Sempre deixarei que me guie

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Os dias na ilha seguiam calmos. As novas instalações de Liam haviam feito muito sucesso, principalmente para Niall que queria saber como tudo funcionava e passava o dia todo atrás de Liam fazendo mil perguntas que eram prontamente atendidas.

Liam ficou muito chocado quando o teste de gravidez que comprou deu positivo, repetiu inúmeras vezes que não era possível enquanto eu dizia que às vezes um pouco de fé era bom.

Com o tempo, a barriga de Harry ficou levemente aparente e não precisávamos só da fé para comprovar o óbvio.

O que me incomodava é que eu não podia fazer um pré-natal para acompanhar a gravidez, eu precisava de fé. E quando se tratava de deuses enfurecidos, eu não sabia se só a minha fé seria suficiente.

Eu queria mais, queria saber como ele era, se tinha uma cauda como Harry ou pernas como eu. Queria saber se estava mesmo ali, se estava bem e se iria ficar bem.

– Por que está tão tenso? – Harry perguntou enquanto estava em meus braços, sentado sob uma árvore, vendo Liam e Niall chutando a água na orla da praia. Niall estava amando as coisas que podia fazer com suas pernas novas graças ao novo amigo que ensinava e explicava tudo pacientemente.

– Estou bem. – Sorri e selei seus lábios.

– Você teve outro sonho, não é? Percebi quando saiu de perto de mim durante a madrugada.

Desde o primeiro sonho, não havia mais uma única noite em que eu podia deitar e dormir em paz, todas as vezes que eu fechava os olhos, as cenas perturbadoras de Harry fugindo de mim se faziam presentes e as vozes e rostos voltavam.

Para colaborar, desde a aparição de Bobby, o que fez muito bem a Niall quando ele descobriu o que tinha acontecido a Maura, a colônia estava em silêncio total.

Estávamos sozinhos, literalmente à deriva, deixamos à própria sorte e ligados ao destino que os deuses planejaram.

A calmaria da ilha não parecia deixar que essas preocupações chegassem aos outros ocupantes dela ou a James que aparecia para noites de cantoria à fogueira. Ele e Niall faziam uma ótima dupla de voz e violão com canções marítimas entoadas por pescadores que narravam o mito das sereias.

Mas, embora eu gostasse da ideia de não preocupar os outros com coisas assim, eu não compartilhava de seus excelentes estados de espírito, estava tenso e preocupado o tempo todo, principalmente ao ir até a costa e ver a recente e ostensiva placa do próximo Santuário Cowell para a vida marinha.

Uma piada que não tinha a menor graça para mim.

– Sonhos são só sonhos, Harry. – Tentei tranquilizá-lo.

– Não quando eles te atormentam por tanto tempo. Aconteceu alguma coisa que não está me contando.

Harry não sabia sobre Simon e eu realmente não achava necessário, Liam já havia pegado algumas informações, era só mais uma filial de pesquisa, mas toda vez que eu olhava a construção, um frio percorria minha espinha.

Minha relação com a fé e as crenças andava abalada, como se minha mente travasse uma batalha entre a racionalidade e tudo o que eu estava vivendo no momento, o que fazia com que eu ficasse vagando entre a certeza de que tudo daria certo porque eu mesmo iria garantir isso e a crença de que se eu pedisse o suficiente, os deuses iriam me atender, porque eu, sozinho, nunca seria o suficiente.

Era uma sensação horrível.

– Vem, você precisa comer alguma coisa e tomar as vitaminas logo depois. – Me levantei e estendi minha mão para ajudá-lo. Eu havia comprado cápsulas de vitamina para garantir que tudo ficaria bem, embora eu soubesse que uma cápsula era ridícula para combater tudo o que poderia acontecer a eles.

Mermaid - Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora