– Louis, eu não estou muito certo disso... – James disse receoso. – Pode ser perigoso.
– Se eu puxar uma vez, é porque está tudo bem. – Eu disse segurando a corda que me prendia ao barco. – Mais de uma vez você me puxa, ok? – Ele assentiu, mas eu via o medo em seus olhos.
O melhor é que James ficaria no barco e eu é quem exploraria áreas não mapeadas, e ao contrário do que deveria, ele sentia medo e eu estava totalmente empolgado. Sorri para ele e coloquei a máscara, fiz o sinal de ok característico dos mergulhadores e me joguei no mar.
A água aqui era bem mais escura do que no resto do litoral, o que fez com que eu tivesse de ligar a lanterna para que pudesse ver algo. Mas mesmo sob a luz fraca, a riqueza do lugar me surpreendeu.
Puxei uma vez a corda para informar a James que estava tudo bem, logo depois mergulhei um pouco mais ao fundo, ansioso para explorar. A princípio apenas a popa do navio estava visível, todo o resto estava enterrado na areia, tudo muito antigo e corroído pelo tempo e pela água salgada.
Era tão frágil que o simples fato de tocar em uma das balizas fez com que ela se quebrasse. Mesmo assim eu continuei, adentrando o lugar. O painel da cabine reluzia quando era tocado pela luz da lanterna e quando eu limpei, afastando toda a sujeira, pude ver os detalhes feitos em ouro.
Porém riqueza de uma embarcação como essa não era medida só por todos esses detalhes feitos em ouro, mas apenas por imaginar o quanto isso significava para a história. Me fazia ter vontade de gritar enlouquecido.
Enquanto explorava, sentia como se estivesse sendo observado, o que fazia meu coração bater descompassado. Uma das piores coisas de se respirar ar comprimido por tanto tempo, eram os efeitos que podiam causar em seu cérebro.
Imaginar que estava vendo algo, principalmente com a minha mente fértil, poderia me fazer entrar em desespero, consumir o ar mais rápido ou causar qualquer outro defeito no aparelho. E essa não era uma opção.
Virei para o lado e a lanterna refletiu algo tão verde e reluzente que me cegou por alguns milésimos de segundo. Lembrei-me da sereia que vi há tantos anos e meu coração acelerou. Senti minha respiração pesada e vi que estava perdendo o controle.
Portanto, fechei os olhos e respirei fundo, acalmando-me. Não era hora de surtar.
Já deveria estar ali por muito tempo, pois senti uma puxada forte em minha cintura, o que significava que James já deveria estar apavorado. Puxei uma vez e aguardei para ver se ele tinha percebido e quando não obtive resposta soube que ele havia entendido.
Olhei o relógio em meu pulso e vi que ainda havia vinte minutos de oxigênio, tinha pelo menos mais doze minutos para explorar e ainda sobrasse um tempo razoável para voltar ao barco.
Sai da cabine e fui para o primeiro andar. Havia uma grande mesa no centro e pelo pouco que sabia podia muito bem ser a sala de reuniões dos argonautas. Alguns vidros ainda estavam presos às grandes janelas e as nas paredes haviam resquícios de quadros com a figura dos deuses antigos representados.
Tinha tanto a ser explorado ali que era realmente uma pena que a maior parte estivesse sob a areia. Fui até o fundo e prendi a corda a uma das janelas para que pudesse ficar ali por tempo o suficiente para ver quais eram as possibilidades de começar a tirar a areia e liberar novas partes do navio.
Como havia me prendido à janela, não percebi que James puxava a corda insistentemente, ele já parecia perto do desespero e quando olhei para o relógio em meu pulso, percebi o motivo. Tinha apenas cinco minutos de oxigênio, três a menos do que eu havia planejado.
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Mermaid - Larry Stylinson
FantasyPara Louis não bastava contrariar toda a ciência mundial e ser taxado como um cientista louco. Não bastava ter deixado toda a família e uma carreira para trás para viver no litoral da Grécia visitando pequenas e perigosas ilhas desabitadas. O destin...