agora prestando atenção na música do ambiente que era ótima. Uma melodia com sax e trompetes que faziam a música se tornar envolvente.
– Olá, mais uma dose?
A garçonete bonita com os cabelos ruivos em rabo de cavalo aparentava ter uns vinte anos apareceu equilibrando a bandeja com prática e uma flanela pra limpar a água do gelo, observei seu anel de compromisso e tatuagem de rosa com a palavra "Fé" em itálico no pulso. Sua entonação era cansada e suas olheiras denunciavam isso. Apenas assenti com a cabeça e ela retirou três cubos de gelo de outro copo da bandeja e encheu meu copo até a metade.
– Você é nova aqui?
– Ah, não, já faz oito meses.
– E gosta de trabalhar aqui?
Ela se abaixou cuidadosamente e falou mais baixo pra que só eu escutasse
– A música é ótima mas eu odeio, meu namorado odeia, minha mãe não sabe porque morreu e meu pai é um bêbado perdido. Irônico não?!
– Caramba, eu sinto muito...
Fiz uma expressão de assustado e culpado por ter perguntado. O silêncio ficou um pouco constrangedor. Ela passou a flanela na mesa retirando a marca circular de água.
– Não, tudo bem, não sinta, você parece diferente desses caras que aparecem por aqui. Alguns vem pra procurar uma transa rápida, chorar por que traíram suas esposas, outros só pela bebida, mas estou te observando de longe não com segundas intenções, por favor – ela deu eu risinho e eu cruzei os braços sob a mesa ouvindo-a – sei que está esperando por alguém só que parece estar pensando em outra pessoa...
– É uma longa história... Mas é verdade, ultimamente penso na minha amiga, porque tive que me afastar dela.
– Olha, sei que eu não a melhor conselheira, e nem tenho paciência pra isso, só que cara, meu namorado não desistiu de mim nem mesmo quando entrei pra trabalhar nesse inferno, ele tem também trabalha num bar a dois quarteirões daqui e insiste pra que eu tente algo melhor, e eu só fico por conta do dinheiro pra nos manter. Seu tipo de garota nunca vai frequentar um desses posso apostar!
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Jogada Imperfeita
Storie d'amore| LIVRO 1 | ❝Porque na amizade sempre vai existir um amor puro, daqueles que realmente nada, absolutamente nada, vai afetar isso. A não ser que se transforme em amor, onde há uma linha tênue.❞ Enquanto o último ano do ensino médio não termina, o jog...