Mermaid - Larry Stylinson

Nós teremos que lutar

O sorriso de Niall e Liam no outro dia era tão grande, que eles não precisaram dizer nada a mim e Harry para que soubéssemos que tinha acontecido. Afinal, nós conhecíamos aquela sensação melhor do que ninguém.

Resolvi dar uma folga a Liam pela manhã, deixando que ele passasse mais tempo ouvindo as batidas do coração de seu bebê, através da casca firme do ovo, muito bem fiscalizado por Niall e suas amoras matinais.

Também aproveitei para fazer alguns exames em Harry, fazendo-o rir sempre que movia o estetoscópio por sua barriga.

– Isso me faz sentir engraçado, dá vontade de rir. – Comentou inocente.

– Chama-se cócegas. – Expliquei divertido.

– Por que isso acontece? – Me olhou curioso.

– Não tenho ideia, acho que é só porque temos algumas áreas mais sensíveis. Tipo essa... – Comecei a fazer cócegas nas laterais de seu corpo, fazendo-o contorcer-se de tanto rir, tanto que sua cauda batia descontroladamente na água, molhando tudo a nossa volta, eu gargalhei junto dele pelo momento.

Só paramos com a brincadeira quando Liam gritou o nome de Niall e meu sentido de proteção e alerta se ascendeu, me fazendo olhar imediatamente para meu amigo, que tinha os olhos fixos no ovo, seguido de perto por Niall.

– A casca trincou. – Liam olhou para seu amado com os olhos marejados. – Eu ouvi quando trincou.

Imediatamente Niall enrolou sua cauda ao ovo como forma de protegê-lo e ampará-lo. Harry agarrou-se às minhas costas para que eu pudesse levá-lo para mais perto.

Ficamos os quatro totalmente absortos naquele momento. Eu já havia visto diversos nascimentos, inclusive o de minhas irmãs, coisa que sempre me orgulhei muito, mas isso parecia ainda mais intenso.

Eu estava testemunhando o nascimento de um ser místico pelo qual eu arrisquei minha própria vida, o torpor tomou conta de todo o meu corpo e olhando para os outros ao meu redor, eu percebi que não era o único.

Harry tinha o queixo encostado ao meu ombro e sorria docemente. Liam tinha lágrimas grossas cobrindo o rosto enquanto sequer piscava, não querendo perder um segundo desse momento. Ele seria um pai incrível.

Niall era quem melhor sabia lidar com o momento, o que me fez imaginar o quanto ele não havia sonhado com isso. Ele parecia maravilhado ao mesmo tempo em que parecia totalmente preparado para receber seu pequeno bebê nos braços. E eu juro que podia ouvir seu coração batendo.

Quando a casca já estava quebrada o suficiente, tive minha visão ofuscada por um brilho lilás perolado. Era real. Ali, vindo ao mundo, havia uma pequena e amável sereia.

Tudo era real. Meus sonhos, minhas fantasias, tudo pelo qual eu lutei desde a primeira vez que pisei no Mediterrâneo estava ganhando vida diante de meus olhos e ela era magnífica.

Eu sentia como se o mundo tivesse acabado de ganhar cores novas, como se tudo fosse possível. Meus piores pesadelos se tornaram insignificantes perto daquele momento, como se nada de ruim existisse e como se até as coisas boas fossem pequenas perto da existência daquele ser.

Senti meu rosto molhado e sorri bobo em meio às lágrimas. Era a sensação mais reconfortante do mundo e ter o calor do corpo do Harry tão próximo fazia tudo ser ainda melhor.

Quando as cascas do ovo caíram, Niall estava pronto para acolher a pequena em sua cauda em uma mistura linda de seu azul cintilante com o lilás perolado de sua filha. Liam soluçou perdido em lágrimas.