O amor faz com que a gente se sinta bem

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Eu estava surtando. Essa era a melhor explicação para meu atual estado de espírito: surto. Já havia repassado mentalmente todos os preparativos para a noite umas vinte vezes e ainda não parecia o suficiente. Eu ainda sentia como se estivesse prestes a cometer o maior pecado da vida.

E estava tudo tão estressante que James me dispensou do serviço. Isso é claro, depois de gritar comigo dezenas vezes para que eu o ajudasse com os turistas e perguntar outras dezenas sobre o que estava me deixando tão disperso, informações essas que eu não podia lhe dar.

Eu gostava de James e sempre seria grato por toda a ajuda que me dava, mas eu não me sentia confortável para falar com ele sobre meus conflitos internos, principalmente quando isso dizia respeito a Harry. Então recorri a outra pessoa. Um amigo íntimo o suficiente para não me fazer sentir um idiota.

O que você estava pensando, Louis? – Ouvi a voz brava de Liam do outro lado do telefone. – Faz semanas que você foi embora e só agora você se dignou a me ligar? – Ele praticamente gritava, o que me fazia afastar o telefone levemente para não correr o risco de ficar surdo. – Sabe o quanto eu fiquei preocupado? Sabe o quanto eu tive que fingir bem quando liguei para sua casa para saber de você e ela começou a me perguntar sobre o nosso trabalho? – Mas ele nem me deu a chance de responder e continuou com seu sermão. – Eu não acredito que não contou para ela! E em que lugar você foi parar? Anda, me diz logo, porque eu estou prestes a ir até você voando e dar na sua cara por quase me enlouquecer!

– Calma, Liam. – Eu tentei fazê-lo para de gritar. – Eu estou bem.

É bom que esteja mesmo, porque eu não estou passando todo esse sofrimento para você me ligar e dizer que está morrendo. Eu espero que você tenha me ligado para dizer que ganhou na loteria e está em uma ilha do Caribe, com uma puta loira gostosa do lado, tomando água de coco. – Comecei a rir. – Você acha engraçado? Eu estou aqui surtando e você está rindo? – Ele disse indignado. – Francamente, Louis...

– Desculpa. – Me forcei a ficar sério. – Acho que nem a minha mãe surtaria desse jeito. – Voltei a rir.

É claro que não, ela não sabe que você virou as costas para a melhor oportunidade da sua vida e sumiu no mundo.

– Ok, sério, me desculpe, eu disse que ia te ligar, mas eu acabei ficando distraído.

O que pode te distrair tanto a ponto de me esquecer? – Havia mágoa em sua voz e eu realmente me senti mal por ele.

– Eu não esqueci, jamais faria isso. Eu só estava em um período de adaptação: país novo, língua nova, trabalho novo.

Espera, em que lugar você está?

– Estou na Grécia.

Está trabalhando em que? Um laboratório? Talvez seja um santuário, lembra como sempre quisemos abrir um santuário para proteger a vida marinha? Aí deve ter vários, já que se trata de uma região tão rica.

– Para sua surpresa, não há nenhum santuário aqui, muito pelo contrário, só tem um bando de turista sujando o mar e fazendo mergulho. Mas seu amigo Simon Cowell quer abrir um laboratório por aqui.

Jura? Essa é nova para mim...

– Imagino que sim. Mas, Liam, eu te liguei por outro motivo. – Senti minhas bochechas esquentarem um pouco. – Preciso de um conselho.

Qual é o problema dessa vez?

– Que horror, assim vai parecer que eu só te procuro quando tenho um problema.

Mermaid - Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora