Sempre fui obcecado por ficção, principalmente aquelas em que seres mitológicos existiam. Comecei minhas viagens literárias em Julio Verne, passei por Lewis, Tolkien, Rowling e, recentemente, venerava a genialidade de Riordan.
Todos esses livros fizeram parte de minha infância e colaboraram para que as ideias loucas que eu tinha em relação à existência desses seres, ainda mais as sereias, tomassem forma.
Usei todo o tipo de informação que tinha e agradecia a Rick Riordan por ter decodificado grande parte dos mitos antigos e transformado em uma linguagem simples, pois Homero era um excelente escritor, um contador de histórias sem igual, mas um péssimo GPS.
Não era só a linguagem de seus contos que era difícil, a cronologia e a localização geográfica eram péssimas, o que me deixava totalmente perdido em meio à Grécia.
Estava há duas semanas no país e tinha visitado mais ilhas do que podia contar. Para ajudar, meu dinheiro estava indo por água abaixo e alugar um barco para fazer as pesquisas, manter o hotel e as refeições estava ficando bem difícil.
Eu precisava mesmo arrumar um emprego e um lugar mais barato para morar, já que pedir dinheiro para minha mãe estava fora de questão.
Eu ainda não havia criado coragem para contar a ela que eu tinha desistido da bolsa para a pós graduação no melhor centro de pesquisa marinha do mundo, eu tentava pensar em algo que não soasse tão ruim quanto "ei, mãe, desisti da carreira para correr atrás de sereias", mas nada vinha à minha cabeça.
O problema é que arrumar um emprego significava ter menos tempo para procurar. Só o que me restava era procurar uma saída menos prejudicial, já que desistir depois de tão pouco tempo não era uma opção.
No início da noite, eu já estava totalmente exausto, como me sentia todos os dias depois de percorrer grandes áreas de barco e andar inúmeros quilômetros por ilhas desabitadas, mas que os escritores afirmavam de alguma forma tinha alguma ligação com sereias.
Me olhei no espelho e encontrei o corpo mais magro e totalmente bronzeado que agora aparecia em meu reflexo, além das olheiras que não me deixavam e alguns machucados que consegui nos períodos de exploração. E diferente do que deveria fazer, por conta de toda a minha situação, eu sorri.
Eu devia mesmo ser muito louco, mas conhecer os corais e as espécies marinhas do lugar que era berço da civilização era uma experiência tão enriquecedora que eu não conseguia me deixar abalar pelos problemas. Além do mais, eu nunca me senti tão próximo de meu objetivo.
Vagava pela cidade em busca de um lugar para jantar que fosse acessível o suficiente para meu bolso e estava atravessando a rua quando vi um cartaz preso a um dos postes de iluminação: temos vaga para mergulhador-guia.
Caminhei ainda mais rápido em direção ao local e descolei o cartaz da parede para que pudesse ler melhor. Aparentemente era um dos barcos que realizava passeios turísticos e precisavam de um guia para realizar os mergulhos.
Guardei o papel no bolso e sorri animado, eu poderia até me dar ao luxo de ter um jantar mais decente, porque eu realmente não conseguia acreditar em minha própria sorte.
Para meu estranhamento, o endereço constante no cartaz era o do píer central e tudo só piorou muito quando percebi que o barco ao qual o cartaz se referia era o menor e mais antigo ali. Tinha Argo pintado e descascado no casco e eu só não tive uma crise de riso porque estava assustado demais com a imagem de um gordinho loiro puxando com dificuldade uma das cordas que prendiam o barco.
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Mermaid - Larry Stylinson
FantasyPara Louis não bastava contrariar toda a ciência mundial e ser taxado como um cientista louco. Não bastava ter deixado toda a família e uma carreira para trás para viver no litoral da Grécia visitando pequenas e perigosas ilhas desabitadas. O destin...