Capítulo 1

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Tia Sara
Hoje é segunda-feira. O dia que mais odeio da semana, é o dia que estou mole do fim-de-semana, o qual ainda questiono quando é que irei ter daqueles fins-de-semana com direito a spa e um gin. Ainda são 10:00 e a minha querida sobrinha ainda continua a dormir. Ela é tão querida e não tem a noção do quanto preciso dela. Infelizmente a Ana tem andando muito cansada do trabalho que fazemos na quinta; não é nada fácil verificar se todos os animais já comeram, se ainda têm água, se algum irá reproduzir-se, e o pior de tudo, as tarefas de casa que eu tanto dispenso!
Estou muito feliz com uma coisa, o Rei Artur agora dispôs uma lei, a qual, todos os jovens menores de 18 anos, não podem abandonar os estudos, seja por qual motivo for, e graças a isso, a minha querida sobrinha pode voltar aos estudos.

Cada vez que olho para a Ana, fico com uma enorme tristeza. Nem sempre, mas muitas vezes fico. Ela perdeu a minha irmã e o meu cunhado muito cedo; é uma menina muito especial e não consegue ver maldade em lado nenhum; por vezes ainda dá do pouco dinheiro que tem na carteira para ajudar um sem-abrigo qualquer.

Este ano escolar está-me a deixar preocupada por um lado. A minha sobrinha não tem roupa nova há imenso tempo devido a não termos dinheiro nenhum, a casa que habitamos é dos pais dela, e infelizmente precisa de obras; material novo e não pudemos comprar porque não há dinheiro. Já ouvi tantos desabafos da minha sobrinha em que era gozada por não ter roupas adequadas...não quero que seja mais um ano em sofrimento.

Continuo a andar aqui, pelo jardim que temos à frente da porta principal, até que aparece o carteiro. Eu sei que ele tem que entregar cartas, mas às vezes faz uns comentários ou observações completamente absurdas. Há dias que inspiro e conto até dez, para não ser indelicada com ele.

- Mrs. Sara, hoje tenho correspondência para sim e para a sua sobrinha! – Disse o carteiro.

- Espere um bocadinho! Eu vou abrir o portão. – Fui até ao portão e o abri para o carteiro puder entrar.

- Obrigado Mrs. Sara! – Disse o carteiro e entrou para me entregar a correspondência existente. – Tem aqui seis cartas ao todo, três são do Reino e duas são de correspondência anónima.

- Obrigada pela informação. – Respondi. – E para a minha sobrinha? O que aí tem?

- Para a sua sobrinha tenho uma carta do banco do reino. – O meu coração de repente começou a bater muito rápido, só espero que não sejam mais dividas. – Quer que rasgue a carta? – Sorriu maliciosamente.

- Mas você está doido? – Perguntei intrigada. – Claro que não pode nem vai rasgar! Eu só questionei por curiosidade, agora pode ir antes que vá buscar uma vassoura!

- Até um dia Mrs.Sara – Disse o carteiro. – Ah! E uma observação, agora já sei o motivo de estar sem marido, é devido à sua ruindade.

- Insolente! – Disse.

Uma pessoa já não pode fazer uma pergunta normal, que aquele homem tem logo que fazer determinadas observações! "Quer que rasgue?", "Agora já sei o motivo de estar sem marido é devido à sua ruindade". Caiu-me tão mal.

De repente, ouço alguém a fazer barulho e quando olho para trás vinha a minha sobrinha a correr para os meus braços.

- Tia! – Disse a Ana correndo para os meus braços. – Eu ouvi tudo o que aquele carteiro disse, não ligue! Você é maravilhosa.

- Bom dia minha querida! – Disse com um sorriso. – Obrigada por alegrares mais um dia cinzento.

- E mais uma coisa, eu sei que você não gosta que eu venha a correr, mas pensei que precisaria de um abraço meu depois do que aquele homem disse.

O meu namorado é um Príncipe - 1°LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora